Guerino Casassanta (Minas Gerais, 1894-1962[1]) foi professor em Belo Horizonte, exerceu o cargo de Inspetor de Instrução, sendo professor de Psicologia no Instituto Estadual de Educação[2], e um autor de livros principalmente sobre pedagogia, sendo a sua obra mais citada o livro Jornais Escolares (1939).

Livros editar

Amaral [3](2013, p.125 e 126) cita no artigo Os jornais estudantis Ecos Gonzagueanos e Estudante: apontamentos sobre o ensino secundário católico e laico (Pelotas/RS, 1930 a 1960) as reflexões de Casasanta: No que tange à análise de jornais estudantis ou, como eram especificados pela bibliografia da época, jornais escolares, no período pós 1930, é fundamental a leitura de Guerino Casasanta que publicou, em 1939,o livro Jornais escolares, resultado de um inquérito sobre jornais escolares, realizado em Minas Gerais no ano de 1933, quando ocupava o cargo de inspetor de ensino do Estado.

Nessa obra, o autor fundamenta a importância pedagógica do jornal escolar para os alunos e para a escola, aponta objetivamente as possibilidades de sua inserção junto ao currículo escolar e apresenta em detalhes as etapas de sua elaboração e organização, ou seja, dá as dicas de como fazer um tipo ideal de jornal escolar.

Nesse trabalho, o aluno, sob a supervisão de seus professores, exerceria uma atividade que o prepararia para o futuro, vivenciando situações que levassem a: “preparar o indivíduo a viver numa democracia; tornar o indivíduo guia de si mesmo; ensinar o valor da cooperação; despertar o interesse do educando pela escola; despertar no educando os sentimentos de ordem e de legalidade, etc.” (Casasanta, 1939, p. 39-40).

Casasanta (1939) reitera a importância do jornal escolar e afirma que:

A escola deve ser uma família, devendo predominar aí o espírito coletivo. O jornal alimenta esse espírito, promove a cooperação, estimula as iniciativas. É o traço de união entre seus membros.As atividades escolares, como, aliás, todas as atividades sociais, requerem estímulo e incitamento. A publicidade é um meio de êxito e sucesso. O jornal escolar pode manter vivas as atividades, incentivando o entusiasmo entre os alunos, levando-os a empregar nelas todo o esforço e toda a atenção.O jornal une a escola à sociedade, pondo-a constantemente a par de sua vida e de suas realizações. Estabelece, assim, um entendimento recíproco, interessando o povo na obra escolar.O jornal leva aos pais, aos ex-alunos e a todos as notícias da escola. Matem-se, dessa forma, sempre vivo o interesse daqueles que viveram na escola e cujas notícias lhes são particularmente gratas.As notícias davida escolar, de suas iniciativas e atividades, suscitarão iguais procedimentos a outros estabelecimentos.Não se poderá dizer que o treino do aluno no jornal escolar seja indício de que, mais tarde, se trone um jornalista [...] Entretanto o exercício que o jornal escolar facilita, poderá ser o ponto de partida da revelação de uma tendência. (p. 40 e 41)[4]

Além dos pressupostos citados, o autor assinala que o jornal escolar repercutiria no desenvolvimento de qualidades que as matérias de ensino não incentivavam, senão em pequena escala, tais como a iniciativa, a liderança e as características pessoais dos alunos. O jornal seria uma forma de estabelecer intercâmbio entre as escolas, de registrara história da mesma, de propagar a escola, de atrair para ela o interesse da população: “o que devemos esperar do jornal é que seja educativo.É meio ótimo para que a personalidade da criança se patenteie, indicando os seus anseios, as suas tendências, as suas aptidões” (Ibid.,p. 41).

O trabalho de Casasanta também é mencionado por Pinheiro (2004). A autora menciona que Casasanta traça prescrições detalhadas para o desenvolvimento satisfatório do jornal escolar sistematizadas a partir da experiência.

