Inquisição: diferenças entre revisões

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Os julgamentos inquisitoriais pouco tinham a ver com a justiça. A aceitação de testemunhas de acusação suspeitas, a ocultação da sua identidade ao réu, os boatos e denúncias anónimas aceites como factos provados, o papel de figurante do advogado de defesa quando este existia, o uso da tortura, são a "perversão sistemática e metódica" dos conceitos mais básicos dum julgamento judicial. A inquisição nunca absolvia de facto um acusado, apenas o libertava por falta de suficientes provas. Em qualquer momento o processo poderia ser reaberto após novas denúncias.{{sfn|Saraiva|2001|p=61-63}} O frade franciscano [[Bernard Delicieux]], adversário e vítima dos inquisidores, declarou, na presença do rei Filipe IV de França e da sua corte, que se [[São Pedro]] e [[São Paulo]] fossem acusados de "adorar" hereges e fossem processados à maneira da Inquisição, não teriam defesa possível.{{sfn|Lea|1888|p=450}}
 
Nos manuais e registos de julgamentos Inquisitorialinquisitoriais encontram-se habituais descrições dos Inquisidores como pacientes, caridosos benfeitores, vítimas, por assim dizer, da teimosia dos acusados, que eles tentam "salvar".{{sfn|Saraiva|2001|p=61-63}}
 
Além dos vivos, a Inquisição também julgou os mortos. Julgamentos póstumos obrigavam a desenterrar os falecidos, e os seus restos eram queimados na fogueira. A inquisição era paciente. Os bens deixados pelo morto eram confiscados dos seus herdeiros.{{sfn|Thomsett|2010|p=67, 170}}{{sfn|Burman|1984|p=60-62}}