Evaristo de Antoni
Evaristo de Antoni (Caxias do Sul, 1895 — Caxias do Sul, 23 de junho de 1954) foi um industrial brasileiro.
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![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/2/23/Trilhadeira_de_Evaristo_de_Antoni.jpg/300px-Trilhadeira_de_Evaristo_de_Antoni.jpg)
Era neto do imigrante italiano Antonio de Antoni, que chegou ao Brasil em 1889 vindo de Vicenza, nos primórdios da colonização italiana no Rio Grande do Sul, radicando-se na Colônia Caxias com seu filho Alessandro, onde em 1894 fundaram uma oficina mecânica. A empresa oferecia serviços de metalurgia e fundição muito essenciais na difícil época de instalação dos colonos, construía e reparava maquinários e equipamentos, e foi a primeira fábrica a produzir carretas na região, prosperando rapidamente.[1][2] Alessandro ganhou reputação por sua inventividade, foi o criador de uma trilhadeira que recebeu medalha de ouro na Exposição Agropecuária de Porto Alegre de 1912, e seria chamado de "um artista de mérito".[3][4]
Em 12 de novembro de 1913 Alessandro faleceu, quando desenvolvia planos para uma grande expansão na empresa.[3] Tendo apenas 18 anos de idade, Evaristo assumiu os negócios sob a razão social de Oficina Mecânica e Agrícola de Evaristo de Antoni & Cia., sendo o responsável pela materialização dos altos sonhos paternos. Em 1908 iniciou a produção das primeiras trilhadeiras inteiramente brasileiras, em 1912 a empresa transferiu-se para novas e mais amplas instalações, onde, passando por novas transformações, prosperaria por mais de 90 anos.[1] Em 1916 suas máquinas, balanças e carros receberam medalha de ouro na Exposição Agro-Industrial de Caxias.[5] Em 1925 já havia conquistado uma posição de destaque na economia regional, recebendo um bom espaço no álbum comemorativo dos 50 anos da imigração publicado pelo Governo do Estado e o Consulado da Itália.[2] Neste período na região colonial, e muito fortemente em Caxias, cristalizava-se uma identidade coletiva orgulhosa de suas façanhas e virtudes, reais ou pretensas, e também de suas raízes italianas, e assim não admira que tenha sido descrito no dito álbum em tom grandiloquente:
- "Evaristo de Antoni é a personificação típica daquela engenhosidade multiforme e da fecunda operosidade cuja força tem origem no dinamismo evolutivo incoercível da raça, e que caracteriza assim tão estupendamente tantos dos nossos compatriotas, todos tão cheios de qualidades, todos sem escola, mas que se fizeram mestres em tantos ofícios e artes. De tal modo Evaristo de Antoni criou uma fama que ultrapassa os confins do estado, onde seu estabelecimento não tem concorrentes. Das carretas e carros de campanha, das colheitadeiras às balanças, dos diversos maquinários para o beneficiamento de madeira aos artefatos de fundição de toda espécie, tudo representa o tenaz e admirável esforço de trabalho e de engenho de um homem: o diretor-proprietário Evaristo de Antoni".[2]
Evaristo foi também membro e conselheiro da Associação de Cultivadores de Viníferas,[6] sócio da Companhia Siderúrgica do Brasil,[7] membro da comissão organizadora da Festa da Uva de 1934,[8] e mantinha um serviço de carros de aluguel.[9]
Faleceu em 1954 em sua empresa, enquanto trabalhava.[10] Deixava-a na condição de uma das principais da cidade.[11] Gozando de "gerais simpatias" na comunidade, e sendo "vastamente relacionado",[12] seu sepultamento atraiu uma multidão de admiradores. Seu obituário louvou sua dedicação à Capela de Santa Catarina, à qual devotara constante colaboração, sendo um dos promotores da criação da paróquia a partir do antigo curato, além de ser regente do coro da Capela, e foi salientado seu papel de primeiro plano na consolidação do conceito da empresa familiar em todo o estado. Foi casado com Amélia d'Agostini, deixando os filhos Alexandre, Ludovina, Maria, Armando, Dante, Aldo, Nair, Elsa e Francisco.[13] Seu nome batizou uma escola e uma rua em Caxias.
Com o seu desaparecimento a empresa familiar foi reorganizada como a EDA, concentrando-se na produção de trilhadeiras, arados, grades, semeadeiras, plantadeiras e máquinas vinícolas.[1] Na década de 1990 marcava presença internacional.[14] Mais tarde, com nova reorganização, tornou-se a Duoville, especializada em fundidos para o mercado de autopeças, eletro-ferragem, tratores e implementos para transporte, com 80% da produção exportada para os Estados Unidos, e que foi extinta em 2008, tendo seu prédio histórico demolido. Em seu lugar surgiu a Fundifar, sediada em Farroupilha,[1] voltada para a reciclagem, uma das maiores reaproveitadoras de ferro na região de Caxias do Sul.[14]
Referências
- ↑ a b c d Hunoff, Roberto. "Caxias perde parte de sua história automotiva" Arquivado em 2 de março de 2018, no Wayback Machine.. AutoData, 29/02/2008
- ↑ a b c Cichero, Lorenzo (org). Cinquantenario della Colonizzazione Italiana nel Rio Grande del Sud, 1875-1925, vol. II. Comitato pro Cinquantenario [Governo do Estado do Rio Grande do Sul / Consulado da Itália], 1925, pp. 41-44
- ↑ a b "Alexandre de Antoni". O Brazil, 15/11/1913
- ↑ "Mais um padrão de gloria". Cidade de Caxias, 30/05/1912
- ↑ "A Exposição". O Brazil, 11/03/1916
- ↑ "Associação de Viticultores". A Época, 08/10/1939
- ↑ "Companhia Siderúrgica do Brasil". O Momento, 21/09/1942
- ↑ "Aproxima-se a Festa da Uva". O Momento, 15/01/1934
- ↑ "Tabela de preços para carros de aluguel". A Época, 09/07/1939
- ↑ "Necrologia". Jornal do Dia, 29/06/1954
- ↑ "Mérito Metalúrgico Gigia Bandera 2014 - Rogério Luís de Antoni". Assessoria de Comunicação do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul, 03/11/2014
- ↑ "Faleceu ontem o snr. Evaristo de Antoni". A Época, 24/06/1954
- ↑ "Evaristo de Antoni". A Época, 27/06/1954
- ↑ a b "Empresas de Caxias apostam em reciclagem e transformam sucata de ferro em filão de mercado". Pioneiro, 19/11/2015