Ilusão da grelha
A ilusão da grelha, ou ilusão da quadrícula é uma ilusão de óptica que surge nas intersecções de linhas verticais e horizontais. Os dois tipos mais comuns são a ilusão da grelha de Hermann e a ilusão da grelha cintilante.
Grelha de Hermann
editarA ilusão da grelha de Hermann foi observada por Ludimar Hermann em 1870. Quando se olha um desenho com quadrados negros sobre um fundo branco, tem-se a impressão de que surgem manchas "fantasmas" nas intersecções das linhas. As manchas desaparecem quando se observa diretamente a intersecção.
Grelha cintilante
editarA ilusão da grelha cintilante é uma variante da ilusão da grelha de Hermann, descoberta por E. Lingelbach em 1994, em que existem círculos brancos situados nas intersecções de linhas cinzentas verticais e horizontais. Ao observador parece que há círculos negros que surgem e desaparecem nas intersecções. O efeito é maior quando o olhar varre a imagem. Se o olhar é mantido fixo numa determinada intersecção, esta deixa de cintilar. Estranhamente, o efeito parece reduzir-se, embora não seja eliminado, quando a cabeça é inclinada para o lado, com um ângulo de cerca de 45º.
Diferenças
editarA principal diferença entre a grelha de Hermann e a grelha cintilante é que na cintilante existem os pontos nas intersecções, ao invés da de Hermann, a qual carece deles. Embora pareçam similares, a ilusão da grelha cintilante não ocorre numa intersecção isolada, como no caso da a grelha de Hermann; as observações sugerem que tem que existir um mínimo de 3 × 3 intersecções para que o efeito se produza. Este requisito sugere que, para além de processos locais, há também a participação de processos globais do tipo proposto para o agrupamento de características numa imagem.
Explicação clássica das ilusões de grelha
editarA ilusão da grelha de Hermann é geralmente explicada por um processo neuronal chamado inibição lateral.
No sistema visual, a intensidade num ponto não é simplesmente o resultado de um único fotoreceptor, mas o resultado de um grupo de fotoreceptores a que se chama o seu campo receptivo. Cada um dos axónios das células ganglionares, que constituem o nervo óptico, responde a uma área da retina correspondendo a milhares de fotoreceptores. E, tipicamente, as entradas de cada célula ganglionar provenientes da parte central do campo receptivo são excitatórias e as provenientes da periferia são inibitórias. Como resultado disso, um pequeno círculo de luz com um diâmetro que corresponda à da parte central causa uma resposta vigorosa.
A ilusão da grelha de Hermann seria então explicada com base no facto de um ponto numa intersecção ser cercado por pontos com maior intensidade luminosa, o que a faria parecer mais escura devido à inibição lateral.
Esta explicação foi desafiada recentemente com sucesso por Janos Geier (veja um contra-exemplo interactivo) , que usa uma versão “ondulada” da grelha de Hermann em que nenhum ponto aparece.
Particularidades da ilusão da grelha cintilante
editarA ilusão da grelha cintilante é muito mais complexa do que a da grelha de Hermann, dependendo mais claramente da movimentação do olhar, sendo uma demonstração clara de que não temos uma percepção passiva da realidade mas, pelo contrário, construímos activamente a realidade. De facto, esta ilusão parece indicar que, quando olhamos directamente para cada círculo, se forma a nível do sistema visual uma representação simplificada que corresponde a um contorno que é depois «pintado» com uma cor e textura aproximadas, calculada com base nas características detectadas. Quando movemos o olhar, o sistema visual parece esquecer a cor dos círculos brancos que já não estão sob o seu foco de atenção. Isso parece acontecer porque os 49 círculos não são reconhecidos como formando um todo uniforme. Usando círculos maiores, a ilusão desaparece porque estes passam a ser facilmente entendidos como um grupo de círculos brancos, e vemos uma imagem muito mais simples de descrever, com dois objectos de cor uniforme: uma grelha e um plano de círculos.