República Democrática do Afeganistão: diferenças entre revisões

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A '''República Democrática do Afeganistão''' foi um governo do [[Afeganistão]] entre [[1978]] e [[1992]]. Quando uma nova Constituição foi ratificada em [[1987]] no governo do presidente [[Mohammad Najibullah]], o país foi renomeado para [[República do Afeganistão]]. Era ao mesmo tempo ideologicamente próximo e economicamente dependente da [[União Soviética]], e foi um beligerante principal da [[Guerra Civil do Afeganistão|Guerra Civil Afegã]].<ref>Afghanistan: Politics, Economics, and Society: Revolution, Resistance, Intervention; page 128</ref> Após o colapso do regime[[Estado comunista]] em Cabul, a guerra civil afegã se intensifica.
 
A '''República Democrática do Afeganistão''' foi um governo do [[Afeganistão]] entre [[1978]] e [[1992]]. Quando uma nova Constituição foi ratificada em [[1987]] no governo do presidente [[Mohammad Najibullah]], o país foi renomeado para [[República do Afeganistão]]. Era ao mesmo tempo ideologicamente próximo e economicamente dependente da [[União Soviética]], e foi um beligerante principal da [[Guerra Civil do Afeganistão|Guerra Civil Afegã]].<ref>Afghanistan: Politics, Economics, and Society: Revolution, Resistance, Intervention; page 128</ref> Após o colapso do regime comunista em Cabul, a guerra civil afegã se intensifica.
 
== Antecedentes ==
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== História ==
 
O PDPA, dividido entre as facções Khalq e os Parcham, sucedeu ao regime de Daoud, formando um novo governo sob a liderança de [[Nur Muhammad Taraki]], da facção Khalq. Em [[Cabul]], o gabinete inicial parecia ter sido cuidadosamente construído de modo a atribuir os cargos de maneira alternada, aos Khalqis e aos Parchamis. Assim, Taraki (Khalqi) era o [[primeiro-ministro]], Karmal (Parchami) era o vice-primeiro-ministro, e [[Hafizullah Amin]] (Khalqi) era o [[Ministro das Relações Exteriores]].
 
Uma vez no poder, o partido implementou uma agenda [[socialista]]. Proclamou um [[estado ateísta]] <ref>{{Citar web |url=http://www.vfw.org/resources/levelxmagazine/0203_Soviet-Afghan%20War.pdf |titulo=The Soviet-Afghan War:Breaking the Hammer & Sickle |acessodata=2012-02-03 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20060718225045/http://www.vfw.org/resources/levelxmagazine/0203_Soviet-Afghan%20War.pdf |arquivodata=2006-07-18 |urlmorta=yes }}</ref> e empreendeu uma [[reforma agrária]] mal planejada, que não foi compreendida pelos afegãos. Além disso, mandou para as prisões, torturou ou matou milhares de membros da elite tradicional, do clero e da ''[[intelligentsia]]''.<ref name=autogenerated1>{{Citar web |url=http://www.historyofnations.net/asia/afghanistan.html |titulo=History of Afghanistan |acessodata=2012-02-03 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20130503092634/http://www.historyofnations.net/asia/afghanistan.html |arquivodata=2013-05-03 |urlmorta=yes }}</ref>
 
[[Image:Day after Saur revolution.JPG|thumb|left|28 de Abril de 1978, um dia depois da [[Revolução de Saur]] em [[Kabul]]]]
 
Os novos governantes também proibiram a [[usura]],<ref name=autogenerated4>''[[Biblioteca do Congresso|Library of Congress]] Country Studies'' [http://lcweb2.loc.gov/cgi-bin/query/r?frd/cstdy:@field(DOCID+af0028) Afghanistan. Communism, Rebellion, and Soviet Intervention].</ref> fizeram várias declarações sobre [[direitos das mulheres]], igualdade entre os sexos e introduziram as mulheres na vida política. A maioria da população nas cidades, incluindo Cabul, viu a alteração com boas vindas ou eram ambivalentes em relação a essas políticas. No entanto, a [[secularismo|natureza secular]] do governo tornou-se impopular entre os afegãos mais religiosos e conservadores das aldeias e do campo, favoráveis às restrições islâmicas tradicionais no tocante aos direitos das mulheres e aos modos de vida. A oposição tornou-se particularmente pronunciada após a [[invasão soviética do Afeganistão|ocupação da União Soviética do país]] no final de dezembro de [[1979]]. Havia o temor de que o governo pró-[[soviético]] estivesse em perigo e pudesse ser derrubado por forças [[mujahidin]].
 
Os [[Estados Unidos]] viram na situação uma oportunidade privilegiada para enfraquecer a [[União Soviética]], e o movimento essencialmente sinalizou o fim da [[Détente|Era de Distensão]], iniciada pelo ex-[[secretário de Estado]] [[Henry Kissinger]]. Em [[1978]], os Estados Unidos começaram então a treinar insurgentes e dirigir transmissões de [[propaganda]] para Afeganistão a partir do [[Paquistão]].<ref>Tim Weiner, ''Blank Check: The Pentagon’s Black Budget'' (Warner Books, New York, 1990), p. 149.</ref> Em seguida, no início de [[1979]], os oficiais de serviço diplomático norte-americano começaram a reunir líderes insurgentes estrangeiros para determinar as suas necessidades.<ref>Conforme telegramas confidenciais do [[Departamento de Estado]], que estavam entre os documentos encontrados na tomada da embaixada dos Estados Unidos em [[Teerã]], em 4 de novembro de 1979, posteriormente publicados sob o título ''Documents from the Den of Espionage''; vol. 29, p. 99.</ref> De acordo com o então Secretário de Estado dos EUA, [[Zbigniew Brzezinski]], a ajuda da [[CIA]] aos insurgentes no Afeganistão foi aprovada em julho de 1979, seis meses antes da invasão soviética.<ref>Vincent Javert, 'Interview with Brzezinski', (''Le Nouvel Observateur'', Paris, 15–21 Janeiro de 1998), p. 76.</ref> Brzezinski afirmou que a ajuda aos insurgentes, iniciada sob a administração de [[Jimmy Carter]], tinha a intenção de provocar a intervenção soviética e foi significativamente impulsionada sob a administração de [[Ronald Reagan]], que estava empenhado em reverter a influência soviética no [[Terceiro Mundo]].
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{{Ver artigo principal|Invasão soviética do Afeganistão}}
 
