Saladino: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Linha 13:
===Conflitos com os Cruzados===
 
Em duas ocasiões, em [[1170]] e [[1172]], [[Saladino]] recuou de uma invasão ao Reino de [[Jerusalém]]. Essas ordens haviam sido dadas por [[Nur ad-Din]], e [[Saladino]] esperava que o reino [[Cruzado]] permanecesse intacto, como um estado satélite entre o [[Egito]] e a [[Síria]], até que [[Saladino]] pudesse ganhar controle sobre a [[Síria]] também. [[Nur ad-Din]] e [[Saladino]] já estavam rumo à guerra aberta nesses termos, quando [[Nur ad-Din]] morreu, em [[1174]]. O herdeiro de [[Nur ad-Din]], [[as-Salih Ismail al-Malik]] era apenas um menino, sob os cuidados de [[eunucos]] da corte, e morreu em [[1181]].
 
Imediatamente após a morte de [[Nur ad-Din]], [[Saladino]] marchou até [[Damasco]] e foi bem recebido na cidade. Lá ele reforçou sua legitimidade, de acordo com o costume da época, casando com a viúva de [[Nur ad-Din]]. Por outro lado, [[Alepo]] e [[Mosul]], as outras duas maiores cidades que [[Nur ad-Din]] havia governado, nunca foram tomadas, porém [[Saladino]] conseguiu impor sua influência e autoridade a elas em [[1176]] e [[1186]], respectivamente. Enquanto ele estava ocupado no cerco a [[Alepo]], em 22 de maio de [[1176]], o sombrio grupo de assassinos do [[Ismaili]], o [[Hashshashin]], tentou matá-lo. Eles conduziram dois atentados à sua vida, no segundo deles chegando a ponto de infligir ferimentos.
 
Enquanto [[Saladino]] consolidava seu poder na [[Síria]], geralmente deixava em paz o reino [[Cruzado]], embora fosse frequentemente vitorioso nas ocasiões em que batalhava com os [[cruzados]]. Uma exceção foi a [[batalha de Montgisard]] no dia 25 de novembro de [[1177]]. Nela ele foi derrotado pelas forças combinadas de [[Balduíno IV]] de [[Jerusalém]], [[Reinaldo de Chatillon]] e os [[Cavaleiros Templários]]. Apenas um décimo de seu exército conseguiu retornar ao [[Egito]].
 
Uma trégua foi declarada entre [[Saladino]] e os [[Estados Cruzados]] em [[1178]]. [[Saladino]] passou o ano seguinte recuperando-se da derrota e reconstruindo seu exército, retornando ao ataque em [[1179]], quando derrotou os [[Cruzados]] na batalha de [[Jacob's Ford]]. Contra-ataques [[cruzados]] provocaram ainda outras retaliações de [[Saladino]]. [[Reinaldo de Chatillon]], em particular, perturbou as rotas de comércio e peregrinação muçulmanas com uma frota no [[Mar Vermelho]], uma rota marítima que [[Saladino]] necessitava manter aberta. Como resposta, [[Saladino]] construiu uma frota de 30 [[galés]] para atacar [[Beirute]] em [[1182]]. Reinaldo ameaçou atacar as cidades sagradas de [[Meca]] e [[Medina]]. Em retribuição, [[Saladino]] cercou [[Kerak]], o forte de Reinaldo na [[Oultrejordain]], em [[1183]] e [[1184]]. Reinaldo respondeu saqueando uma caravana de peregrinos no [[Hajj]] em [[1185]]. De acordo com a '''Old French Continuation''' de [[Guilherme de Tiro]], do final do [[século XIII]], Reinaldo capturou a irmã de [[Saladino]] durante uma pilhagem a uma caravana, embora isso não seja atestado em outras fontes contemporâneas, sejam elas muçulmanas ou francas. De fato, Reinaldo havia atacado uma caravana anterior, e [[Saladino]] mandou a guarda assegurargarantir a segurança de sua irmã e do filho dela, que não chegaram a sofrer danos.
 
