Kazuo Wakabayashi (Kōbe, 1 de maio de 1931 - 2 de dezembro de 2021) foi um artista plástico nipo-brasileiro. Foi um dos integrantes da Seibi-kai[1] e fez várias exposições no Brasil e no exterior. Wakabayashi foi um dos vencedores do 35.º Prêmio Jabuti na categoria “Melhor Produção Editorial Livro Texto”.

Kazuo Wakabayashi
Nome completo Kazuo Wakabayashi
Nascimento 1 de maio de 1931
Kōbe, Hyogo,  Japão
Morte 2 de dezembro de 2021 (90 anos)
Nacionalidade Japão Brasil Nipo-brasileiro
Ocupação Pintor

História editar

Primeiros anos editar

Wakabayashi nasceu em 1 de maio de 1931 em Kōbe.[1] Filho de Yone e de Tsunejiro, ambos naturais de Hikone, província de Shiga.[2][3] Seu pai era comerciante.[4] O artista estudou em um período rígido no que diz respeito ao sistema educacional japonês, uma época em que era comum os alunos sofrerem castigos físicos de seus professores ou de outras pessoas da equipe escolar. Certa vez, Wakabayashi levou um golpe de sabre na cabeça do vice-diretor da escola. Anos depois descobriu que esse ferimento poderia ter sido mortal.[3]

Kazuo também teve um rigor na criação pela seu pai, com frequência levava pancadas, geralmente aplicadas na cabeça, por qualquer deslize. A imagem que Kazuo tinha de seu pai é a de uma pessoa muito severa. Seu pai faleceu quando ele estava no quinto ano de problemas relacionados ao estômago.[3]

Após o falecimento de seu pai, a família se mudou de Kōbe para Hikone. Um dos objetivos da mudança para Hikone foi para fugir dos bombardeamentos que Kōbe estava recebendo durante a Segunda Guerra Mundial, inclusive a casa da família de Kazuo foi queimada, por consequência de um desses bombardeamentos.[2] Em Hikone, Kazuo passou a ajudar a sua mãe no cultivo de arroz.[5] Nessa época, sua família passava fome.[6]

Aos 16 anos Escola de Belas Artes e a Academia Niki em Tóquio e as aulas de desenho e pintura. Em 1950, desistiu de ingressar no curso de Arquitetura para dedicar-se à pintura.[1]

Década de 60 editar

Em 1960, fez uma exposição individual na Galeria Daimaru, na ocasião conheceu Hikari Sakamoto, com quem se casou alguns meses depois, em novembro do mesmo ano.[7][8] Em 1961, chegou ao Brasil a bordo do navio América Maru,[7] e mudou-se para São Paulo e fez parte do Seibi-kai, ao qual foi apresentado por Manabu Mabe e Tomie Ohtake,[9] aos artistas ele entregou uma carta de recomendação de Tsudaka Waichi. Waichi teve maior expressão como artista vanguardista pós-guerra e no Brasil, já havia participado da Bienal de São Paulo na década de 50.[10] Em 1963, no 7º Salão do Grupo Seibi de Artistas Plásticos, ganhou a Grande Medalha de Ouro, recebeu a mesma premiação no 12º Salão Paulista de Arte Moderna, evento esse que também ocorreu em 1963. Em 1966, o artista recebeu o primeiro prêmio Salão de Abril do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.[9]

Em 1967, o artista participou da 9ª Bienal Internacional de São Paulo e foi agraciado com o Prêmio Itamarati.[8][9] Segundo o crítico de arte Jayme Maurício, por volta de 1967, Wakabayashi iniciou uma nova fase, que o crítico denominou como “biomorfismo”.[11] Em 1968, naturalizou-se brasileiro.[7]

Décadas de 70, 80 e 90 editar

No final dos anos 1970, o artista produziu trabalhos com “textura espessa e de uma única cor”. Essas obras constituem a série Monocromática do pintor.[12]

A arte na década de 80 foi influenciada pelo aparecimento de outros artistas e também pela atuação dos pioneiros, como Tomoo Handa, abstracionistas, além de Manabu Mabe, Tikashi Fukushima, Tomie Ohtake, Kazuo Wakabayashi e outros, onde atuaram no desenvolvimento artístico, como também nos interesses da comunidade de artistas.[13]

