Jacques Camatte

escritor francês

Jacques Camatte é um autor francês que foi um teórico marxista e membro do Partido Comunista Internacional (PCInt), uma organização comunista de esquerda principalmente italiana sob a influência de Amadeo Bordiga, que denunciava a URSS como capitalista e pertendia reconstruir um leninismo anti-estalinista. De acordo com as teses do Partido Comunista Italiano dos seus primeiros anos (então liderado por Bordiga), o PCInt recusava toda a participação no sistema eleitoral e considerava a democracia como uma perversão da luta de classes e um meio de opressão. Camatte abandonou o PCInt em 1966 protestando o que considerava ser uma viragem ativista,[1] passando a defender a pureza da teoria revolucionária no seu jornal Invariance.

Após recolher e publicar uma grande quantidade de documentos históricos de correntes comunistas de esquerda, e analisar os escritos de Marx descobertos mais recentemente, no princípio dos anos 70 Camatte abandonou a perspetiva marxista. A partir daí passou a considerar que o capitalismo tinha sucedido e moldar a humanidade para o seu lucro, e que qualquer tipo de "revolução" era portanto impossível; que a classe operária era nada mais do que um aspeto do capital, incapaz de ultrapassar a sua situação; que o futuro movimento revolucionário consistiria basicamente numa luta entre a humanidade e o próprio capital, em vez de entre as classes; e que o capital se tornou totalitário na sua estrutura, não deixando nada nem ninguém fora da sua influência domesticadora. Este pessimismo sobre a possibilidade revolucionária é acompanhada pela ideia de que podemos "deixar o mundo" e viver mais próximo da natureza, e deixando de fazer mal às crianças e distorcer o seu espírito naturalmente são.

Essa visões vieram a influenciar os anarco-primitivistas, que desenvolveram aspetos da linha de Camatte no jornal Fifth Estate no final dos anos 70 e princípio dos 80.[2]

Notas editar

Referências editar

  1. Camatte, Jacques (1975). «Scatologie et résurrection». Invariance (em francês) (1 (2ª série - suplemento)). En outre dans bien des cas, les camarades qui sont sortis ont été amenés à reprendre les critiques que je formulais en 1966.Parmi les questions litigieuses il y avait la démocratie et le caractère prématuré du parti d'où les conséquences: quel sens pouvait avoir l'activisme effréné dans lequel voulaient se lancer beaucoup de camarades à partir de 1962 ? 
  2. Millett, Steve (2004). Jonathan Purkis, ed. Changing anarchism : anarchist theory and practice in a global age (em inglês). Manchester: Manchester Univ. Press. p. 79ff. ISBN 0719066948 
  • This World We Must Leave and Other Essays, ed. Alex Trotter (Brooklyn: Autonomedia, 1995)

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