Nota: Se procura dramaturgo e oficial da marinha, veja Gastão Fausto da Câmara Coutinho.

D. Gastão Coutinho (1590 - 1653), fronteiro-mor no Entre Douro e Minho, foi um d̟´Os Quarenta Conjurados portugueses que deram o golpe de Estado, no dia Primeiro de Dezembro de 1640, contra o poder ̈a Dinastia Filipina, a favor da Restauração de Portugal[1]. Durante esse acontecimento histórico foi um dos que participou na tomada do Paço da Ribeira[2].

Gastão Coutinho

Quando esteve envolvido na conjura era já um militar experiente, que tinha combatido os mouros em Tânger. Terá sido igualmente ele, depois, que terá conduzido a rendição e o controle da fortaleza de Cascais, junto ao rio Tejo, à entrada da barra de Lisboa, no dia 10 de dezembro.

Após a aclamação de D. João IV, no dia 15 de dezembro e a pacificação da mesma Cascais, recebeu novas ordens do monarca, “donde logo elRey D. João o mandou por General da Província de entre Douro, & Minho, para onde partiu no primeiro de Janeiro de 1641 aonde assistiu com a mesma ocupação até o fim do anno de 1642[3] [4][5].

Teria sido no exercício daquela atividade militar que D. Gastão Coutinho seria agraciado com a visão miraculosa da “Hóstia na Lua figurada Virgem Nossa Senhora”, que se mostrou, igualmente, a centenas de portugueses pelos céus de Braga e adjacências, segundo D. Gregório de Almeida, autor da obra «Restauração de Portugal Prodigiosa»[3].

Na sequencia desse acontecimento e devido ao bom resultado de todos os combates militares onde esteve envolvido, que mandou levantar uma capela na quinta do Grilo, no morro da Ilha do Grilo, em Lisboa. Propriedade do seu cunhado Francisco Gonçalves da Camara e Ataíde e onde D. Isabel Ferraz, mulher de D. Gastão, se encontrava instalada nessa insegura altura[3].

Já correndo o ano de 1652, ele e sua mulher, instituíram essa ermida que intitularam que essa se chama-se Nossa Senhora do Rosário da Restauração, e fosse a cabeça de um morgado, e que este era deixado a cargo de Luís Gonçalves Coutinho da Camara, seu sobrinho, por não terem geração[6][7].

Após aberta ao culto em 1654[8], as festas em memória da Restauração, promovidas pelo rei de Portugal, e nas cerimônias festivas da Virgem do Rosário da Restauração que passaram a ser no dia da Visitação da Nossa Senhora, sob a indicação D. Gastão Coutinho, acrescentou ainda instruções específicas para que se apresentassem nesses dias os estandartes dos inimigos vencidos por ele, em nome do rei, com o apoio da Virgem Maria, representada na sua imagem de particular devoção[9][10].

Referências

  1. A Restauração Prodigiosa de Portugal. 1640-1668, por João André de Araújo Faria, Dissertação de mestrado de Pós-graduação em História, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, 2010, pág. 50 e 71
  2. ̪A Relação de Tudo que se Passou na Felice Aclamação do Mui Alto E Mui Poderoso Rey Dom Joam o IV Nosso Senhor (...), p.27.
  3. a b c A Restauração Prodigiosa de Portugal. 1640-1668, por João André de Araújo Faria, Dissertação de mestrado de Pós-graduação em História, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, 2010, pág. 72
  4. Em meados de Janeiro, D. Gastão Coutinho (1590/1653), membro do Conselho de Guerra, chegava à de Entre Douro e Minho e, no início de Fevereiro, Rodrigo (ou Rui) de Figueiredo de Alarcão (1595/1679) entrava na de Trás-os-Montes. Ambos eram militares com larga experiência nas guerras do ultramar e tinham participado activamente na revolta do 1º de Dezembro, fazendo parte do grupo dos 40 Conjurados. A sua primeira preocupação foi a de preparar a defesa da fronteira, reparar e guarnecer as fortificações e organizar e disciplinar o Exército, - António de Queirós Mascarenhas: um amarantino na Guerra da Restauração, por José Pinto Da Cunha, Amarante Magazine, 5 de Abril, 2022
  5. Quando D. Gastão Coutinho deixou o governo da província, para em Lisboa desempenhar outro cargo e participar nas segundas Cortes convocadas para o ano seguinte. Ficou a substituí-lo uma junta de três governadores, constituída pelo mestre de campo Eustache Pierre Viole, senhor de Atis, militar francês muito estimado pelos seus soldados e pelo próprio Rei, Manuel Teles de Menezes, alcaide-mor de Viana, e Diogo de Melo Pereira, capitão-mor de Barcelos e cavaleiro da Ordem de Malta. . António de Queirós Mascarenhas: um amarantino na Guerra da Restauração, por José Pinto Da Cunha, Amarante Magazine, 5 de Abril, 2022
  6. A Restauração Prodigiosa de Portugal. 1640-1668, por João André de Araújo Faria, Dissertação de mestrado de Pós-graduação em História, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, 2010, pág. 73
  7. A instituição do morgado por D. Gastão Coutinho (m. 1653), fidalgo da Casa de Sua Majestade e do seu Conselho, e por sua mulher D. Isabel Ferraz, remonta a 1652. Por não terem filhos, os bens passaram para a descendência da irmã de D. Gastão, D. Filipa Coutinho, casada com Francisco Gonçalves da Câmara e Ataíde, senhor das ilhas Desertas. Desse casamento nasceu Luís Gonçalves da Câmara e Ataíde (n. 1620), senhor das ilhas Desertas, alcaide-mor de Torres Vedras, comendador de Santiago de Caldelas e vereador da Câmara de Lisboa, que casou com D. Isabel de Noronha, filha de Diogo de Saldanha de Sande, comendador de Casével, e de D. Catarina Pereira, senhora da Casa da Taipa. O único filho de Luís Gonçalves da Câmara e de D. Isabel de Noronha, Gastão José da Câmara Coutinho (n. 1655), casado com D. Maria Benta de Noronha, foi herdeiro da Casa da Taipa. - Morgado de D. Gastão Coutinho, Data: 1722-1730, Código de referencia PT/TT/MGC, Arquivo Nacional da Torre do Tombo
  8. A Restauração Prodigiosa de Portugal. 1640-1668, por João André de Araújo Faria, Dissertação de mestrado de Pós-graduação em História, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, 2010, pág. 74
  9. dia da festa, “além da armação da Ermida, se poem nella as bandeiras, que D. Gastão ganhou assim aos Galegos na Provincia de entre Douro, & Minho; como em Tângere aos Mouros”, - A Restauração Prodigiosa de Portugal. 1640-1668, por João André de Araújo Faria, Dissertação de mestrado de Pós-graduação em História, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, 2010, pág. 73
  10. ... a ermida de D. Gastão Coutinho, a tal hoje difícil de localizar, mas que teria sido nas proximidades da Calçada e das Escadinhas que chamamos de D. Gastão. - A Paróquia de São Bartolomeu de Lisboa, por Sidónio Miguel, Olisipo, ano IV, nº 15, julho de 1941, pág.90