Em julho de [[1187]], [[Saladino]] capturou a maior parte do reino de [[Jerusalém]]. No dia 4 de julho de [[1187]] ele deparou-se, na [[Batalha de Hattin]], com as forças combinadas de [[Guy de Lusignan]], Rei Consorte de [[Jerusalém]], e [[Raimundo III de Trípoli]]. Somente na batalha, o exército [[Cruzado]] foi em grande parte aniquilado pelo exército motivado de [[Saladino]], naquilo que foi um desastre completo para os [[cruzados]] e uma virada na história das [[Cruzadas]]. [[Saladino]] capturou [[Reinaldo de Chatillon]] e providenciou pessoalmente sua execução. [[Guy de Lusignan]] também foi capturado, porém sua vida foi poupada. Dois dias após a [[batalha de Hattin]], [[Saladino]] ordenou a execução de todos os prisioneiros de ordem militar por decapitação. As execuções eram levadas a cabo à medida que o próprio secretário de [[Saladino]], [[Imad ad-Din]], descreve (Ibid, pág. 138): “Ele ([[Saladino]]) ordenou que eles deveriam ser decapitados, preferindo tê-los mortos a prisioneiros. Com ele estava um grande grupo de sufis e estudiosos, e certo número de devotos e [[ascetas]]; cada um implorava permissão para matar um deles, e desembainhava sua espada e arregaçava sua manga. [[Saladino]], com uma expressão alegre no rosto, estava sentado no seu dais; os descrentes mostravam um negro desespero.” A execução dos prisioneiros em [[Hattin]] não foi a primeira de [[Saladino]]. Em 29 de agosto de [[1179]] ele tomou o castelo em [[Bait al-Ahazon]], e aproximadamente 700 prisioneiros foram capturados e executados.
 
De acordo com [[Beha ad-Din]], [[Saladino]] planejava conquistar a [[Europa]] após a captura de [[Jerusalém]]:
 
“Enquanto eu ([[Beha ad-Din]]) aguardava, [[Saladino]] voltou-se para mim e disse: ‘Creio que, quando [[Deus]] me conceder a vitória sobre o resto da [[Palestina]], deverei dividir meus territórios, fazer um testamento declarando meus desejos, e então içar velas neste mar, para suas terras longínquas, a lá arrebatar os francos, de maneira a livrar a terra de qualquer um que não acredite em [[Deus]], ou morrer tentando.’”
 
Logo, [[Saladino]] já havia capturado quase todas as cidades dos [[cruzados]]. Ele tomou [[Jerusalém]] em 2 de outubro de [[1187]], após um cerco. [[Saladino]] inicialmente não pretendia garantir termos de anistia aos ocupantes de [[Jerusalém]], até que [[Balian de Ibelin]] ameaçou matar todos os muçulmanos da cidade, estimado entre três e cinco mil pessoas, e destruir os templos sagrados do [[Islã]] na [[Cúpula da Rocha]] e a mesquita de [[Al-Aqsa]] se não fosse dada anistia. [[Saladino]] consultou seu conselho e esses termos foram aceitos. Um resgate deveria ser pago por cada franco na cidade, fosse homem, mulher ou criança. [[Saladino]] permitiu que muitos partissem sem ter a quantia exigida por resgate para outros. De acordo com [[Imad al-Din]], aproximadamente sete mil homens e oito mil mulheres não puderam pagar por seu resgate e foram tornados escravos.
 
