George Bentham: diferenças entre revisões

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George Bentham nasceu a [[22 de Setembro]] de [[1800]] em [[Stoke]], uma pequena cidade do [[Devon]] situada nas proximidades de [[Portsmouth]]. Foi filho do engenheiro e inventor Sir [[Samuel Bentham]], o único irmão do filósofo e escritor [[Jeremy Bentham]].
 
O pai de George Bentham fora contratado anos antes pelo príncipe russo [[Grigori Alexandrovich Potemkin]] para chefiar um projetoprojecto de construção naval e depois um conjunto de outras iniciativas destinadas a introduzir diversas tecnologias na [[Rússia]]. Como resultado, passou vários anos em [[São Petersburgo]], tendo viajado extensivamente pela [[Sibéria]] até à fronteira com a [[China]]. Em [[1800]], quando George nasceu, o pai era inspetorinspector das obras navais em Portsmouth.
 
Como conseqüênciaconsequência das constantes viagens da família, George Bentham não seguiu um percurso formal de educação, tendo sido essencialmente educado pela família. Demonstrando grande vivacidade e inteligência, demonstrava um grande poder de concentração e auto-disciplina, estudando aprofundadamente qualquer assunto que considerasse interessante. Demonstrando uma notável aptidão lingüísticalinguística, aos sete anos de idade falava [[língua inglesa|inglês]], [[língua francesa|francês]], [[língua alemã|alemão]] e [[língua russa|russo]].
 
Depois de uma passagem pela [[Suécia]], durante a qual George Bentham aprendeu [[língua sueca|sueco]], e pela [[Inglaterra]], a família mudou-se para [[França]], permanecendo durante dois anos em [[Montauban]], cidade onde Bentham estudou [[língua hebraica|hebraico]] e [[matemática]] na escola [[protestante]] local. A família acabaria por se fixar nos arredores de [[Montpellier]], local onde Sir Samuel Bentham adquiriu uma extensa propriedade.
 
Em conseqüênciaconsequência, George Bentham viveria de [[1814]] a [[1826]] em [[Montpellier]], tendo iniciado naquela região o seu interesse pelos estudos de [[botânica]]. A sua iniciação naquela ciência fez-se pelo estudo da [[flora]] dos [[Pirenéus]], à qual pretendia aplicar os métodos lógicos desenvolvidos pelo seu tio [[Jeremy Bentham]]. Nesta fase, George Bentham parecia mais voltado para os estúdios filosóficos, usando o estudo da história natural apenas como um dos campos onde pretendia aplicar os novos métodos lógicos.
 
Contudo, quando estudava em [[Angoulême]], cidade onde realizava os estudos preparatórios necessários para prosseguir uma carreira na área jurídica, acabou por se interessar pela leitura da obra ''Flore française'' do botânico suíçosuiço [[Augustin Pyrame de Candolle]]. O seu principal interesse recaiu sobre as tabelas analíticas para identificação de plantas, cuja lógica decidiu testar. Tendo obtido sucesso na identificação de plantas, começou a utilizar largamente a obra, familiarizando-se com a flora local.
 
Numa subseqüentesubsequente visita a [[Londres]], no ano de [[1823]], estabeleceu contatocontacto com o círculo dos botânicos britânicos, incluindo alguns dos mais brilhantes na época. Pouco depois fixa-se em Londres, passando a exercer as funções de secretário do seu tio, ao mesmo tempo que passa a freqüentarfrequentar a Lincolns Inn e a preparar-se para ser admitido na advocacia.
 
Foi admitido no foro em [[1832]], ano em que representou em tribunal o seu primeiro, e único, cliente, uma vez que, nesse mesmo ano, o tio faleceu deixando-lhe os seus bens, os quais se vieram juntar à herança que obtivera no ano anterior por morte do pai.
 
Com essas heranças conquistou uma independência, embora modesta, que lhe permitiu dedicar-se a tempo inteiro aos seus estudos favoritos, abandonando qualquer idéiaideia de prática profissional. Durante algum tempo dividiu o seu tempo entre os estudos de jurisprudência, lógica e botânica, para além de editar os escritos profissionais de seu pai. Face ao crescimento do interesse pelo estudo da botânica, que então envolvia toda a Europa, foi progressivamente dedicando mais tempo àquela ciência. Em conseqüênciaconsequência foi envolvendo nos meios científicos londrinos, passando da posição de secretário da Royal Horticultural Society (que mantinha desde 1830) para membro destacado da [http://www.linnean.org/ Linnean Society of London], da qual viria a ser presidente.
 
