Plebiscito constitucional na Venezuela em 2007: diferenças entre revisões
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O '''[[plebiscito]] da constituição da Venezuela''', para o qual foram convocados mais de 16 milhões de eleitores, se realizou em 2 de dezembro de 2007 e consistiu numa consulta popular para que o povo pudesse aprovar, ou rejeitar, as emendas propostas à constituição venezuelana pelo atual presidente da república e pelo Congresso<ref>[http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u350530.shtml Venezuelanos decidem neste domingo sobre reforma constitucional]</ref>. Na Venezuela, como na maioria dos países democráticos, o voto é facultativo.
O conjunto da reforma constitucional foi votado em dois blocos "A" e "B". O bloco "A" inclui as alterações em 46 artigos que foram julgados em conjunto, cabendo aos eleitores responder "
O povo venezuelano, soberanamente, rejeitou todas as alterações propostas <small>Veja Resultados, mais abaixo.</small>
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Vários dos simpatizantes de Chávez não estavam convencidos de todas as mudanças que ele pretendia introduzir na Constituição, e o fim do limite do número de reeleições para presidente era um dos pontos que encontrava maior resistência nas hostes chavistas. Alguns prefeitos e governadores também estavam descontentes com a proposta que possibilitava a criação de novas regiões administrativas. Para alguns analistas, Chávez estaria alienando seus apoiadores <ref name=CRITICAS>[http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u350523.shtml MAISONNAVE, Fabiano. ''Votação abre era de incerteza para Chávez.'' Caracas: Folha de S.Paulo, 2 de dezembro de 2007]</ref>.
A maior resistência surgiu com uma inesperada rebelião na base: o partido ''"Podemos"'', a segunda força do chavismo, que se recusou a incorporar-se-se ao ''"PSUV"'' (Partido Socialista Unido da Venezuela) e, aos poucos, passou a se opôr também à reforma constitucional. Outra grande perda para Chávez foi a dissidência do general da reserva Raúl Isaías Baduel, seu antigo colaborador, que até julho esteve no comando do Ministério da Defesa. Baduel chamou a reforma de "golpe de Estado", transformando-se em um dos mais destacados porta-vozes contrários às modificações <ref name=BADUEL>[http://www.ledevoir.com/2007/11/07/163341.html TAILLEFER, Guy. ''Chávez accusé de préparer un coup d'État.'' Montreal: Le Devoir, 7 de novembro de 2007]</ref>. Como o partido ''"Podemos"'', os estudantes lideraram uma dura oposição à reforma constitucional, protagonizando protestos, muitas vezes violentos. Chávez sentiu a pressão de seus apoiadores, e pediu repetidas vezes a seus aliados que decidissem se estavam com ele ou contra ele <ref name=CRITICAS>[http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u350523.shtml MAISONNAVE, Fabiano. ''Votação abre era de incerteza para Chávez.'' Caracas: Folha de S.Paulo, 2 de dezembro de 2007]</ref>.
As marchas realizadas contra o referendo foram lideradas principalmente por grupos de estudantes contrários à maneira autocrática de [[Chávez]] governar - mas que não pregam sua deposição - e não pelos partidos de oposição tradicionais, fragmentados e desorientados, que optaram boicotar o plebiscito, pregando a abstenção dos eleitores e alienando-se assim do certame. Em 2005 esses mesmos partidos de oposição também defenderam a abstenção nas eleições legislativas. Em consequência nenhum deputado oposicionista elegeu-se para o Congresso, o que deixou a oposição a Chávez sem nenhuma representação parlamentar <ref name=CRITICAS>[http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u350523.shtml MAISONNAVE, Fabiano. ''Votação abre era de incerteza para Chávez.'' Caracas: Folha de S.Paulo, 2 de dezembro de 2007]</ref>.