Apenas [[Tiro]] resistiu. A cidade era então comandada pelo formidável [[Conrado de Montferrat]]. Ele fortaleceu as defesas de [[Tiro]] e suportou dois cercos de [[Saladino]]. Em [[1188]], em [[Tortosa]], [[Saladino]] libertou [[Guy de Lusignan]] e devolveu-o à sua esposa, a rainha [[Sibila de Jerusalém]]. Eles foram primeiro a [[Trípoli]], e depois a [[Antioquia]]. Em [[1189]] eles procuraramtentaram reclamar [[Tiro]] para seu reino, mas sua admissão foi recusada por Conrado, que não reconhecia Guy como rei. Guy então começou o cerco de [[Acre]].
 
[[Hattin]] e a queda de [[Jerusalém]] foram um estopim para a [[Terceira Cruzada]], financiada na [[Inglaterra]] por um especial “dízimo de Saladino”[[Saladino]]”. Essa [[Cruzada]] retomou a cidade de [[Acre]]. Após [[Ricardo I]] executar os prisioneiros muçulmanos em [[Acre]], [[Saladino]] retaliou matando todos os francos capturados entre 28 de agosto e 10 de setembro. [[Beha ad-Din]] descreve uma cena particularmente horrenda envolvendo dois francos capturados nesse período: “Enquanto estávamos lá eles trouxeram ao [[Sultão]] ([[Saladino]]) dois francos que haviam sido aprisionados pela guarda avançada. Ele os decapitou ali mesmo.” Os exércitos de [[Saladino]] engajaram-se em combate com os exércitos rivais do rei [[Ricardo I]] da [[Inglaterra]] na batalha de [[Apollonia]], em 7 de setembro de [[1191]], na qual [[Saladino]] foi derrotado. A relação entre [[Saladino]] e Ricardo era uma de respeito cavalheiresco mútuo, assim como de rivalidade militar; ambos eram celebrados em romances cortesãos. Quando Ricardo foi ferido, [[Saladino]] ofereceu os serviços de seu médico pessoal. Em [[Apollonia]], quando Ricardo perdeu seu cavalo, [[Saladino]] enviou-lhe dois substitutos. [[Saladino]] também lhe enviou frutas frescas com neve, para manter as bebidas frias. Ricardo sugeriu que sua irmã poderia casar-se com o irmão de [[Saladino]] – e [[Jerusalém]] poderia ser seu presente de casamento.
 
Os dois chegaram a um acordo sobre [[Jerusalém]] no [[Tratado de Ramla]] em [[1192]], pelo qual a cidade permaneceria em mãos muçulmanas, mas estaria aberta às peregrinações cristãs; o tratado reduzia o reino latino a uma estreita faixa costeira desde [[Tiro]] até [[Jafa]].
 
[[Saladino]] morreu no dia 4 de março de [[1193]], em [[Damasco]], pouco depois da partida de Ricardo. Quando o tesouro de [[Saladino]] foi aberto não havia dinheiro suficiente para pagar por seu funeral; ele havia dado a maior parte de seu dinheiro para caridade.
 
Sua tumba fica em [[Damasco]], na [[Mesquita de Umayyad]], e é uma atração popular.
 
===Reconhecimento===
 
Considerado o campeão da guerra santa, [[Saladino]] se tornou o herói de um ciclo de lendas, que percorreram todo o [[Oriente médio]] e a [[Europa]], e seus feitos são lembrados e admirados até os dias de hoje pelos povos muçulmanos.
 
Forte protector da cultura islâmica, não era apenas um líder militar, mas também um excelente administrador dos seus domínios. Mandou reconstruir a [[mesquita de Al-Aksa]] na cidade de [[Jerusalém]], e ordenou também a construção da cidadela do [[Cairo]] e outros monumentos de interesse.
 
==Cronologia==
[[Image:Saladin2.jpg|200px|right]]
*[[1138]] - Nasce em Tikrit, [[Mesopotâmia]].
*[[1169]] - É designado ministro do [[Egito]].
*[[1172]] - Morre o pai de Saladino, [[Nadm ad-Din]].
*[[1179]] - Na França, [[Filipe II de França|Filipe Augusto]] é coroado rei.