Jô Clemente

filantropa brasileira

Jolinda Garcia dos Santos Clemente (Coxim, 1926), conhecida como Jô Clemente ou, simplesmente, Dona Jô, é uma filantropa brasileira. É conhecida por ter fundado a Apae de São Paulo (atualmente denominada como Instituto Jô Clemente), sendo considerada como um dos principais nomes na defesa da inclusão da pessoa com deficiência intelectual no Brasil.[1]

Jô Clemente
Nome completo Jolinda Garcia dos Santos Clemente
Nascimento 1926 (98 anos)
Coxim, MS, Brasil
Nacionalidade brasileira
Cônjuge Antonio Clemente Filho
Filho(a)(s) 4

Biografia editar

Inicialmente uma dona de casa,[2] Jô casou-se com o médico Antonio Clemente Filho, com quem teve quatro filhos, entre eles José Carlos Clemente, o Zequinha, portador de síndrome de down.[3][4] Ao lado de quatro famílias, fundou em 1961 a Apae de São Paulo após não conseguir escolas que pudessem educar as crianças.[4] A sede inicial era em um sobrado na Zona Sul paulistana.[2]

Inicialmente, a Apae foi criada como um Centro Multidisciplinar para formar fonoaudiólogos, fisiatras e fisioterapeutas. Com o tempo, passou a receber crianças com deficiências neurológicas para que pudessem ser educadas.[4]

Em 1966, organizou a primeira Feira da Bondade, onde conseguiu recursos para construir a sede da Apae em um terreno cedido pela prefeitura de São Paulo.[5]

As edições das Feiras da Bondade tornaram-se um sucesso em São Paulo. Os eventos recebiam mulheres da alta sociedade de São Paulo, que vendiam produtos importados, uma raridade na década de 1960. A última edição do evento aconteceu em 1995.[2]

Outra ação social organizada por Jô Clemente foi o Agulhas da Alta Moda Brasileira, que reunia um desfile, baile e jantar.[2] O evento chegou a reunir banqueiros como Joseph Safra, Lázaro Brandão e Olavo Setúbal, tendo sido realizado até 2002.[2]

A Apae-SP também ficou conhecida por trazer ao Brasil, em 1976, o teste do pezinho, que ajudou a detectar doenças que podem levar à deficiência intelectual.[6]

À medida em que seu filho, Zequinha, envelhecera, Jô passou a se preocupar com o bem-estar de pessoas com deficiência intelectual em fase de envelhecimento. Em 1998, apoiou a construção de um centro especializado em estimular pessoas nessa fase da vida.[5] Zequinha morreu em 2001, aos 52 anos.[3] Era considerado o "símbolo da Apae"[3] e viveu de maneira independente, chegando a morar sozinho e ter vida social ativa numa época em que pessoas com síndrome de down viviam à margem da sociedade.[1]

Jô Clemente afastou-se do comando da Apae de São Paulo em 2008, passando o cuidado da instituição para seu filho, Cássio Clemente.[1] Desde então, seguiu como presidente de honra da organização.[7]

Em 2019, a Apae-SP separou-se da Apae nacional, passando a se chamar Instituto Jô Clemente.[6] O motivo foi o afastamento do conceito de oferecer educação especializada para pessoas com deficiência, serviço que a instituição deixou de oferecer em 2010.[6]

Livro editar

É autora do livro Retalhos da Vida, da Cia Editora Nacional, em que conta lembranças da vida desde a infância.[4][2]

Referências

  1. a b c «Folha de S.Paulo - Entrevista - Jolinda Garcia dos Santos Clemente: Filho deficiente é um drama para a família, diz dona Jô - 11/04/2011». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 7 de junho de 2023 
  2. a b c d e f «A grande dama da filantropia». revistaepoca.globo.com. Consultado em 7 de junho de 2023 
  3. a b c «Morre filho de Jô Clemente, aluno símbolo da Apae». Estadão. Consultado em 7 de junho de 2023 
  4. a b c d «Jô Clemente». portal.sescsp.org.br. Consultado em 7 de junho de 2023 
  5. a b «Folha de S.Paulo - Causa nobre: "A Apae ajudou a preparar a sociedade" - 12/03/2006». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 7 de junho de 2023 
  6. a b c «Apae-SP muda de nome e se afasta de vez do conceito de escola especial». www.uol.com.br. Consultado em 7 de junho de 2023 
  7. «APAE comemora os 90 anos de Jô Clemente com jantar beneficente em SP». Glamurama. Consultado em 7 de junho de 2023