Segundo o autor, o texto deveria ser de cunho nitidamente infantil, mas dirigido pelo professor. Esta orientação é um exemplo de como deveria ser a linguagem do jornal escolar ideal, que despertasse o interesse e a curiosidade infantis. O jornal escolar, segundo Casasanta é caracterizado como um jogo, uma brincadeira que prepara para o futuro. O autor afirmava que, se o jornal não tiver a participação ativa do aluno, será uma atividade inteiramente perdida e defende essa participação desde o processo de criação do periódico como condição para que se torne um eficiente instrumento de progresso e crescimento. O autor confirma que o jornal escolar está incluído no rol das atividades extra-classe e destaca os valores genéricos dessas atividades, tomando o cuidado, porém, de atribuí-los especificamente aos jornais escolares. São eles: Preparar o indivíduo a viver numa democracia; tornar o indivíduo guia de si mesmo; ensinar o valor da cooperação; despertar o interesse do educando pela escola; despertar no educando os sentimentos de ordem e de legalidade, etc. [5]

Em 1932, um artigo assinado por Guerino Casassanta (Santos, 2019, p.76-77) manifestava a preocupação com os prejuízos de se confundir retardados com os anormais. E faz uma defesa da homogeneização das classes, de modo que os retardados pudessem ter o destino certo, com educação que lhes era devida e necessária:

O trabalho de homogeneização das classes, que se tem processado em nossos grupos escolares, motivou o estudo de um problema sério e relevante: o destino dos retardados. Sabe-se que essas crianças apresentam um crescimento mental deficiente, muito abaixo da média normal e, em consequência, com pequenas probabilidades de vencerem e progredirem. Ao contrário do que se possa supor, essas crianças requerem um cuidado todo especial pelas dificuldades de adaptação ao meio social e, por isso, destinadas, em regra, a aumentar o número dos inúteis, dos viciosos e dos pervertidos. A escola tem o dever de examinar cuidadosamente a situação dessas crianças e procurar solucioná-la de maneira que, mais dia, menos dia, não se vejam elas na impossibilidade de viver honestamente. (REVISTA DO ENSINO, 1932, p. 38).

Escolas editar

Em Minas Gerais, existem escolas com o nome do Prof. Guerino Casassanta.

São elas:

  • Escola Estadual Professor Guerino Casassanta na Rua Treze de Maio, 2009. Bela Vista. Ouro Fino-MG (Link)
  • Escola Estadual Professor Guerino Casassanta na Rua São Miguel, 269. São Miguel Arcanjo. Ribeirão das Neves - MG (Link)
  1. FILGUEIRAS, Zuleide Ferreira. A presença italiana em nomes de ruas de Belo Horizonte: passado e presente. 2011. 349f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos da Faculdade de Letras, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2011.
  2. SANTOS, Eli Ribeiro dos. A educação da anormalidade na Revista do Ensino de Minas Gerais (1925-1940). 2019. 116 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Ouro Preto, Mariana, 2018.
  3. Amaral, Brasil, G. L. do. (2013). Os jornais estudantis Ecos Gonzagueanos e Estudante: apontamentos sobre o ensino secundário católico e laico (Pelotas/RS, 1930 a 1960) - The student newspaper Ecos Gonzagueanos e Estudante: notes on the secondary schools catholic and secular (Pelotas/RS). Revista História Da Educação, 17(40), 121–142. Disponível: https://seer.ufrgs.br/index.php/asphe/article/view/38090 Acesso em 03 Junho 2023
  4. Casasanta, Guerino (1939). Jornais escolares. Minas Gerais: Companhia editora nacional. p. 39-41. 3 páginas 
  5. PINHEIRO, Ana Regina. O jornal escolar Nosso Esforço e as práticas escolares do curso primário do Instituto de Educação (1936-1939). In: ENCONTRO REGIONAL DE HISTÓRIA – O lugar da História, 17., 2004, Campinas. Anais..., Campinas, 2004. p. 2-8. Disponível em: http://www.anpuhsp.org.br/sp/downloads/CD%20XVII/ST%20XXIII/ Ana%20Regina%20Pinheiro.pdf. Acesso em: 03 Junho 2023.