Romance de Vila Franca: diferenças entre revisões

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Quem contar as poderia!
 
==Teófilo Braga e a publicação do romanceRomance de Vila Franca==
Publicando este notável romance sobre o Terremototerramoto de Vila Franca do Campo em [[1522]], não devemos deixar de dar uma notícia do historiador insulano [[Gaspar Frutuoso]] e do seu livro intitulado ''Saudades da Terra''.
 
No ano de 1522, setenta e oito anos depois do descobrimento da Ilha de São Miguel, na então Vila de [[Ponta Delgada]], nasceu Gaspar Fructuoso. Era seu pai lavrador chão e abonado na legítima frase da Ordenação, e como tal dedicava o filho para a vida do campo; Gaspar Fructuoso sentia uma propensão irresistível para os estudos de humanidades, e todas as vezes que seu pai o mandava tomar conta dos trabalhadores, ele os distraía com várias leituras dos livros com que sempre andava acompanhado. Isto decidiu o bom do pai a mandá-lo para uma das principais universidades da Europa; de facto, como conta Cordeiro na ''Historia Insulana'', cursou o ''trivium'' e ''quadrivium'' na Universidade de Salamanca, recebendo ali o grau de Mestre em Artes.
 
Voltou à Ilha de São Miguel para receber as ordens do sacerdócio, e tornou para Salamanca a tomar o grau de Doutor em Teologia. Ali ouviu as lições do célebre moralista Frei Domingos do Sotto. A fama de suas virtudes e sabedoria granjeou-lhe a amizade de grandes dignatários da Igreja; o Bispo de Miranda, Dom João d’Alva, o fixou por algum tempo junto a si; leu teologia no Colégio dos Jesuítas em [[Bragança]], donde veio para [[Lisboa]], quando o Bispo de Miranda foi nomeado capelão mor de Dom Sebastião. A mitra de Miranda foi-lhe instantemente oferecida, mas Gaspar Fructuoso preferiu antes voltar para a sua Ilha, trocando o báculo por uma simples vigararia em Nossa Senhora da Estrela na Vilavila da [[Ribeira Grande]]. Viveu uma vida quieta e ocupada com a prática das virtudes evangélicas, morrendo em [[24 de Agosto]] de [[1591]], com setenta anos de idade. A sua rica livraria excedia quatrocentos volumes; foi deixada ao Colégio dos Jesuítas de Ponta Delgada, a quem fez depositário do manuscrito da sua historia dos [[Açores]], que intitulou ''Descobrimento das Ilhas'' ou ''Saudades da Terra''.
 
Este livro notável ainda está inédito (Nota: foi publicado em 1961). Quando o Marquês de Pombal ordenou a expulsão dos [[Jesuíta]]s, o Reitor do Colégio, em presença da corporação, ofereceu o livro ao Governador da Ilha de São Miguel, António Borges de Bettencourt, para que o conservasse. Nesse mesmo dia a fragata ''Graça'' levou todos os Jesuítas da ilha de São Miguel. Possui o original deste monumento o senhor [[Visconde da Praia]], verdadeiro príncipe açoriano, que o obteve por compra a José Velho Quintanilha, que o recebera por herança do vigário da [[Lagoa (Açores)|Lagoa]], o ouvidor Luiz Bernardo, herdeiro do mencionado Governador da Ilha.
 
Existem duas cópias deste livro, uma de que é possuidor o Sr. [[José do Canto]], outrora pertencente ao erudito João da Arruda, e autenticada por dois tabeliães; a outra pode ler-se na Biblioteca Pública de Lisboa, cujo traslado foi feito pelo Corregedor Veiga. Algumas destas notícias foram recolhidas de um velho professor micaelense, e aproveitadas pelo meu antigo amigo e condiscípulo António Pereira, no seu interessante estudo sobre os historiadores insulanos, que se pode ler no ''Santelmo'', jornal literário, publicado em 1860.
 
O romance que publicamos, devemo-lo ao ilustre micaelense [[José de Torres]], que de há muitos anos trabalha em uma Historia"História Geral dos Açores", e para o que já tem extraordinários monumentos reunidos. Este romance foi publicado num jornal intitulado o ''PhilologoPhilólogo'', n.º 5 e 6. Diz-nos o Sr. José de Torres: "Serviu à sua publicação no ''PhilologoPhilólogo'' (jornal de rapazes de 14 e 16 anos de idade) cópia tirada do apógrafo de parte das ''Saudades da Terra'', que por sua própria mão tinha feito o nosso morgado João dade Arruda, manuscrito que mais tarde foi comprado por [[José do Canto]], cuido eu."

No ''Romanceiro Geral'' o pub1icámospublicámos (n.º 50), extraído do ''Agiologio'' de Cardoso, em uma lição tão breve, que supomos ser aquela a parte que andava na versão oral. O Sr. [[José de Torres]] disse também que não conhecia outro algum monumento desta natureza.
 
==Fonte:==