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::''"O bom desempenho do escrutínio foi ressaltado por vários observadores. O eurodeputado Willy Meyers, que esteve no local, felicitou os venezuelanos. 'É uma lição de democracia por parte das autoridades eleitorais', que deram 'transparência' aos resultados. Willy Meyers saudou igualmente o presidente venezuelano, insisistindo que ele aceitou rapidamente a derrota do 'No", e dizendo que o processo eleitoral foi 'lógico, tranqüilo, democrático'. Até na Espanha, onde a cota de popularidade de [[Hugo Chávez]] está em seu ponto mais baixo, políticos reconheceram que o escrutínio de desenvolveu sem entraves. As instituições 'funcionaram bem', segundo Diego Lopez Garrido, porta voz do Partido Socialista Espanhol, que disse acreditar que, apesar de tudo, 'Hugo Chávez saiba tirar a necessária lição de sua derrota'.'' <ref name=DEFAITE>[http://www.rfi.fr/actufr/articles/096/article_59823.asp LERAT, Julie.''Défaite historique pour Chavez.'' Paris: Radio France Internationale, 3 de dezembro de 2007, atualizado às 17h56 GMT]</ref>
==Os que apoiaram o "Si" (Sim)==
Os venezuelanos que apoiam o "sim" se reuniram nas maiores avendidas de Caracas para ouvir o discurso de encerramento da campanha pronunciado por [[Hugo Chávez]]. O coordendaor do comando nacional da campanha Jorge Rodriguez disse que ''"o povo venezuelano, o povo chavista encerrará a campanha eleitoral junto com o presidente Chávez"''{{sem fontes}}
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{{Ver artigo principal|[[Hugo Chávez]]}}
==Os que apoiaram o "No" (Não)==
Mais de 100 mil pessoas <ref name=GONZALES>[http://www.reuters.com/article/worldNews/idUSN2924927920071129''Chavez opponents show force in referendum rally.'' Caracas: Reuters, 29 de novembro de 2007, 6:07pm EST]</ref>
, numa manifestação organizada por líderes estudantis, marcharam dia 29 de novembro de 2007, exercendo seu direito democrático de oposição, numa das mais importantes avenidas e ruas adjacentes de Caracas para dizer
Diante dos manifestantes, que lotavam a Avenida Bolívar e os calçadões próximos ao Palácio Miraflores, Yon Goicoechea, secretário geral do Conselho de Representantes Estudantis da Universidade Católica ''Andrés Bello'', o principal dirigente estudantil do país, fez um discurso emocionado em favor da “liberdade” e dos “excluídos”, conclamando o Povo a votar "
<small> Ver "O papel dos estudantes no plebiscito", abaixo.</small>
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===Pesquisas de boca de urna===
A divulgação de pesquisas de boca de urna (realizadas após a votação) são proibidas pela legislação eleitoral venezuelana <ref name=ENCERRAMENTO>[http://www.cne.gov.ve/noticiaDetallada.php?id=4346''CNE ANUNCIÓ CIERRE DEL ACTO DE VOTACIÓN. Caracas: Consejo Nacional Electoral, 2 de dezembro de 2007]</ref>. Não obstante, às 18 horas do dia 2, a agência Reuters <ref name=BARRIGA>[http://www.reuters.com/article/worldNews/idUSN0235721220071202 HUDSON, Saul e MARTINEZ, Ana Isabel. ''Chavez wins Venezuela vote: sources.'' Caracas: Reuters, 2 de dezembro de 2007, 6h34 PM EST]</ref> divulgou, fora da Venezuela, as pesquisas de boca de urna que foram realizadas por três dos mais reputados institutos venezuelanos, a PLM Consultores, Datanálisis e o Instituto Venezuelano de Análise de Dados (Ivad) todos prevendo a vitória do "sim". A PLM Consultores deu 54% ao "sim" e 46% ao "não"; a Datanalisis 56% ao "sim" e 44% ao não; e o Ivad 53% ao "sim" e 47% ao "não", que apontaram, erroneamente, a vitória do "
==Sistema eleitoral do plebiscito==
A votação é feita em 11.132 centros de votação distribuídos por todo o país, contando com 32.039 máquinas automatizadas de votação, distribuídas em 33.614 mesas eleitorais. Os eleitores votam duas vezes, podendo escolher "
O bloco "A" engloba as alterações nos artigos 11, 16, 18, 64, 67, 70, 87, 90, 98, 100, 103, 112, 113, 115, 136, 141, 152, 153, 156, 157, 158, 167, 168, 184, 185, 225, 230, 236, 251, 252, 272, 299, 300, 301, 302, 303, 305, 307, 318, 320, 321, 328, 329, 341, 342 e 348 que serão julgados em conjunto. Igualmente no bloco "B", que inclui os artigos 21, 71, 72, 73, 74, 82, 109, 163, 164, 173, 176, 191, 289, 264, 265, 266, 279, 293, 295, 296, 337, 338 e 339 os eleitores poderão, mais uma vez, decidir votando "
===Programa de Acompanhamento Internacional para o Plebiscito da Reforma Constitucional===
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===Auditoria da votação eletrônica===
Ao contrário do sistema de votação eletrônico brasileiro, que é uma caixa preta que não possibilita qualquer auditoria posto que não é possível vigiar os bits, todas as urnas na [[Venezuela]] imprimem um comprovante físico que, após ser conferido pelo eleitor, é depositado em uma urna, para possibilitar uma eventual recontagem. Para assegurar-se a garantia absoluta de imparcialidade na contagem dos votos,
===Venezuelanos residentes no Brasil puderam votar no plebiscito da reforma constitucional===
Os venezuelanos
Além da própria embaixada, que fica em Brasília, puderam votar em um dos cinco consulados venezuelanos existentes no país: Rio de Janeiro, São Paulo, Manaus, Boa Vista e Belém.
