Hamurabi I

político
 Nota: Para outras pessoas de mesmo nome, veja Hamurabi (desambiguação).

Hamurabi I (r. ca. 1764 - ca. 1 750 a.C. pela cronologia média) é o terceiro rei atestado de Iamade (Halabe).[2] Sucedeu seu pai Iarinlim I no trono e desfrutou do apogeu de seu reino de modo que foi considerado como um dos maiores reis de sua era.

Hamurabi I
Grande rei de Iamade
Reinado ca. 1764 - 1 750 a.C.
Antecessor(a) Iarinlim I
Sucessor(a) Abael I
Nascimento século XVIII a.C.
Morte 1 750 a.C.
Descendência Abael I
Iarinlim
Nacusse
Tateia[1]
Pai Iarinlim I
Mãe Gásera
Religião mitologia amorita

Vida editar

Hamurabi nasceu em data desconhecido, filho do rei alepano Iarinlim I e sua esposa, a rainha Gásera.[3] Como um príncipe coroado, foi assistindo pelo secretário privado Sim-Abusu e é conhecido através dos tabletes de Mari.[4] Quando Hamurabi assumiu o trono em 1 764 a.C. (segundo a cronologia média),[2] o reino de Iamade que seu pai havia lhe legado estava no ápice de seu poder devido às alianças feitas com Hamurabi da Babilônia e Ibalpiel II de Echnuna e a supressão da ameaça vinda de Catna, e Hamurabi esteve entre os reis mais fortes de sua era.[5][6][7]

No começo de seu reinado, Hamurabi I enviou tropas para auxiliar o rei babilônico Hamurabi contra Siuepalarupaque do Elão que havia invadido a Babilônia.[8] Nessa ocasião, Amutepiel de Catna tentou formar uma aliança com o rei elamita,[9] mas Zinrilim de Mari alertou Hamurabi I e os emissários elamitas foram capturados nas fronteiras quando tentavam retornar ao Elam.[10] Após derrotar o Elam, Hamurabi I enviou para Hamurabi da Babilônia tropas para ajudá-lo contra Larsa,[11][12] e o Reino de Iamade por esta época aparentemente estava com o mesmo estatuto da Babilônia como evidenciado pelo tratamento dos emissários iamaditas por Hamurabi da Babilônia, o que gerou uma reclamação dos delegados de Mari.[13]

 
Iamade e Estados vassalos pelo tempo da morte de Hamurabi I. Á época seus vizinhos eram o Império Paleobabilônico de Hamurabi (verde) e o Reino de Catna (castanho)

Devido ao fato de Zinrilim ter se tornado rei com ajuda de Iamade, Mari foi um Estado semi-cliente dos iamaditas,[14] e nas correspondências entre Zinrilim e Iarinlim I, o rei de Mari chama o rei iamadita de seu pai. Esta situação, por sua vez, ajudou o comércio de Iamade, pois Mari localizava-se entre a Babilônia e Halabe (atual Alepo), e m certa ocasião, Hamurabi I enviou um exército de 10 000 soldados para auxiliar Zinrilim.[15] O senhorio de Iamade sobre Mari era tão forte que o rei de Ugarite solicitou a Hamurabi I que intermediasse com Zinrilim para permiti-lo visitar o famoso Palácio de Mari.[16]

A aliança político-militar com a Babilônia terminaria quando Hamurabi invadiu Mari e destruiu-a em ca. 1 761 a.C..[17] Apesar disso, as relações econômicas continuaram, pois a Babilônia não avançou no interior do território iamadita, mas a invasão de Mari teve um impacto negativo no comércio entre ambos os reinos, uma vez que Mari se encarregava de proteger as caravanas que cruzavam as estradas entre a Síria e a Babilônia.[18]

Mais tarde em seu reinado, Hamurabi I conquistou a cidade síria de Carquemis[17] e cedeu para seu filho Iarinlim a cidade de Irridu.[19] Hamurabi I morreu ca. 1 750 a.C. e foi sucedido por seu filho Abael I, enquanto outro filho seu chamado Nacusse aparece nos tabletes de Alalaque retendo alta posição na corte dessa cidade.[20]

