Omayra Sánchez: diferenças entre revisões

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{{candidato a destaque}}
{{Info/Biografia
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|morte_data = {{nowrap|{{morte|lang=br|16|11|1985|28|8|1972}}}}
|morte_local = [[Armero]], Colômbia
|causa_morte = Morta pela [[Tragédia de Armero|erupção vulcânica]] do vulcão Nevado del Ruiz
|residência =
|nacionalidade = {{COLn|a}}
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== Contexto ==
{{AP|Tragédia de Armero}}
Em 13 de novembro de 1985, o [[Nevado del Ruiz|vulcão Nevado del Ruiz]] entrou em erupção. Às 21h09 daquela noite, [[Fluxo piroclástico|fluxos piroclásticos]] explodindo da cratera derreteram a calota glacial da montanha, formando [[laharslahar]]s (fluxos de lama vulcânica e fluxos de detritos) que caíram em cascata nos vales dos rios abaixo. Um lahar, composto por três ondas, causou a maior parte do dano. Viajando a 6 metros por segundo, a primeira onda envolveu a maior parte da cidade de [[Armero]], matando até 20 mil pessoas; as duas últimas ondas enfraqueceram os edifícios. Outro lahar matou 1.800 pessoas nas proximidades de [[Chinchiná, (Caldas)|Chinchiná]].<ref>{{Harvnb|Martí|Ernst|2005|p=291}}</ref> No total, cerca de 23 mil pessoas foram mortas e 13 aldeias, além de Armero, foram destruídas.<ref name="MWJ">{{Citar jornal |titulo=Rescuers in Colombia refuse to give up hunt for survivors |data=18 de novembro de 1985 |website=[[Milwaukee Journal]]}}</ref>
[[Ficheiro:Armero_aftermath_Marso.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|Anteriormente no centro desta área, a cidade de [[Armero]] foi soterrada por grossos fluxos de lama vulcânica em 1985.]]
 
A perda de vidas foi exacerbada pela falha das autoridades em tomar medidas preventivas dispendiosas na ausência de sinais claros de perigo iminente.<ref name="Fielding">{{Citar web |ultimo=Fielding |primeiro=Emma |url=http://www.bbc.co.uk/science/horizon/2001/volcanohelltrans.shtml |titulo=Volcano Hell Transcript |acessodata=3 de setembro de 2008 |website=[[BBC Television]] |publicado=[[BBC]]}}</ref> Não ocorrera nenhuma erupção substancial do vulcão desde 1845, o que contribuiu para a complacência do governo; os habitantes locais chamavam o vulcão de "Leão Adormecido".<ref>{{Citar jornal |url=http://news.bbc.co.uk/onthisday/hi/dates/stories/november/13/newsid_2539000/2539731.stm |titulo=BBC:On this day: November 13: 1985: Volcano kills thousands in Colombia |data=13 de novembro de 1985 |acessodata=3 de setembro de 2009 |website=[[BBC News Online]] |publicado=[[BBC]]}}</ref>
 
Em setembro de 1985, quando terremotos e [[Erupção freática|erupções freáticas]] sacudiram a área ao redor do vulcão, as autoridades começaram a planejar a evacuação. Um mapa de perigo foi preparado em outubro; ele destacava o perigo da queda de cinzas e [[Rocha vulcânica|rochas]] perto de [[Murillo, (Tolima)|Murillo]], [[Santa Isabel (Colômbia)|Santa Isabel]] e [[Líbano, (Tolima)|Líbano]], bem como a ameaça de lahars em [[Mariquita (Colômbia)|Mariquita]], [[Armero|Guayabal]], Chinchiná e Armer.<ref name="MGueri">{{Citar web |ultimo=Gueri |primeiro=Miguel |url=http://desastres.unanleon.edu.ni/pdf/2004/octubre/PDF/ENG/DOC4377/doc4377-contenido.pdf |titulo=Eruption of El Ruiz Volcano, Colombia |data=Outubro de 2004 |acessodata=22 de julho de 2010 |publicado=Universidade Nacional Autônoma da Nicarágua-León. p. 50 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20110724143331/http://desastres.unanleon.edu.ni/pdf/2004/octubre/PDF/ENG/DOC4377/doc4377-contenido.pdf |arquivodata=24 de julho de 2011}}</ref> O mapa foi mal distribuído para aqueles em maior risco: muitos sobreviventes nunca tinham ouvido falar dele, embora vários jornais importantes o tenham publicado.<ref name="Vil5">{{Harvnb|Villegas|2003|p=5}}</ref> Henry Villegas, do Instituto Colombiano de Mineração e Geologia, afirmou que os mapas demonstravam claramente que Armero seria afetado pelos lahars, mas "encontrou forte oposição de interesses econômicos. Ele disse que o curto espaço de tempo entre a preparação do mapa e a erupção dificultou a distribuição oportuna.<ref name="Villegas6">{{Harvnb|Villegas|2003|p=6}}</ref>
 
