Os estudos culturais são um campo de investigação de caráter interdisciplinar que explora as formas de produção ou criação de significados e de difusão dos mesmos nas sociedades atuais. Nessa perspectiva, a criação de significado e dos discursos reguladores das práticas significantes da sociedade revelam o papel apresentado pelo poder na regulação das atividades cotidianas das formações sociais.[1][2] Sendo assim, os estudos culturais não se configuram exatamente como uma disciplina distinta, mas sim uma abordagem ampla dentro das disciplinas constituídas.[3]

O âmbito dos estudos culturais combina a economia política, a teoria da comunicação, a sociologia, a teoria social, a crítica literária, o cinema, a antropologia cultural, a geografia, a filosofia e o estudo dos fenômenos culturais nas diversas sociedades. Os estudiosos da área frequentemente se interessam por como um determinado fenômeno se refere a questões de Ideologia, nacionalidade, etnia, Género (sociedade) e classe social.[4]

Os Estudos Culturais são um ramo das humanidades particularmente forte no mundo de fala inglesa, e se desenvolveram em particular nos EUA a partir dos anos 1960, no contexto do surgimento do pós-modernismo, pós-colonialismo e multiculturalismo, e dos movimentos sociais como o movimento negro e a segunda onda do feminismo.

Um dos principais contribuintes dos Estudos Culturais Ingleses foi o autor Stuart Hall. O sociólogo de origem jamaicana foi diretor do Center for Contemporany Cultural Studies (CCCS), localizado na Universidade de Birmingham. Entre suas principais contribuições está da Teoria da Recepção, tese que organiza a comunicação em um processo de codificação-decodificação da mensagem. Em sua teoria, Hall rompe com a ideia da linearidade comunicativa entre emissor-receptor, considerando a importância do código na compreensão da mensagem. Além disso, admite a influência de fatores sociais, políticos e culturais que alteram na forma como o indivíduo decodifica mensagens. Nesse sistema, etapas independentes se relacionam no processo de formação da mensagem e sua posterior compreensão (produção, circulação, consumo/distribuição e reprodução). Ele ainda defende a impossibilidade de "erro" na compreensão de um conteúdo, o que ocorre é a assimetria entre o sentido pretendido pelo produtor (posição dominante) e o decodificado pelo receptor.[5]

Ver também editar

Referências

  1. JOHNSON, Richard et al. O que é, afinal, estudos culturais?. Autêntica Editora, 2006.
  2. MATTELART, Armand; NEVEU, Érik. Introdução aos estudos culturais. Parábola, 2004.
  3. ESCOSTEGUY, Ana Carolina. Os estudos culturais. Teorias da Comunicação: conceitos, escolas e tendências. Petrópolis, Vozes, p. 151-170, 2001.
  4. Teoría Culturalista y sus principales representantes
  5. “Encoding / Decoding”. [S.l.: s.n.] 

Ligações externas editar