João Cotistis (em latim: Ioannis Cottistis), segundo Conde Marcelino, foi o líder de uma rebelião de curta duração no Império Bizantino. Foi mencionado na História das Guerras de Procópio de Cesareia, bem como nos Anais de Conde Marcelino.

As origens de João Cotistis são incertas. Em 537, estava servindo no exército bizantino como infante. Estava estacionado em Dara, onde iniciou uma revolta militar contra o imperador Justiniano I (r. 527–565). Provavelmente foi declarado imperador, porque as fontes o descrevem como "tirano", que era o termo frequentemente usado para imperadores usurpadores. Foi morto em batalha quatro dias após o início de sua rebelião.[1] De acordo com o historiador do Procópio de Cesareia: "Na cidade de Dara ocorreu o seguinte evento. Havia um certo João lá servindo em um destacamento de infantaria; este homem, em conspiração com alguns poucos soldados, mas não todos, apoderou-se da cidade, tentando fazer-se tirano. Depois, estabeleceu-se num palácio como se fosse uma cidadela, e fortalecia a cada dia a sua tirania. E se não tivesse acontecido que os persas continuassem a manter a paz com os romanos, dano irreparável teria vindo deste caso para os romanos. Mas, como foi, isso foi impedido pelo acordo que já havia sido alcançado, como eu disse."[2] O acordo mencionado por Procópio foi a Paz Eterna de 532, que foi assinado no final da Guerra Ibérica. A rebelião ocorreu durante um período de cooperação entre o Império Bizantino e o Império Sassânida, as duas grandes potências do Oriente Médio. Justiniano estava concentrando seus recursos em suas guerras de reconquista contra os vândalos no norte da África e na Itália contra os ostrogodos, negligenciando as defesas do Império Bizantino no Oriente.[3][4]

Procópio continua: "No quarto dia da tirania alguns soldados conspiraram juntos, e por conselho de Mamas, o sacerdote da cidade, e Anastácio, um dos cidadãos notáveis, subiram ao palácio ao meio-dia, cada homem escondendo uma pequena espada sob sua roupa. E primeiro na porta do pátio encontraram alguns guarda-costas, os quais mataram imediatamente. Então entraram no apartamento dos homens e prenderam o tirano; mas alguns dizem que os soldados não foram os primeiros a fazer isso, mas enquanto ainda hesitavam no pátio e trêmulos com o perigo, um certo vendedor de salsichas que estava com eles entrou correndo com seu cutelo e, ao encontrar João, o feriu inesperadamente. Mas o golpe que lhe foi desferido não foi fatal, continua o relato, e ele fugiu com grande clamor e de repente caiu entre esses mesmos soldados. Assim, colocaram as mãos sobre o homem e imediatamente incendiaram o palácio e o queimaram, para que não houvesse esperança de lá para aqueles que faziam revoluções; e João levaram à prisão e amarraram. E um deles, temendo que os soldados, ao saber que o tirano sobreviveu, pudessem novamente causar problemas à cidade, matou João, e assim parou a confusão. Tal, então, foi o progresso dos eventos que tocam esta tirania."[2] Nos Anais, Conde Marcelino também menciona a morte de John Cotistis: "Também no Oriente, João Cotistis foi morto em Dara enquanto usurpava o poder antes que pudesse empreender qualquer ação hostil contra o imperador."[5]

Referências

  1. Martindale 1992, p. 640.
  2. a b Procópio de Cesareia, As Guerras, 26.5–26.12
  3. Maas 2005, p. 488.
  4. Greatrex 2002, p. 97–102.
  5. Conde Marcelino 1995, p. 40–41 (1 de setembro de 536 – 31 de agosto de 537).

Bibliografia

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  • Greatrex, Geoffrey; Lieu, Samuel N. C. (2002). The Roman Eastern Frontier and the Persian Wars (Part II, 363–630 AD). Londres: Routledge. ISBN 0-415-14687-9 
  • Martindale, John R.; Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, John (1992). «Ioannes Cottistis 24». The Prosopography of the Later Roman Empire - Volume III, AD 527–641. Cambrígia e Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Cambrígia. ISBN 0-521-20160-8 
  • Maas, Michael (2005). The Cambridge Companion to the Age of Justinian. Cambrígia: Imprensa da Universidade de Cambrígia. ISBN 0-521-81746-3 
  • Conde Marcelino (1995). Croke, Brian, ed. The Chronicle of Marcellinus. Sidnei, Austrália: Associação Australiana para Estudos Bizantinos. ISBN 0-9593626-6-5