Cinema de Portugal: diferenças entre revisões

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A ficção, sujeita logo em [[1980]] a provas intensas, revela novos autores e novas tendências. ''[[Cerromaior]]'', de [[Luís Filipe Rocha]], expressão inovadora, seca e acutilante, do [[neo-realismo]], objecto de consensos mas também de algum conservador despeito, obtém um ''Grande Prémio'' no Festival da Figueira da Foz e um ''Colón de Oro'' em Huelva. A ''[[Manhã Submersa]]'', de [[Lauro António]], filme em que também se explora o rigor formal e a memória da repressão, obtém menções e prémios no estrangeiro. ''[[A Culpa]]'', de [[António Vitorino de Almeida]], sarcasmo, panfleto, espelho do sentimento nacional de culpa pela guerra colonial, satisfaz o público mas irrita a crítica. ''[[Verde por Fora, Vermelho por Dentro]]'' de [[Ricardo Costa]], filme insólito tanto pelo modo de produção (sem subsídios) como pelo seu jeito de [[caricatura]] [[surrealista]] ([[símbolo]]s nacionais, personalidades delirantes em intrigas políticas), sujeita-se à flagelação crítica nacional mas faz-se notar com agrado em festivais internacionais. Nesse mesmo ano, [[António Pedro Vasconcelos]] (''[[Oxalá (filme)|Oxalá]]'') – o primeiro filme que [[Paulo Branco]] produz –, explorando também o retrato social, questiona a consciência de uma minoria : a do jovem intelectual refugiado em [[França]] para escapar à [[guerra colonial]]. [[Rui Simões (cineasta)]] questiona todo o país numa fase crítica, denunciando protagonismos, no documentário ''[[Bom Povo Português]]'' que, pela sua frontalidade política, suscita também controvérsia e será objecto de discriminação, como outros filmes incómodos, que teriam voz na imprensa e o seu público.
 
Em [[1981]], [[João César Monteiro]] faz-se notar com as ousadias de [[Silvestre]], que obtém dois prémios em festivais internacionais. Os anos seguintes da década de oitenta caracterizam-se pelo prosseguimento de tendências como estas, pela intervenção de cineastas mais jovens e pela aposta feita por [[Paulo Branco]] e pelos agentes culturais em [[Manoel de Oliveira]], que se torna cineasta oficial, filmando desde ''[[Amor de Perdição (filme)|Amor de Perdição]]'' (1978) ao ritmo de cerca de um filme por ano.
 
Da gente nova, [[João Botelho]], um dos primeiros frutos da escola oficial de cinema, ganha estatuto com a ''[[Conversa Acabada]]'' (1981), obtendo alguns prémios nacionais e internacionais. Nesse ano, Oliveira (''[[Francisca (filme)|Francisca]]'') e [[João César Monteiro]] (''[[Silvestre (filme)|Silvestre]]''), com obras de invocação histórica e de registo teatral, terão um público atento e prémios em festivais importantes. [[João Mário Grilo]] levará a sua segunda longa metragem, ''[[A Estrangeira]]'' ([[1982]]), ao [[Festival de Veneza]] - ''Prémio Gerge Sadoul''. Todo um conjunto significativo de autores de várias tendências, tanto na ficção como no documentário, terão presença relevante durante esta década : [[António Reis]], [[Paulo Rocha]], [[António de Macedo]], [[Fernando Lopes]], [[José Fonseca e Costa]], [[Lauro António]], [[Luís Filipe Rocha]], [[Jorge Silva Melo]], [[Ricardo Costa]], este bastante activo no documentário.