Concentração inibitória mínima

Em microbiologia, a concentração inibitória mínima (CIM) é a mais baixa concentração de um produto químico responsável por limitar o crescimento visível de uma bactéria (ou seja, que tem atividade bacteriostática). Os valores de CIM determinados dependem do microorganismo, do alvo da infecção e do antibiótico em uso [1]. O conceito de MIC é distinto do de concentração bactericida mínima (MBC) que corresponde à concentração mínima de agente antimicrobiano que que resulta na morte bacteriana (ou seja, a concentração a partir da qual um agente é bactericida).[2] Quanto mais próximos forem os valores destas duas variáveis, mais letal será o antibiótico [3].

O conceito de CIM é de elevada relevância em medicina uma vez que permite identificar a quantidade de agente antimicrobiano adequada a administrar aos pacientes, de acordo com a infecção a que estão sujeitos[4][5]. O primeiro passo na investigação e desenvolvimento de um diagnóstico adequado passa pela avaliação dos MIC de cada um dos antibióticos candidatos ao tratamento das fontes de infecção[6]. As CIM são, geralmente, o ponto da maioria das avaliações pré-clínicas de novos agentes antimicrobianos.[7]

A CIM de um agente antimicrobiano pode ser determinada através da preparação de soluções desse agente em concentrações crescentes, as quais são posteriormente incubadas com lotes individualizados de bactérias cultivadas. A medição dos resultados e determinação dos CIM é efetuada por diluição em ágar ou micro-diluição em meio líquido, seguindo as diretrizes de organizações tais como CLSI, BSAC ou EUCAST (Comité Europeu de Testes de Susceptibilidade Antimicrobiana).[8]


História editar

Aquando da descoberta e comercialização de antibióticos, foi desenvolvida a técnica de micro-diluição em meio líquido. Esta técnica desenvolvida por Alexander Fleming e permite a determinação dos valores de CIM por observação da turbidez do meio líquido em que as bactérias crescem, na presença de várias concentrações de antibióticos [9]. Mais tarde, na década de 80, estes métodos de determinação de CIM e as suas aplicações clínicas foram consolidados e padronizados pela CSLI. Dados os recentes desenvolvimentos nestas áreas de investigação tem implicado e o desenvolvimento contínuo de novos agentes antimicrobianos, organismos patogénicos e a evolução destes mesmos organismos, estes padrões são, eles mesmos, alvos de constantes atualizações [10].


Referências

  1. «Antimicrobial Therapy and Vaccines, Second Edition, Volume 1: Microbes». Journal of Antimicrobial Chemotherapy. 52 (4): 740–740. 1 de setembro de 2003. ISSN 1460-2091. doi:10.1093/jac/dkg432 
  2. Tripathi, K.D. (2013). Essentials of Medical Pharmacology 7th ed. New Delhi, India: Jaypee Brothers Medical Publishers. pp. 696,697 
  3. Tripathi, K. D.,. Essentials of medical pharmacology Seventh edition ed. New Delhi: [s.n.] ISBN 9789350259375. OCLC 868299888 
  4. Andrews, J. M. (1 de julho de 2001). «Determination of minimum inhibitory concentrations». Journal of Antimicrobial Chemotherapy. 48 (suppl 1): 5–16. PMID 11420333. doi:10.1093/jac/48.suppl_1.5 
  5. Yamamoto, Loren G. (February 2003). Chapter VI.4. Inhibitory and Bactericidal Principles (MIC & MBC). Case Based Pediatrics For Medical Students and Residents, University of Hawaii John A. Burns School of Medicine
  6. Turnidge JD, Ferraro MJ, Jorgensen JH (2003) Susceptibility Test Methods: General Considerations. In PR Murray, EJ Baron, JH Jorgensen, MA Pfaller, RH Yolken. Manual of Clinical Microbiology. 8th Ed. Washington. American Society of Clinical Microbiology. p 1103 ISBN 1-55581-255-4
  7. O'Neill, AJ; Chopra, I (agosto de 2004). «Preclinical evaluation of novel antibacterial agents by microbiological and molecular techniques.». Expert Opinion on Investigational Drugs. 13 (8): 1045–63. PMID 15268641. doi:10.1517/13543784.13.8.1045 
  8. Andrews, J. M. (1 de junho de 2001). «Determination of minimum inhibitory concentrations». Journal of Antimicrobial Chemotherapy. 48 (suppl 1): 5–16. PMID 11420333. doi:10.1093/jac/48.suppl_1.5 
  9. Fleming, A. (1 de janeiro de 1980). «On the Antibacterial Action of Cultures of a Penicillium, with Special Reference to Their Use in the Isolation of B. influenzae». Clinical Infectious Diseases. 2 (1): 129–139. ISSN 1058-4838. doi:10.1093/clinids/2.1.129 
  10. Jones, R.N. (janeiro de 1986). «NCCLS standards: Approved methods for dilution antimicrobial susceptibility tests». Antimicrobic Newsletter. 3 (1): 1–3. ISSN 0738-1751. doi:10.1016/0738-1751(86)90022-5