O [[Congresso colombiano]] criticou as agências científicas e de [[defesa civil]] por serem "alarmistas" e o governo e o exército estavam preocupados com a [[Conflito armado na Colômbia|campanha de guerrilha]] em [[Bogotá]], a capital nacional, que estava no auge na época.<ref>{{Citar web |ultimo=Hawaiian Volcano Observatory |url=http://hvo.wr.usgs.gov/volcanowatch/2009/09_10_29.html |titulo=Lessons Learned from the Armero, Colombia Tragedy |data=29 de novembro de 2009 |acessodata=20 de julho de 2010 |publicado=[[United States Geological Survey]] |urlmorta=sim |arquivourl=https://web.archive.org/web/20100612161307/http://hvo.wr.usgs.gov/volcanowatch/2009/09_10_29.html |arquivodata=12 de junho de 2010}}</ref>
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== Morte ==
{{Quote box |quoted=true |bgcolor=#F5F6CE |salign=left| quote = A Colômbia e metade do mundo ficaram com a amarga sensação de que Omayra Sánchez poderia ter sido capaz de continuar a viver depois de permanecer por quase 60 horas presa da cabeça aos pés em meio a escombros de Armero. Seu rosto, suas palavras e sua coragem, que foram transmitidostransmitidas para todo o mundo na televisão e foram uma imagem comovente nos maiores jornais e revistas dos Estados Unidos e da Europa, mantiveram-se como um testemunho da acusação contra aqueles que poderiam ter, no mínimo, feito a tragédia ter sido menos grave.
 
Germán Santa María Barragán ao ''[[El Tiempo]]'', 23 de novembro de 1985<ref>{{citar web|título=Life at Risk: Biopolitics, Citizenship, and Security in Colombia|url=http://lasa.international.pitt.edu/members/congress-papers/lasa2009/files/ZeidermanAustin.pdf|acessodata=13 de novembro de 2013|página=13|língua=inglês|urlmorta=sim|arquivourl=https://web.archive.org/web/20110718221119/http://lasa.international.pitt.edu/members/congress-papers/lasa2009/files/ZeidermanAustin.pdf|arquivodata=18 de julho de 2011}}</ref>|align= right|width=300px}}
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Apesar de sua situação difícil, Sánchez manteve-se relativamente positiva: cantou para [[Germán Santa María Barragán]], um jornalista que trabalhava como voluntário, pediu comida doce, bebeu refrigerante<ref name="Sangre">{{Harvnb|Barragán|1987}}</ref> e concordou em ser entrevistada. Às vezes, ela ficava com medo e orava ou chorava.<ref name="JSOURCE">{{Citar jornal |ultimo=Lacey |primeiro=Dana |titulo=Why We Don't Cover Pakistan |data=31 de agosto de 2010 |website=Canadian Journalism Project |publicado=[[Canadian Journalism Foundation]]}}</ref> Na terceira noite, Sánchez começou a ter [[Alucinação|alucinações]], dizendo que não queria se atrasar para a escola e mencionou uma prova de matemática.<ref name="SA">{{Harvnb|Barragán|1994|p=7}}</ref> Perto do fim de sua vida, os olhos de Sánchez ficaram vermelhos, seu rosto inchou e suas mãos ficaram brancas. A certa altura, ela pediu às pessoas que a deixassem para que pudessem descansar. Horas depois, os trabalhadores voltaram com uma bomba e tentaram salvá-la, mas suas pernas estavam dobradas sob o concreto como se ela estivesse ajoelhada e era impossível libertá-la sem cortar as pernas. Na falta de equipamento cirúrgico para salvá-la dos efeitos de uma [[amputação]], os médicos presentes concordaram que seria mais humano deixá-la morrer. Ao todo, Sánchez sofreu por quase três noites (cerca de 60 horas) antes de morrer aproximadamente às 10h05 em 16 de novembro de exposição,<ref name="picp">{{Citar jornal |url=http://news.bbc.co.uk/1/hi/world/americas/4231020.stm |titulo=Picture power: Tragedy of Omayra Sanchez |data=30 de setembro de 2005 |acessodata=28 de setembro de 2010 |website=[[BBC News Online]] |publicado=[[BBC]]}}</ref> provavelmente de [[gangrena]] ou [[hipotermia]].<ref name=JSOURCE/>
 