[[Ficheiro:SovietafghanwarTanksHelicopters.jpg|thumb|left|200px|Forças soviéticas terrestres em ação durante a realização de uma operação ofensiva contra a resistência islâmica, o Mujahideen.]]
 
O [[Exército Vermelho]] invadiu o Afeganistão em [[25 de dezembro]] de [[1979]], no ano seguinte ao [[golpe de Estado]] [[comunismo|comunista]], com o objetivo de derrubar o Presidente [[Hafizullah Amin]], considerado incapaz de enfrentar os rebeldes ''[[mujahidin]]'' e cuja lealdade à [[União Soviética]] havia sido posta em dúvida. Executado por ordem de um "Comitê Central Revolucionário Afegão" (embora possivelmente tenha sido morto durante o assalto dos ''[[Spetsnaz]]'' ao palácio presidencial, conhecida como [[Operação Shtorm-333|Operação ''Shtorm''-333]]), Amin foi substituído por [[Babrak Karmal]]. A União Soviética justificou a necessidade da intervenção com o argumento de preservar o regime[[Estado comunista]] afegão dos ataques dos ''mujahidin'' e de manter a paz na [[Ásia Central]]. Alguns observadores acrescentam que outro motivo pode ter sido a presença de [[petróleo]] na região, num momento em que a [[Revolução Iraniana]] provocava o [[Crise do petróleo|segundo choque do petróleo]].
 
Em dezembro de 1979, tropas soviéticas tomaram diversas cidades afegãs, enquanto que forças aerotransportadas ocupavam áreas urbanas e aeródromos no centro do país.
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Quanto aos direitos das mulheres, o regime socialista concedida permissão para não usar véu, aboliu o dote, promoveu a integração das mulheres ao trabalho (245 000 trabalhadores e 40% dos médicos são mulheres) e alfabetização (feminino é reduzida de 98% para 75%, 60% do corpo docente da Universidade de Cabul eram mulheres, 440 000 mais mulheres que trabalham na educação e 80 000 participaram da campanha de alfabetização), 14 bem como a vida política. Decreto n º 7 de 17 out 1978 deu às mulheres direitos iguais aos dos homens. 15 O período da República Democrática foram as mulheres mais profissionais estavam no Afeganistão.<ref>[http://home.comcast.net/~platypus1919/hallidayfred_afghanwar1980_NLR11502.pdf ''War and Revolution in Afghanistan'', by Fred Halliday.]</ref><ref>[http://www.insumisos.com/diplo/NODE/3073.HTM ''¿Una guerra por las afganas?'', Christine Delphy.]</ref>
 
A taxa de mortalidade de crianças menores de 5 anos diminuiu de 380 em 1960 para 300 em 1988, 80% da população urbana pode acessar serviços de saúde, 63% das crianças carregam o ano escolar em 1985 - 87, a expectativa de vida de 33 anos em 1960 para 42 em 1988. Centenas de milhares de pessoas foram alfabetizadas. Aumentou em 50% o número de médicos, dobrou o total de leitos, foram criados para os jardins de infância pela primeira vez e casas de repouso para os trabalhadores.
 
Foi realizada uma aplicação da rede de cura, mesmo em regiões rurais remotas. O acesso aos cuidados de saúde era gratuito e os medicamentos são vendidos a preços acessíveis, e para os mais pobres, os medicamentos são entregues gratuitamente.<ref name=prof />
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Com a ajuda da União Soviética no setor estatal da economia, foram construídos cerca de 200 empresas que fornecem o grosso da produção global. Entre elas estão as usinas hidrelétricas e Puli-Humri Naghlu, fábrica de fertilizantes de nitrogênio em Mazar-i-Sharif, uma empresa de panificação e casas fabricadas em Kabul.10
 
Com créditos da [[Checoslováquia]] foi criada uma linha de trólebus em Cabul, equipada minas de carvão e construída uma fábrica de cimento em Herat. Com os da Bulgária , construída um galinheiro, as explorações de ovinos e de seda, construíram uma empresa de aves, produtos lácteos, tijolo e curtimento e duas empresas para o setor pesqueiro. A Alemanha Oriental participou da criação de uma central telefônica automática em Cabul, que estabeleceu as linhas de comunicação e a ampliação do sistema de fornecimento de electricidade em várias cidades. A Hungria participou da construção de uma empresa farmacêutica.
 
No início dos anos 80, o volume de comércio entre o Afeganistão e o Japão aumentaram 33% e ambos os países criaram comercial conjunta empresa Nichi-afegã limitada . Ao mesmo tempo, o comércio com a Índia aumentou em 50%. A guerra civil causou graves danos para a economia afegã. Somente até 1985 o número de perdas foi de 35 bilhões de afegãos.