A primeira publicação de George Bentham foi o ''Catalogue des plantes indigènes des Pyrénées et du Bas Languedoc'' (Paris, [[1826]]), o resultado dos seus estudos e trabalhos de exploração realizados nos [[Pirenéus]], quando residia em [[Montpellier]], complementados com os resultados de uma cuidadosa exploração da flora daquela região empreendida em conjunto com [[George Arnott Walker Arnott]] (1799-1868), que mais tarde seria professor de Botânica na [[Universidade de Glasgow]].
 
É interessante notar-se que George Bentham adotouadoptou desde a sua primeira obra o hábito de nunca citar nada sem acesso diretodirecto à fonte. Seguiu este princípio nos artigos que publicou nos diversos campos do saber pelos quais se interessou: na botânica; no direito, disciplina em que escreveu sobre a codificação das leis, em desacordo com o seu tio, sobre a legislação referente ao furto e sobre os direitos reais de propriedade; e sobre lógica, disciplina onde publicou obra notável.
 
A produção mais notável deste período é o artigo ''Outline of a New System of Logic, with a Critical Examination of Dr Whately’s Elements of Logic'' ([[1827]]). Nele George Bentham explicita pela primeira vez o princípio da quantificação do predicado. De acordo com [[William Stanley Jevons]], esta enunciação está entre os mais importantes avanços da lógica abstrataabstracta desde o tempo [[Aristóteles]]. Apesar da sua importância, antes que 60 cópias da obra tivessem sido vendidas, o editor entrou em falência e as cópias remanescentes foram destruídas. Em conseqüênciaconsequência, a obra passou ao esquecimento, mantendo-se assim até [[1873]], ano em que a prioridade de Bentham naquela enunciação foi finalmente reconhecida contra a alegada por Sir [[William Hamilton]] numa obra de [[Herbert Spencer]].
 
Em [[1836]] publicou a sua primeira grande obra de botânica, intitulada ''Labiatarum genera et species''. Na preparação deste trabalho visitou, no período entre [[1830]] e [[1834]], todos os [[herbário]]s europeus do tempo, alguns deles mais de uma vez.
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Em [[1842]] estabeleceu-se em Pontrilas no [[Herefordshire]]. A sua principal ocupação nos anos seguintes seria a elaboração da sua contribuição para a obra ''[[Prodromus Systematis Naturalis Regni Vegetabilis]]'', que estava a ser elaborada pelo seu amigo [[Augustin Pyrame de Candolle]]. Descreveu, para aquela obra, 4 730 [[espécie]]s.
 
Em [[1854]] concluiu que a manutenção de um grande [[herbário]] e biblioteca era demasiado onerosa para as suas posses, razão pela qual ofereceu os cerca de 100 000 espécimes de plantas que tinha colecionadocoleccionado ao [[Royal Botanic Gardens|Real Jardim Botânico]] de Kew, no entendimento que deveriam ser instituições públicas a manter os grandes herbários, garantindo a sua acessibilidade a todos os investigadores.
 
Por essa altura chegou a considerar o abandono dos seus trabalhos de botânica. Felizmente assentiu em mantê-los, decisão em que foi apoiado, entre outros, por Sir [[William Jackson Hooker]] e por [[John Lindley]]. Em [[1855]] mudou-se para [[Londres]], passando a trabalhar em Kew cinco dias por semana, interrompendo o seu labor apenas durante algumas semanas no Verão. Manteria esta rotina durante o resto da sua vida.
 
Em [[1857]] o governo britânico aprovou um projetoprojecto destinado a preparar um conjunto de ’’Floras’’‘’Floras’’ contendo a descrição em [[língua inglesa|inglês]] das plantas nativas dos territórios que então integravam o [[Império Britânico]], encarregando, entre outros, George Bentham da sua elaboração.
 
Bentham começou por elaborar a ''Flora Hongkongensis'', terminada em [[1861]], a qual constitui o primeiro trabalho de folgo sobre a então pouco conhecida flora da [[China]]. Seguiu-se a ''Flora Australiensis'', em sete volumes (1863-1878), a primeira flora de uma grande zona continental a ser concluída.