Eu Sou um Gato (吾輩は猫である Wagahai wa neko de aru?) é um romance satírico do escritor japonês Natsume Sōseki , escrito em 1905 e publicado no Brasil em 2008, pela editora Estação Liberdade. A história do livro faz uma crítica à sociedade japonesa durante a Era Meiji (1868-1912), à desconfortável mistura entre cultura ocidental e tradições japonesas e à imitação de costumes ocidentais.[1]

Eu Sou um Gato
Autor(es) Natsume Sōseki
Idioma japonês
País  Japão
Gênero romance
Edição brasileira
Tradução Jefferson José Teixeira
Editora Estação Liberdade
Lançamento 2008
Páginas 486
ISBN 9788574481388

A obra está dividida em 11 capítulos e é narrada em primeira pessoa por um gato sem-nome, que compartilha com o leitor suas observações e reflexões sobre a mediocridade intelectual e mundana que o rodeia e a suas aventuras no universo em que vive.[2]

Enredo

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A história deste livro é narrada por um gato adotado por um professor mal-humorado e decadente de uma Tóquio do início do século XX, Chinno Kushami. O felino acompanha as conversas de seu amo com seus amigos e visitas, e apresenta um retrato da sociedade japonesa à época, com seus rígidos protocolos e as contradições da mistura entre os valores tradicionais e as novidades recém-importadas do ocidente. Mais do que um romance, esta obra se apresenta como uma crônica de costumes e uma crítica, bem-humorada e sempre ácida, da Era Meiji, que coincide com a restauração da monarquia e o fim da política isolacionista em vigor nos dois séculos do período feudal antecedente, à qual Soseki, com sua estética então inovadora, tentava se contrapor.[3]

Todos os personagens passam pelo crivo do felino que leva o leitor a uma jocosa aventura, chamando-o para ser seu cúmplice na tarefa de desvendar o trágico cinismo interior de cada personagem e seu mundo repleto de mesquinhez, mentiras, vaidades e desolação. Muitas vezes trazendo para o texto ideias de escritores e filósofos do passado ou contemporâneos, Soseki propõe uma reformulação do modo japonês de escrever e pensar, a partir do contato com o pensamento e os costumes do Ocidente.[1]

Desenvolvimento

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Originalmente, a história de Eu Sou um Gato foi apresentada por Sōseki a um grupo de leitura organizado pelo editor da revista literária Hototogisu, Takahama Kyoshi. No início, Sōseki pretendia escrever apenas um conto que, posteriormente, constituiu o primeiro capítulo da sua obra. Takahama, no entanto, queria publicar a história em sua revista e sugeriu várias alterações, incluindo a mudança do título de Crônica de um gato para Eu sou um gato. Com a primeira publicação, em 10 de janeiro de 1905, os leitores clamaram por mais, encantados com sua inteligência e leveza do toque, em contraste com a seriedade obstinada da ficção naturalista. Sōseki passou a publicar as continuações nas edições seguintes, até a conclusão da história em agosto de 1906.[4]

O título do livro, em sua língua original, usa uma forma de tratamento muito mais adequada a uma classe superior[1], transmitindo uma grandiloqüência e auto-importância com uma intenção irônica e satírica, já que o falante, um gato doméstico antropomorfizado, é um gato doméstico comum.[5]

Adaptações

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Referências

  1. a b c «Estação Liberdade: Eu sou um gato». Consultado em 4 de novembro de 2019 
  2. Natsume, Soseki (2008). Eu sou um gato. São Paulo: Estação Liberdade. 486 páginas 
  3. Faccioli, Luíz Paulo (fevereiro de 2013). «Um dândi felino». Rascunho. Consultado em 5 de novembro de 2019 
  4. Nathan, John (16 de maio de 2018). «On Soseki's Bitingly Critical Novel, I Am a Cat». Literary Hub. Consultado em 5 de novembro de 2019 
  5. Souza, Joy Nascimento Afonso de (2011). Natsume Sôseki - O Olhar Felino sobre as Múltiplas Faces do Homem de Meiji. São Paulo: [s.n.] 189 páginas. Consultado em 9 de novembro de 2019