Referências

  1. Soldt 2000, p. 108.
  2. a b Frayne 1990, p. 783.
  3. Fleming 2004, p. 322.
  4. Aruz 2008, p. 4.
  5. Hamblin 2006, p. 254.
  6. Liverani 2013, p. 234.
  7. Coogan 2001, p. 71.
  8. Edwards 1973, p. 264.
  9. Heimpel 2003, p. 267.
  10. Charpin 2010, p. 124.
  11. Bryce 2013, p. 44.
  12. Heimpel 2003, p. 95.
  13. Podany 2010, p. 73.
  14. Emerton 1980, p. 75.
  15. Sasson 1969, p. 19.
  16. Astour 1965, p. 328.
  17. a b Hamblin 2006, p. 259.
  18. Leick 2009, p. 212.
  19. Na'aman 2005, p. 286.
  20. Na'aman 2005, p. 289.

Bibliografia editar

  • Aruz, Joan; Benzel, Kim; Evans, Jean M. (2008). Beyond Babylon: Art, Trade, and Diplomacy in the Second Millennium B.C. Nova Iorque: Metropolitan Museum of Art. ISBN 9781588392954 
  • Astour, Michael C. (1965). Hellenosemitica, an Ethnic and Cultural Study in West Semitic Impact on Mycenaean Greece. Leida e Nova Iorque: Brill Archive 
  • Bryce, Trevor (2013). The Routledge Handbook of the Peoples and Places of Ancient Western Asia: The Near East from the Early Bronze Age to the Fall of the Persian Empire. [S.l.]: Routledge. ISBN 1134159080 
  • Charpin, Dominique (2010). Writing, Law, and Kingship in Old Babylonian Mesopotamia. Chicago: University of Chicago Press. ISBN 978-0-226-10159-0 
  • Coogan, Michael David (2001). The Oxford History of the Biblical World. Oxford: Oxford University Press. ISBN 978-0-19-513937-2 
  • Edwards, Iorwerth Eiddon Stephen (1973). The Cambridge Ancient History - Vol. II Part 1 - The Middle East and the Aegean Region ca. 1800-1380 B.C. 0-521-08230-7. Cambridge: Cambridge University Press 
  • Emerton, J. A. (1980). Prophecy: Essays presented to Georg Fohrer on his sixty-fifth birthday. [S.l.]: Walter de Gruyter. ISBN 3110837412 
  • Fleming, Daniel E. (2004). Democracy's Ancient Ancestors: Mari and Early Collective Governance. [S.l.]: Cambridge University Press. ISBN 0521828856 
  • Frayne, Douglas (1990). Old Babylonian Period (2003–1595 BC). Toronto: University of Toronto Press. ISBN 978-0-8020-5873-7 
  • Hamblin, William J. (2006). Warfare in the Ancient Near East to 1600 BC - Holy Warriors and the Dawn of History. Londres e Nova Iorque: Routledge. ISBN 0-415-25589-9 
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  • Leick, Gwendolyn (2009). The Babylonian World. Londres e Nova Iorque: Routledge. ISBN 9780203946237 
  • Liverani, Mario (2013). The Ancient Near East: History, Society and Economy. [S.l.]: Routledge. ISBN 978-1-134-75091-7 
  • Na'aman, Nadav (2005). Canaan in the Second Millennium B.C.E. [S.l.]: Eisenbrauns. ISBN 1575061139 
  • Podany, Amanda H. (2010). Brotherhood of Kings: How International Relations Shaped the Ancient Near East. [S.l.]: Oxford University Press. ISBN 978-0-199-79875-9 
  • Sasson, Jack M. (1969). The Military Establishments at Mari. [S.l.]: Gregorian Biblical BookShop 
  • Soldt, Wilfred Van (2000). «Syrian Chronology in the Old and Early Middle Babylonian Periods». Fondation assyriologique Georges Dossin. Akkadica. 119-120