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==Encerramento da votação==
Às
São proibidas, pelas leis dos partidos políticos
Os primeiros boletins oficiais com resultados deveriam ter sido anunciados cerca de duas horas depois do encerramento das votações, mas só o foram a 1h10 da manhã (5h10 GMT) do dia 3. Aparentemente houve um acordo entre governo e oposição para só divulgar os resultados na madrugada, para evitar tumultos nas ruas <ref name=MONDE>[http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/lemonde/2007/12/04/ult580u2799.jhtm DELCAS, Marie. ''Após derrota, Chávez "felicita" oposição, mas diz ser "feito para longas batalhas".'' Caracas, Le Monde, 4 de dezembro de 2007]</ref>.
As pesquisas de boca de urna, cuja divulgação é proibida pela legislação eleitoral na Venezuela, acabaram sendo divulgadas às 18 horas, pela agência Reuters, em alguns outros países, mas suas previsões estavam erradas: indicavam a vitória do "
==Resultados: o Povo venezuelano, soberanemente, rejeitou todas as reformas propostas==
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===Demora na divulgação do resultados===
Enquanto órgãos da imprensa mundial, como o jornal parisiense ''[[Le Monde]]'', atribuíram a grande demora na divulgação dos resultados à existência de um acordo de cavalheiros entre os partidários do "
===Fedecámaras diz que ganhou a democracia, e conclama à reconciliação===
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==O papel dos estudantes no plebiscito==
Com os partidos políticos tradicionais de oposição a Chávez em frangalhos - e pregando a abstenção na votação ao invés de defender o voto "
O movimento estudantil na Venezuela é muito heterogêneo e disperso, englobando desde estudantes das universidades públicas até os das universidades privadas de elite como a Universidade Católica Andres Bello
O caso da [[RCTV]] foi visto como mais uma derrota da oposição venezuelana, que a encarou como uma nova batalha política contra o presidente Hugo Chávez. Mas, no dia seguinte, além de uma oposição frustrada, surgiram os jovens estudantes universitários de Caracas saindo às ruas em defesa da liberdade de expressão, que consideraram prejudicada pelo fechamento da emissora. Nessa conjuntura política, esses jovens estudantes acabaram por se converter num espécie de "ponta de lança" do movimento de oposição a Chávez, e às suas reformas constitucionais. Sua influência não deve ser desprezada, uma vez que, segundo recente pesquisa, os estudantes contam com 47% da confiança da população, enquanto a Igreja conta com 46%, e os meios de comunicação 32%.
Stalin Gonzalez, um líder estudantil, declarou, numa entrevista coletiva de imprensa realizada pouco antes da passeata que reuniu mais de 100.000 defensores do "
Na oposição os estudantes parecem ter superado em inciativa os partidos políticos tradicionais, alguns dos quais promoviam a abstenção no referendo, alegando que o processo eleitoral não seria "justo" <ref name=ESTUDANTIL>[http://news.bbc.co.uk/hi/spanish/specials/2007/referendo_venezuela/newsid_7112000/7112985.stm CHIRINOS, Carlos. ''El factor estudiantil.'' Caracas: BBCMundo.com 29 de novembro de 2007 - 16:23 GMT]</ref>.
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===O chavismo derrotou Chávez===
A vitória do "
==Referências==
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=={{Ligações externas}}==
* [http://www.cne.gob.ve/divulgacion_referendo_reforma/ RESULTADOS OFICIAIS - República Bolivariana de Venezuela - Consejo Nacional Electoral - Poder Electoral - Referendo de la Reforma Constitucional]
* [http://www.cne.gov.ve/elecciones/referendo_constitucional2007/index_principal.php ''Documentos do CNE sobre o referendo constitucional'']
* [http://www.embvenezuela.org.br/biblioteca/pdf/ANALISIS_DE_LA_REFORMA_CONSTITUCIONAL_port.pdf''Análise da reforma constitucional'']
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