Facilitação empresarial
Definição editar
Facilitação Empresarial (Enterprise Facilitation) é um método de desenvolvimento econômico sustentável a partir de suporte individual a empreendedores locais. Esse método foi proposto por Ernesto Sirolli, conforme descrito em sua dissertação de doutorado em 2004, e teve sua primeira implementação na Austrália em 1985.[1] Desde então, diversos estudos investigaram a aplicação da Facilitação Empresarial por atores públicos e privados em uma ampla gama de iniciativas buscando promover empreendedorismo e gerar crescimento econômico local.[2][3][4][5][6]
A maioria dos estudos descreve a implementação de projetos de Facilitação Empresarial como complementar a investimentos públicos de infraestrutura.[1][7] Essas publicações argumentam que, enquanto governos tenham condição de criar a infraestrutura necessária para as pessoas e empresas operarem, a Facilitação Empresarial ajuda a criar e reter os negócios que darão uso e se beneficiarão dessa infraestrutura.[8]
Componentes editar
Iniciativas de facilitação empresarial têm três componentes principais: um facilitador empresarial, o Tripé da Administração (Trinity of Management) e um comitê de recursos.[1][8]
Facilitador Empresarial editar
O Facilitador Empresarial é um agente de desenvolvimento econômico; uma pessoa local que é treinada e colocada à disposição de qualquer indivíduo que queira iniciar ou expandir um negócio na comunidade.[9] Esse agente é treinado para trabalhar de forma individual, gratuita e confidencial com aspirantes a empreendedores. Os Facilitadores Empresariais também são instruídos a nunca sugerir ideias aos empreendedores, mas apenas facilitar seu acesso a recursos para transformar suas próprias ideias e paixões em negócios sustentáveis.[1][10][11]
Tripé da Administração (Trinity of Management) editar
O Tripé da Administração (Trinity of Management)[1][12] é um conceito de negócios que argumenta que todo negócio ou empresa possui três componentes principais:
- Produto (ou serviço);
- Marketing; e
- Gestão financeira.
Ademais, esse conceito argumenta que cada um desses três componentes corresponde a um tipo de personalidade diferente, fazendo com que nenhum indivíduo seja igualmente capaz de se destacar em todas as três áreas de um negócio.[12] Consequentemente, o método recomenda que empreendedores nunca iniciem um negócio sozinhos. Em vez disso, devem focar na sua principal área de interesse e especialização, e se cercar de parceiros de negócios que possam executar as demais áreas com similar paixão e maestria.[10]
Comitê de Recursos editar
O Comitê de Recursos é um grupo formado por profissionais com amplas redes na comunidade local. Este comitê possui dois objetivos principais. O primeiro é ajudar o Facilitador Empresarial a encontrar seus primeiros clientes: os aspirantes a empreendedores. Para isso, o Facilitador Empresarial é apresentado a diversas pessoas da rede do comitê. Durante essa introdução, o Facilitador Empresarial menciona que, caso o interlocutor saiba de alguém que esteja buscando iniciar ou expandir um negócio, o Facilitador está fornecendo suporte gratuito e confidencial para facilitar o sucesso do negócio.[1][10][11]
O segundo objetivo do Comitê de Recursos, depois que os primeiros clientes são encontrados, é o de ajudar o Facilitador Empresarial a conectar os empreendedores a recursos locais. O comitê pode, por exemplo, apresentar os empreendedores a potenciais parceiros de negócios para formar o Tripé da Administração, a oportunidades de financiamento, ou a oportunidades de educação empreendedora.[10]
Princípios editar
Os princípios da Facilitação Empresarial, conforme descrito em sua publicação original, baseiam-se nas diretrizes da Psicologia Humanística e do Desenvolvimento Econômico Comunitário. Seguindo a escola Rogeriana de psicologia, o método defende uma abordagem exclusivamente de-resposta como o meio de fomentar o desenvolvimento econômico e humano. Nessa abordagem, agentes de desenvolvimento assumem a figura de facilitadores, não de especialistas. Da mesma forma, os agentes ajudam os empreendedores apenas a acessar os meios para seu sucesso, e não a determinarem seus objetos de finalidade.[1][10]
A Facilitação Empresarial também exige que os agentes de desenvolvimento esperem que indivíduos venham até eles em busca de apoio e proíbe o início de qualquer atividade assistencial que traga ideias pré-concebidas à comunidade ou cliente. Assim, o método é desenhado para ser levado apenas às comunidades nas quais houve um convite ou pedido de auxílio vindo da própria comunidade.[1][10]
Uma vez que essas condições sejam cumpridas, um membro da comunidade local pode ser treinado para se tornar um Facilitador Empresarial e fornecer serviços gratuitos e confidenciais de suporte local a aspirantes a empreendedores. Essas diretrizes vêm da crença de que paixão individual é o elemento base para o sucesso nos negócios e, além disso, algo que não pode ser ensinado. É por isso que na Facilitação Empresarial, os agentes precisam esperar que os indivíduos venham até eles. Pois, não há como motivar ou ensinar alguém a gostar de algo. Somente então, os agentes podem facilitar o acesso desses indivíduos a conhecimento, parceiros de negócios e oportunidades de financiamento.[1][10]
Referências
- ↑ a b c d e f g h i Sirolli, Ernesto (2004). «PhD Thesis, Local Enterprise Facilitation» (PDF). Murdoch University
- ↑ Collins, Jock (2016) From Refugee to Entrepreneur in Sydney in Less Than Three Years, UTS Business School, Sydney
- ↑ CEMI Report / Communities of Enterprise - Future Strategies for the Business Enterprise Centres of Western Australia, 2003
- ↑ McFaul and Xavier "Supporting mining community development through economic diversification: The adoption of Enterprise Facilitation (EF) in Cobar, Australia", 6th International Conference on Sustainable Development in the 89 Minerals Industry, 30 June – 3 July 2013, Milos island, Greece
- ↑ CREW: Review evidence: Paper 3, "Enterprise facilitation Two case studies of the Sirolli approach"
- ↑ Macdonald, "The role of participation in sustainable community development programmes in the extractives industries" Working Paper 2017/28, 2017
- ↑ Moon and Willoughby, Australian Journal of Public Administration Vol. 49 No. 1, March 1990, "LOCAL ENTERPRISE INITIATIVES: BETWEEN STATE AND MARKET IN ESPERANCE"
- ↑ a b Sirolli, Ernesto. Ripples from the Zambezi: Passion, Entrepreneurship and the Rebirth of Local Economies. New Society Publishers, 1999.
- ↑ Scorsone and Powers, Entrepreneurial Facilitation: Approaches for Boosting Entrepreneurship in Local Economic Development
- ↑ a b c d e f g Sirolli, Ernesto (1999). Ripples from the Zambezi: Passion, Entrepreneurship and the Rebirth of Local Economies. [S.l.]: New Society Publishers
- ↑ a b Strategic & Operational Review of the Enterprise Facilitator Pilot Report for Scottish Enterprise Highlands & Islands Enterprise, The Scottish Government, March 2009
- ↑ a b Brower, Patrick. «Brower: What is the Trinity of Management?». www.skyhinews.com (em inglês). Consultado em 24 de março de 2021