Seu irmão sobreviveu aos lahars; seu pai e sua tia morreram. Sua mãe expressou seus sentimentos sobre a morte de Omayra: "É horrível, mas temos que pensar nos vivos [...] Vou viver pelo meu filho, que perdeu apenas um dedo."<ref name="DG"/><ref name="lp"/>
 
À medida que o público tomava conhecimento da situação de Sánchez pela mídia, sua morte se tornou um símbolo do fracasso das autoridades em ajudar adequadamente as vítimas que poderiam ter sido salvas.<ref name="ZA13">{{Harvnb|Zeiderman|2009|p=13}}</ref> A polêmica começou depois que as descrições da escassez foram divulgadas nos jornais, desmentindo o que as autoridades haviam indicado anteriormente: que haviam usado o melhor de seus suprimentos. Trabalhadores voluntários de [[ajuda humanitária]] disseram que havia falta de recursos e que suprimentos básicos como pás, ferramentas de corte e macas acabaram. O processo de resgate foi impedido por grandes multidões e desorganização. Um policial não identificado disse que o governo deveria depender de recursos humanos para amenizar os problemas e que o sistema de resgate estava desorganizado.<ref name="S-N">{{Citar jornal |url=https://news.google.com/newspapers?id=fbdQAAAAIBAJ&pg=5678,7662718& |titulo=Colombian officials defend rescue effort; lack of equipment blamed |data=24 de novembro de 1985 |acessodata=24 de novembro de 2010 |website=[[Star-News]] |publicado=Bob Gruber}}</ref> O então ministro da Defesa da Colômbia, Miguel Uribe, disse "entender as críticas ao esforço de resgate", mas disse que a Colômbia era "um país subdesenvolvido" que não "tinha esse tipo de equipamento".<ref name=S-N/>
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Frank Fournier, um repórter francês que desembarcou em Bogotá em 15 de novembro, tirou uma foto de Sánchez em seus últimos dias, intitulada "A Agonia de Omayra Sánchez".<ref name="ottawa">{{Citar jornal |url=https://news.google.com/newspapers?id=Mq8yAAAAIBAJ&pg=3433,3016148 |titulo=Ottawa Man Third |data=7 de fevereiro de 1986 |acessodata=19 de abril de 2011 |website=[[Ottawa Citizen]] |publicado=James Orban}}</ref> Quando ele chegou a Armero na madrugada do dia 16, um fazendeiro o encaminhou para Sánchez, que àquela altura estava presa por quase três dias. Fournier mais tarde descreveu a cidade como "muito assustadora", com um "silêncio assombroso" pontuado por gritos.<ref name="picp"/> Ele disse que tirou a foto sentindo que só poderia "relatar adequadamente a coragem, o sofrimento e a dignidade da menina" em sua tentativa de divulgar o desastre e os esforços de socorro, sentindo-se "impotente" de outra forma.<ref>{{Harvnb|Zeiderman|2009|p=14}}</ref>
 
Na época, o mundo tomou consciência sobre o desastre. Sánchez foi uma das vítimas centrais da controvérsia associada à responsabilidade das consequências destrutivas da erupção. A imagem chamou a atenção internacional. De acordo com um repórter não identificado da [[BBC]], "muitos ficaram chocados em testemunhar tão intimamente o que aconteceu com as últimas horas de vida de Omayra".<ref name="picp"/> Depois que a foto foi publicada no ''[[Paris Match]],'', muitos acusaram Fournier de ser "um abutre". Ele respondeu,<blockquote>“Achei"Achei que era importante relatar a história e fiquei mais feliz por ter havido alguma reação; teria sido pior se as pessoas não tivessem se importado com isso. [...] Acredito que a foto ajudou a arrecadar dinheiro de todo o mundo em ajuda humanitária e ajudou a destacar a irresponsabilidade e falta de coragem dos líderes do país."<ref name="picp"/></blockquote>A imagem mais tarde ganhou o prêmio [[World Press Photo of the Year]] em 1986.<ref>{{Citar jornal |url=https://www.worldpressphoto.org/collection/photocontest/winners/1986 |titulo=World Photo Award |data=7 de fevereiro de 1986 |acessodata=19 de abril de 2011 |website=[[Spartanburg Herald-Journal]]}}</ref>
 
== Legado ==
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{{Portal3|Vulcão|Colômbia|Biografia}}
{{Artigo destacado}}
 
[[Categoria:Mortos em 1985]]
[[Categoria:Nascidos em 1972]]