Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas

A Exposição internacional de artes decorativas e industriais modernas (em francês: Exposition internationale des arts décoratifs et industriels modernes) foi uma exposição mundial que decorreu em Paris entre Abril e Outubro de 1925. A criação artística durante os Années folles em França foi marcada por este evento, que reuniu muitas das ideias e conceitos da vanguarda internacional nos campos da arquitectura e artes aplicadas. O termo Art Deco surgiu pela abreviação das palavras Arts Décoratifs do título desta exposição, embora apenas no final da década de 1960.[1][2] A exposição teve lugar entre a Esplanade des Invalides e as entradas do Grand Palais e Petit Palais.

Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas
Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas
Entrada da exposição na Praça da Concórdia
Localização Paris, França
Data Março a outubro de 1925

Esta exposição sintetizou o que décadas mais tarde seria designado por Art Deco, um estilo moderno caracterizado por um classicismo depurado, composições geométricas, simetria, e uma estética industrial suave. O cartaz da exposição, da autoria de Robert Bonfils, mimetizando a aparência duma gravura em madeira, mostrava uma ninfa atlética e moderna e uma gazela em corrida. A fonte de cristal de René Lalique foi uma das mais comentadas obras expostas. Outros motivos notórios incluem animais estilizados, focos de luz e motivos exóticos. Alguns destes motivos e a estética geral derivaram do cubismo decorativo Francês, da Bauhaus Alemã, do Futurismo Italiano e do Construtivismo Russo.

O corpo central da exposição reunia bens para o mercado de luxo, um sinal que, após a devastação da I Guerra Mundial, Paris era ainda o pólo das artes e do design. Ao mesmo tempo, outros exemplos como o pavilhão Esprit Nouveau e o Pavilhão Soviético foram notados pelo minimalismo decorativo moderno e renúncia à ornamentação supérflua.[3] A arquitectura moderna de Le Corbusier e Konstantin Melnikov foi fonte tanto de críticas como de louvores pela sua falta de ornamento. As críticas referiam-se sobretudo à nudez destas estruturas,[4] quando comparadas com o excesso de outros pavilhões, como o pavilhão da autoria de Émile-Jacques Ruhlmann. Estes trabalhos modernistas são hoje tomados como parte dos seus movimentos artísticos próprios e o termo Art Deco é usado para outros trabalhos presentes na exposição.

O pavilhão Esprit Nouveau de Corbusier por outras razões para além da aparência minimalista, como o vasto projecto teórico de que o pavilhão era apenas uma respresentação. L'Esprit Nouveau era o nome de um jornal Parisiense no qual Corbusier publicou em primeira mão excertos do seu livro Vers une architecture[5][6] Foi no pavilhão que exibiu o Plano Voisin para Paris, designado assim em homenagem ao pioneiro da aviação Gabriel Voisin,[3] e onde são propostos uma série de edifícios idênticos com 200 metros de altura que substituiriam uma grande parte central de Paris.[7] Embora nunca tenha sido construído, o pavilhão era, e representava, um apartamento modular dentro do projecto mais amplo.[8]

Exemplos notáveis do construtivismo Russo foram o grémio de operários desnehado por Alexander Rodchenko e o pavilhão soviético desenhado por Melkinov.[9] Vadim Meller recebeu uma medalha de ouro pelo seu trabalho de cenografia, tendo também os trabalhos dos outros estudantes da Vkhutemas obtido inúmeros prémios.[10] and Melnikov's pavilion won the Grand Prix.[4]

Devido a tensões inerentes à I Guerra Mundial, a Alemanha não foi convidada. Contudo, a Áustria contribuiu com a exposição Cidade no Espaço de Frederick Kiesler,[10] e o artista polaco Tadeusz Gronowski obteve o Grand Prix na categoria de artes gráficas. O arquitecto Dinamarquês Arne Jacobsen, ainda estudante, obteve uma medalha de prata pelo seu projecto para uma cadeira.[11]

Referências

  1. O termo foi proposto pelo crítico e historiador de arte Bevis Hiller
  2. Bevis Hillier, Art Deco of the 20s and 30s (Studio Vista/Dutton Picturebacks), 1968
  3. a b Dr Harry Francis Mallgrave, Modern Architectural Theory: A Historical Survey, 1673-1968, Cambridge University Press, 2005, page 258, ISBN 0521793068
  4. a b Catherine Cooke, Russian Avant-Garde: Theories of Art, Architecture, and the City, Academy Editions, 1995, Page 143.
  5. Em Português: Por uma arquitectura.
  6. Hanno-Walter Kruft, A History of Architectural Theory: From Vitruvius to the Present, Princeton Architectural Press, 1994, Page 397, ISBN 1568980108
  7. Anthony Sutcliffe, Paris: An Architectural History, Yale University Press, 1993, Page 143, ISBN 0300068867
  8. Christopher Green, Art in France, 1900-1940, Yale University Press, 2000, ISBN 0300099088
  9. «MoMA | exhibitions | Rodchenko | Worker's Club 1925». Consultado em 13 de dezembro de 2011. Arquivado do original em 17 de agosto de 2007 
  10. a b Penelope Curtis, Sculpture 1900-1945: After Rodin, Oxford University Press, 1999.
  11. «Arne Jacobsen». Design Museum. Consultado em 1 de janeiro de 2010 

Ligações externas

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