O jornal O Estado de S. Paulo de 16 de dezembro de 1989, afirma que na arte brasileira destacam-se os nipo-brasileiros, dentro do chamado abstracionismo informal, onde dentre os adeptos podem ser citados Fukushima, Mabe, Wakabayashi, e Shiró.[14]

Em 1992, o pintor lançou o livro "Wakabayashi", a obra foi uma das vencedoras do 35.º Prêmio Jabuti na categoria “Melhor Produção Editorial Livro Texto”, que ocorreu em 1993.[15] O Prêmio Jabuti é o mais tradicional prêmio literário do Brasil, concedido pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) ao qual, premia autores, editores, ilustradores, gráficos e livreiros que mais se destacam a cada ano.[16] Em 1995, o artista recebeu o título de "cidadão paulistano", no documento em que foi declarado tal, está escrito "representa o reconhecimento do povo paulistano, através de sua edilidade, pelos relevantes serviços prestados à nossa cidade, notadamente no campo das artes plásticas, onde se destaca como um dos mais importantes pintores da atualidade" e continua com "Por estas razões afigura-se claro que a homenagem ora proposta tem o objetivo de congratular este grande artista que, com suas obras, enaltece sobremaneira, nossa cidade".[7]

Falecimento editar

Kazuo Wakabayashi faleceu em 2 de dezembro de 2021, ao 90 anos.[17] A ceramista Hideko Honma, publicou que ficou triste com o falecimento do pintor[18] e citou-o como "um grande artista plástico e apoiador de causas beneficentes" que "Além do talento e da dedicação que tinha pela arte, tendo criado muitas obras inspiradoras, Wakabayashi foi um colaborador e parceiro constante das ações beneficentes".[17]

Referências

  1. a b c «Falecimento do artista plástico Kazuo Wakabayashi – Bunkyo». Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa. 6 de dezembro de 2021. Consultado em 17 de janeiro de 2022. Cópia arquivada em 26 de janeiro de 2022 
  2. a b Tomimatsu 2014, p. 43
  3. a b c Tomimatsu 2014, p. 29-30
  4. Tomimatsu 2014, p. 41-42
  5. Tomimatsu 2014, p. 44
  6. Tomimatsu 2014, p. 45
  7. a b c d «PDL0025-1995» (PDF). camara.sp.gov.br. Cópia arquivada (PDF) em 6 de julho de 2023 
  8. a b «São Paulo recebe a exposição "Wakabayashi, Mestre da Pintura Nipo-Brasileira" – Portal Oriente-se». portaloriente-se.com. 6 de outubro de 2021. Cópia arquivada em 9 de fevereiro de 2023 
  9. a b c «Wakabayashi - Enciclopédia Itaú Cultural». itaucultural.org.br. Cópia arquivada em 20 de junho de 2017 
  10. Tomimatsu 2014, p. 153
  11. Tomimatsu 2014, p. 107
  12. «Exposição em São Paulo reúne 27 obras de Kazuo Wakabayashi - Jornal Nippak». Jornal Nippak. 8 de outubro de 2021. Cópia arquivada em 8 de outubro de 2021 
  13. Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand 1988, p. 92
  14. «O efeito Bienal». O Estado de S. Paulo: 73. 16 de dezembro de 1989 
  15. «Premiados 1993 - 64º Prêmio Jabuti». premiojabuti.com.br. Cópia arquivada em 20 de outubro de 2020 
  16. «HISTÓRIA». Prêmio Jabuti. Consultado em 7 de janeiro de 2020. Cópia arquivada em 20 de junho de 2019 
  17. a b «Kazuo Wakabayashi: um grande artista plástico e apoiador de causas beneficentes». hidekohonma.com.br. Cópia arquivada em 29 de janeiro de 2022 
  18. «Hideko Honma». hidekohonma.com.br. Cópia arquivada em 29 de setembro de 2022 

Bibliografia editar

  • Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, Banco América do Sul (Brasil) (1988). Vida e arte dos japoneses no Brasil. [S.l.]: Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand 
  • Tomimatsu, Maria Fusako (2014). Tese apresentada para obtenção do título de Doutor em Letras, intitulada “Kazuo Wakabayashi: vida e obra de um artista imigrante”. Universidade de São Paulo, São Paulo: [s.n.] 
  • Wakabayashi 2008. 100 anos da imigração japonesa. São Paulo: Galeria Espaço Arte. 2008