Forte inglês de Cumaú

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O Forte inglês de Cumaú (também grafado como Camaú) localizava-se na altura da atual ponta da Cascalheira, à margem esquerda do rio Amazonas, na antiga Província dos Tucujus, cerca de quinze quilômetros ao Sul de Macapá, no atual estado do Amapá, no Brasil.

Forte inglês de Cumaú
Construção Carlos I de Inglaterra (c. 1630)
Aberto ao público Não

História editar

Uma expedição enviada por uma companhia de comércio inglesa, da qual o próprio duque de Buckingham era sócio, sob o comando de Roger Fray, erigiu, no início do século XVII, este fortim, artilhado com sete peças. Esta feitoria fortificada, destinava-se ao armazenamento de drogas do sertão e, de acordo com TINÉ (1969:45), ela, e os demais estabelecimentos ingleses erguidos na Amazônia à época, tiveram a autorização dos reis Jaime I de Inglaterra (1603-1625) e Carlos I de Inglaterra (1625-1645). CASTRO (1983:23) complementa que estes soberanos ingleses doaram terras na região a fidalgos da sua Corte, entre os anos de 1613 e 1627.

A seu respeito CERQUEIRA E SILVA (1833), deixou registrado:

"Sucederam a estes [os Irlandeses de James Purcell] os ingleses comandados por Rogero Fray, levantando na mesma ilha dos Tocujus um novo forte que chamaram Camaú, guarnecido de grossa artilharia, espalhando entre os índios, cuja amizade granjearam, a notícia de um grande socorro de quinhentos homens vindos da Inglaterra; porém Ayres de Souza Chichorro atacando-os no dia 22 de julho de 1632, dispersou-os com grande mortandade, e lhes apresou um navio que conduziu à capital.
No princípio do ano seguinte verificou-se a certeza dos reforços que os ingleses diziam esperar: um navio chegado à ilha dos Tocujus mandou a terra quatro pessoas, sendo retidos, e depois conduzidos ao Maranhão ao Governador-geral declararam, que Thomaz, conde de Breschier, pretendia formar uma povoação no lugar que mandara guarnecer com o forte Cumaú, e que por sua ordem estavam fretadas em Flessingues, e em alguns portos de Inglaterra diversos navios, para transporte de soldados, com os quais pretendia fortificar-se em todo o rio Amazonas e conquistá-lo: esta notícia fez com que se preparasse logo a oposição, porém somente em 1639 surgiu defronte de Gurupá um patacho, que foi apresado pelo comandante daquele forte, não se numerando os holandeses, que havendo-se apoderado do Maranhão em 1641, construiram algumas feitorias dentro do rio Gurupi, até que inteiramente foram expulsas em 1645. (...)" (op. cit. p. 191)

TINÉ (1969:45), sobre o episódio, entende que após a rendição de Philip Purcell, comerciante irlandês de tabaco, no Forte do rio Tauregue, que periodiza em 1628, Roger North chegou com reforços. Repelido pelas forças portuguesas [no Gurupá], ergueu na ponta de Macapá, o Forte de Cumaú, conquistado pelo Capitão-mor do Pará, Jácome Raimundo de Noronha (1631). ALBUQUERQUE (1968) ratifica o nome de Jácome Raimundo de Noronha e a data de 1631, acrescentando a participação de Pedro da Costa Favela no episódio (Pequeno Dicionário de História do Brasil).

Em 1631, uma nau e dois patachos, que se dirigiam ao Forte do rio Tauregue com gente e reforços, cientes da queda deste desde 1629, retornaram à Inglaterra. Um dos patachos, entretanto, com parte dos quarenta tripulantes doente, dirigiu-se a Cumaú na tentativa de obter auxílio.

Cientes dessa movimentação, o Capitão-mor Feliciano Coelho de Carvalho, com os reforços de Ayres Chichorro e Pedro Baião de Abreu, à frente de um destacamento de Belém do Pará, apoiados por indígenas flecheiros Tucujus em canoas, atacaram e conquistaram a posição inglesa em Cumaú, a 9 de julho de 1631 (GARRIDO, 1940:25). O comandante do forte não foi encontrado entre os defensores - fora ao encontro da nau com os reforços. Ayres Chichorro perseguiu-o e, encontrando a nau a 14 de julho, abordou-a com os indígenas, tomando-a, matando Roger Fray, e retornando a Belém com a embarcação apresada, a artilharia da fortificação e os despojos dos vencidos (GARRIDO, 1940:25; REIS, 1949). OLIVEIRA (1968) esclarece os efetivos portugueses mobilizados para o efeito: Carvalho, Chichorro e Abreu reuniram em Cametá 127 canoas com 240 soldados e 5.000 índígenas. Dá, entretanto as datas como: o assalto inicial terá se registrado em 19 de junho de 1632, e a rendição da fortificação em 9 de julho (de 1632, portanto). Complementa com o comentário de Artur Viana, de que "era o último reduto inglês na Amazônia". (OLIVEIRA, 1968:749)

SOUZA (1885) remonta este forte a 1620, atribuindo a sua destruição a Feliciano Coelho [de Carvalho], em 1632. (op. cit., p. 33-34)

BARRETTO (1958) periodiza a construção do forte no ano de 1631, e sua conquista no ano seguinte, por Feliciano Coelho de Carvalho e Pedro Baião (op. cit., p. 44).

Sobre as suas ruínas foi erguido um novo fortim de madeira, com a mesma designação (Forte português de Cumaú), por Francisco da Mota Falcão (1658), por sua vez sucedido pelo Forte de Santo Antônio do Macapá (1688.

Bibliografia editar

  • BARRETO, Aníbal (Cel.). Fortificações no Brasil (Resumo Histórico). Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora, 1958. 368p.
  • CASTRO, Therezinha de. O Brasil da Amazônia ao Prata. Rio de Janeiro: Colégio Pedro II, 1983. 122p.
  • CERQUEIRA E SILVA, Ignácio Accioli de. Corografia Paraense ou Descripção Física, Histórica e Política da Província do Gram-Pará. Bahia: Typografia do Diário, 1833.
  • GARRIDO, Carlos Miguez. Fortificações do Brasil. Separata do Vol. III dos Subsídios para a História Marítima do Brasil. Rio de Janeiro: Imprensa Naval, 1940.
  • SOUSA, Augusto Fausto de. Fortificações no Brazil. RIHGB. Rio de Janeiro: Tomo XLVIII, Parte II, 1885. p. 5-140.
  • OLIVEIRA, José Lopes de (Cel.). "Fortificações da Amazônia". in: ROCQUE, Carlos (org.). Grande Enciclopédia da Amazônia (6 v.). Belém do Pará, Amazônia Editora Ltda, 1968.
  • TINÉ, José Sales. História do Brasil (4a. ed.). Rio de Janeiro: Gráfica Muniz S/A, 1969. 140p. mapas.

Ver também editar

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