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Denomina-se '''reteté''' o ritual religioso recorrente em certas denominações pentecostais brasileiras, em especial em igrejas situadas nas periferias de grandes cidades da [[Região Sudeste]]. Os cultos de reteté caracterizam-se pela música sincopada, de letras simples e repetitivas, ao som das quais é permitido aos fiéis expressar livremente sua alegria, que consideram proveniente do [[Espírito Santo]]. Expressões comuns de êxtase incluem a [[glossolalia]], deitar-se no chão, pular, rir e, em especial, girar em torno do próprio corpo em alta velocidade.
 
A origens do reteté são incertas, havendo quem defenda que a forma como o transe extático se expressa nesses cultos seria resultado da penetração de práticas afro-brasileiras nos cultos pentecostais<ref>GUERREIRO, C. S. A gira do reteté: um estudo sobre cultos pentecostais brasileiros. Dissertação (mestrado). Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Guarulhos, 2016.</ref>. Outros, no entanto, aduzem que a prática seria um aprofundamento naturalespontâneo da tendência pentecostal ao êxtase, condicionado pela expressividade das culturas periféricas das cidades brasileiras<ref>LOTT, F. Z. O trabalho dos pastores de igrejas pentecostais não-denominacionais. Dissertação (mestrado). Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2018.</ref>. Seja qual for sua origem, a prática do reteté (embora nem sempre conhecido por esse nome) remonta aos primórdios da implantação do pentecostalismo no Brasil, sendo notada sua semelhança a práticas populares de origem africana desde, pelo menos, 1940 <ref>Guerreiro (2016, p. 159) </ref>.
 
O reteté tem, em tempos recentes, despertado considerável interesse acadêmico, por ser um testemunho único da adaptação do culto pentecostal à realidade cultural brasileira <ref>PEREIRA, R. S. G. "Deixa o menino rodar, pô": o carisma reteté numa igreja pentecostal da periferia. in: Debates do NER, Porto Alegre, ano 19, n. 36, dez./ago. 2019.</ref>. Apesar disso, a prática enfrenta resistência de setores mais ortodoxos do movimento protestante, havendo quem a comparasse à ''feitiçaria e ao baixo espiritismo''<ref>Guerreiro (2016, p. 160) </ref>.