Casamento na Roma Antiga: diferenças entre revisões

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[[Imagem:Pompeii-couple.jpg|thumb|220px|Paquius Proculus e a sua esposa. [[Fresco]] de [[Pompeia]], [[século I]], atualmente exposto no ''Museo di Capodimonte''.]]
O '''casamento na Roma Antiga''' era uma das principais instituições da [[Roma Antiga|sociedade romana]] e tinha como principal objectivo gerar filhos legítimos, que herdariam a [[propriedade]] e o estatuto dos pais. Entre as classes mais prestigiadas, servia também para selar alianças de natureza [[política]] ou [[economia|económica]]. Refira-se a título de exemplo [[Júlia (filha de Júlio César)|Júlia]], filha de [[Júlio César]] e de [[Cornélia Cinnila]], que inicialmente prometida a Quintus Servilius Caepio, acabaria por [[casamento|casar]] com [[Pompeio]] quando o seu pai estabeleceu com este a aliança que conduziu ao [[primeiro triunvirato]] ou ainda o casamento de [[Octávia]] com [[Marco António]], parte dos acordos de Brindisi.
 
Vários ritos do casamento romano foram legados ao [[Ocidente|mundo ocidental]] contemporâneo, como a existência de um anel de noivado, do véu de noiva, a união das mãos direitas dos nubentes ou ainda o acto de levar ao colo a noiva para dentro da habitação.
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=== Cerimónia ===
[[Imagem:Jason Medea Altemps Inv8647-8648.jpg|thumb|[[Jasão]] e [[Medeia]] juntam as suas mãos (''dextrarum junctio''). Tampa de [[sarcófago]] romano.]]
Na véspera do dia de casamento, a noiva consagrava os seus [[brinquedo]]s de [[infância]] aos [[Lares]], assim como a sua ''bulla'' (um colar que lhe tinha sido colocado no seu oitavo dia de vida para protegê-la do mau-olhado). Abandonava o uso da ''toga praetexta'', uma [[toga]] com uma borda [[púrpura]], e colocava a ''tunica recta'', a "túnica brancacorrecta", que era branca e se estendia até aos pés <ref>Plínio, o Velho, ''História Natural'', VIII, 48</ref>. Na cintura colocava o ''cingulum'', um cinto atado com um nó especial para a ocasião, o ''nodus herculeus'' (em alusão a Hércules, que segundo a lenda teria tido mais de setenta filhos), que só deveria ser desatado pelo esposo quando o casamento fosse consumado. O seu [[cabelo]] era separado em seis madeixas (''sex crines'') com a ponta de uma [[lança]], sendo estas madeixas presas com fitas de [[lã]]. A cabeça era depois coberta com um [[véu]] [[laranja|alaranjado]], o ''flammeum''. O simbolismo deste véu era tão grande, que o próprio acto de casar, quando se referia a uma mulher, dizia-se ''nubere'', literalmente, "colocar o véu". Por cima deste véu colocava-se por sua vez uma coroa de [[manjerona]] e [[verbena]] (na época imperial passou-se a usar a flor de [[laranjeira]]). Os [[sapato]]s da noiva tinham a mesma cor que o véu.
 
No dia seguinte, a casa da noiva era totalmente enfeitada (particular cuidado era prestado às portas e umbrais) com ramos de árvores sempre verdes e com flores.
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A noiva era assessorada pela ''pronuba'', uma matrona casada uma única vez e com o marido ainda vivo, que simbolizava através destas duas características a "esposa ideal". Era ela que juntava as mãos direitas dos noivos (ritual do ''dextrarum iunctio''), acto ao qual se seguia a declaração de uma fórmula por parte da noiva: ''ubi tu Gaius, ego Gaia'' (para alguns autores esta frase seria dita quando a mulher chegasse à sua nova casa).
 
Cumpridos estes ritos, celebrava-se a ''cena nuptialis'' na casa da noiva. Neste banquete participavam familiares e convidados e o evento prolongava-se até ao anoitecer. Nessa altura ocorria a ''deductio'', uma simulação de [[rapto]] da noiva feita pelo noivo: esta refugiava-se nos braços da mãe, enquanto o noivo fingia arrancá-la à força, tudo acompanhado com lamentos e [[lágrima]]s fingidas. A ''deductio'' era uma alusão ao [[Fundação de Roma|rapto das Sabinas]], em que [[Rómulo]] e os seus companheiros tomaram esposas recorrendo à força.
 
Chegava então o momento de organizar o cortejo, que à luz de archotes levaria a noiva para a casa do marido. A noiva era acompanhada por três meninos, que tinha os pais ainda vivos (''patrimi'' e ''matrimi''). Dois meninos levamiam ode [[fuso]]mão edada aao [[roca]],lado símbolosda do trabalho domésticonoiva, eenquanto que o terceiro seguia um pouco à frente com um archote de espinheiro-alvar, que tinha sido acesso na casa da noiva. Os restos deste archote eram considerados como capazes de conceder uma vida longa, pelo que eram distribuídos entre os participantes. Os meninos ou a noiva transportavam a roca e o fuso, símbolos da vida doméstica (a principal actividade esperada de uma mulher casada era fazer a roupa da sua família).
 
As pessoas que viam ou acompanhavam o cortejo gritavam "''Thalasse''", nome de uma divindade protectora do casamento, e recitavam versos, alguns de carácter picante. Atiravam-se também [[noz]]es, apanhadas pelas crianças.
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O ''contubernium'' era a união (sem qualquer tipo de reconhecimento jurídico) entre duas pessoas com estatuto de escravas ou entre um escravo e uma liberta que viviam juntos como marido e mulher (''contubernales''). O consentimento para a união tinha que ser concedido pelo senhor, que a qualquer momento poderia dissolvê-la.
 
== Notas ==
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== Bibliografia ==