Kit Laboratório de Energia Atômica Gilbert U-238

Kit Laboratório de Energia Atômica Gilbert U-238
Tipo

O kit Laboratório de Energia Atômica Gilbert U-238 foi um conjunto de brinquedos produzido por Alfred Carlton Gilbert, que teve seu kit lançado pela AC Gilbert Company em 1950. A intenção do laboratório em miniatura era permitir que as crianças criassem e assistissem reações nucleares e químicas usando material radioativo real.

Antecedentes e desenvolvimento do kit editar

Gilbert acreditava que os brinquedos eram a base na construção de um "americano sólido e inteligente", e muitos de seus brinquedos tinham algum tipo de significado educacional neles. Seu desenvolvedor chegou a ser apelidado de "o homem que salvou o Natal" durante a Primeira Guerra Mundial, quando convenceu o Conselho de Defesa Nacional dos Estados Unidos a não proibir a compra de brinquedos na época do Natal.[1]

O Laboratório de Energia Atômica era apenas um de uma dúzia de kits de laboratório de reações químicas existentes no mercado na época. Os brinquedos de Gilbert frequentemente incluíam instruções sobre como a criança poderia usar o conjunto para fazer seu próprio "show de mágica". Ele defendia a ideia de que o uso de reações químicas em brinquedos que direcionava as crianças a uma carreira potencial na ciência e na engenharia. Gilbert também defendeu seu kit, afirmando que era seguro, preciso,[2] e que alguns dos melhores físicos nucleares do país haviam trabalhado no projeto.[3]

Descrição editar

 
Câmara de nuvem Gilbert.

O kit continha uma câmara de nuvem permitindo ao usuário observar as partículas alfa viajando a 12 mil milhas por segundo (19 000 000 m/s), um espintariscópio mostrando os resultados da desintegração radioativa em uma tela fluorescente, e um eletroscópio que media a radioatividade de diferentes substâncias no conjunto.

O kit infantil afirmava que nenhum dos materiais poderia ser perigoso para as crianças.[4] :333-334 As instruções encorajavam a limpeza do laboratório, alertando os usuários para não quebrar os lacres em três dos frascos de amostra de minério, pois "eles tendem a lascar e desmoronar e você corre o risco de ter minério radioativo espalhado em seu laboratório".[2]

O conjunto foi originalmente vendido por US$ 49,50 [2] dólares na época, e continha o seguinte:

O catálogo do produto descrevia o conjunto da seguinte forma:

"Produz paisagens inspiradoras! Permite que você realmente VER os caminhos dos elétrons e partículas alfa viajando a velocidades de mais de 10 000 milhas por SEGUNDO! Elétrons correndo a velocidades fantásticas produzem caminhos delicados e intrincados de condensação elétrica - lindos de assistir. Assistir à ação da Câmara de Nuvem é o mais próximo que o homem chegou de assistir ao átomo!"[6]

Entre outras atividades presentes no manual do brinquedo, o kit sugeria "brincar de esconde-esconde com a fonte de raios gama", desafiando os jogadores a usar o contador Geiger para localizar uma amostra radioativa escondida em uma sala.[2]

Críticas editar

Em 2006, a publicação da revista Radar Magazine chamou o conjunto de laboratório de um dos "10 brinquedos mais perigosos de todos os tempos", por causa do material radioativo que incluía (era o número 2 da lista; sendo o número 1 os dardos de gramado).[7][8][9]

O Bulletin of the Atomic Scientists publicou um artigo na internet, que apresentou um vídeo detalhado mostrando o kit por dentro. E a revista concluiu dizendo que o kit não vendeu por causa de seu preço alto, e não devido a quaisquer preocupações de segurança na época.[10]

Legado editar

Ao contrário dos demais conjuntos de química da AC Gilbert Company, o Laboratório de Energia Atômica nunca foi popular, e logo foi retirado das prateleiras.[9][11] Menos de 5 mil kits foram vendidos, e o produto foi vendido apenas entre 1950 e 1951.[2] Gilbert acreditava que o Laboratório de Energia Atômica não teve sucesso comercial porque o laboratório era mais apropriado para aqueles que tinham alguma formação educacional do que para o público mais jovem que almejava.[4]:334 A Universidade de Columbia comprou cinco desses conjuntos para seu laboratório de física.[4]:333-334

Referências

  1. Watson, B (1999) Hello Boys! Become an erector master engineer. Smithsonian, 30(2), 120
  2. a b c d e Watson, Bruce (2002). The man who changed how boys and toys were made. Viking. New York.: [s.n.] pp. 179–181. ISBN 978-0670031344 
  3. DiVernieri, R. (2008, September) "Stinks and bangs: The heyday of the chemistry set" Arquivado em 2015-09-24 no Wayback Machine Endeavour 32(3) p.107-110
  4. a b c Gilbert, A. C. (1954). The Man Who Lives in Paradise. Rinehart. New York: [s.n.] ISBN 978-0911581201 
  5. Oak Ridge Associated Universities Arquivado em 2010-02-19 no Wayback Machine, retrieved December 26, 2009
  6. «Gilbert Catalog Archive». eliwhitney.org. Eli Whitney Museum and Workshop. Consultado em 13 de dezembro de 2019 
  7. Ferrari, Paige (15 de dezembro de 2006). «Pray for coal: The 10 most dangerous play things of all time». radaronline.com. Radar Magazine. Consultado em 14 de dezembro de 2019. Cópia arquivada em 15 de dezembro de 2006 
  8. Ferrari, Paige (15 de dezembro de 2006). «WorstTtoys: 2. Gilbert U-238 Atomic Energy Lab». radaronline.com. Radar Magazine. Consultado em 14 de dezembro de 2019. Cópia arquivada em 16 de dezembro de 2006 
  9. a b Berry Drago, Elisabeth (2016). «Hazardous Fun». Distillations. 2: 8–9. Consultado em 23 de março de 2018. Cópia arquivada em 24 de março de 2018 
  10. «World's Most Dangerous Toy? Radioactive Atomic Energy Lab Kit with Uranium (1950)». Bulletin of the Atomic Scientists. Consultado em 18 de julho de 2020 
  11. Marsh, Allison (31 de janeiro de 2020). «Fun—and Uranium—for the Whole Family in This 1950s Science Kit». IEEE Spectrum: Technology, Engineering, and Science News (em inglês). IEEE. Consultado em 18 de julho de 2020 

Ligações externas editar