Línguas da Guiné-Bissau

 Nota: Para as línguas faladas na Guiné Equatorial, veja Línguas da Guiné Equatorial.

O português é a única língua oficial da Guiné-Bissau, que é o idioma usado pela administração do país desde os tempos que a Guiné-Bissau era colônia portuguesa. A Guiné-Bissau é um membro de pleno direito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Em 1983, 44% dos guineenses falavam o crioulo da Guiné-Bissau, um crioulo de base portuguesa, 11% falava a língua portuguesa e o restante, várias línguas africanas.[1] As últimas estimativas apontam que menos de 15% dos guinenses falam português[1][2][3] (porém, não existem pesquisas mais recentes sobre esse assunto). De acordo com o censo de 2009 o português é falado por 46,3% da população nas zona urbanas e 14,7% no meio rural.[4] Já o crioulo que é a língua franca da Guiné-Bissau é falado por cerca de 70% da população total do país,[5]Também falam línguas dialetas Regionais.

Língua portuguesa editar

 Ver artigo principal: Português da Guiné-Bissau
 
A Assembleia Nacional com escrita em língua portuguesa.

A presença da língua português no país ainda não está consolidada, devido apenas uma pequena parcela da população guineense ter o português como língua materna e menos de 15% tem um domínio aceitável do português. A zona lusófona do país corresponde ao espaço geográfico conhecido como "a praça", que representa à zona central e comercial da capital, Bissau.[1]

Devido ao fato de ser a língua oficial da Guiné-Bissau, o português é a língua de ensino nas escolas. É também o idioma da produção literária, da imprensa escrita, da legislação e administração. Deparamo-nos, então, com este paradoxo: tudo está escrito na língua portuguesa, porém uma parte esmagadora da população não domina a língua. As crianças guineenses são alfabetizadas numa língua que não escutam, nem em casa nem na rua, no país praticamente só é possível se comunicar em português com a elite política e intelectual.

A situação se agrava ainda mais devido ao fato da Guiné-Bissau ser um país encravado entre países francófonos e com uma grande comunidade imigrante oriunda do Senegal e da Guiné (também conhecida como Guiné-Conacri). Devido a abertura à integração sub-regional e da grande participação dos imigrantes francófonos no comércio, existe atualmente uma grande tendência de as pessoas utilizarem e aprenderem mais a língua francesa do que o português. Existem fontes que defendem que, atualmente, o francês já é a segunda língua mais falada no país, depois do crioulo.[1] Pelo censo de 2009 o português e o francês são falados respetivamente por 46,3% e 10,6% da população nas zona urbanas, e 14,7% e 1,6% no meio rural[4].

 
Eleitores com cartazes escritos em Kriol para a campanha das eleições legislativas da Guiné-Bissau em 2008, na Região de Biombo.

Crioulo da Guiné-Bissau editar

 Ver artigo principal: Crioulo da Guiné-Bissau

O crioulo da Guiné-Bissau, também conhecido por guineense ou kriol é a língua nacional da Guiné-Bissau, ela é uma língua crioulo de base portuguesa. Este crioulo teve um papel importante na formação da identidade nacional. É a língua veicular e de unidade nacional, não possui estatuto oficial, ela coabita, numa situação de triglossia ou de diglossias sobrepostas, com o português, o idioma oficial, e as mais de duas dezenas de línguas africanas nígero-congolesas que constituem as línguas maternas da grande maioria da população do país.[6] O crioulo da Guiné-Bissau possui dois dialetos, o de Bissau e o de Cacheu, no norte do país.[1] Cerca de 160 mil pessoas falam o crioulo como primeira língua na Guiné-Bissau e mais 600 mil como segunda língua.

Línguas africanas editar

Algumas das línguas africanas mais faladas na Guiné-Bissau são o crioulo, o manjaco, o fula, o mandinga, o balanta, o papel e o mancanha.[7]

Nome[8] Local onde é falada[8] Nome alternativo[8]
Badjara Curva Nordeste do país Badyara, Badian, Badyaranke, Pajade, Pajadinca, Pajadinka, Gola e Bigola
Bainouk – Gunyuño Sul do rio Casamansa Banyum, Banyun, Bagnoun, Banhum, Bainuk, Banyung, Elomay e Elunay
Balanta No país Balanta-Kentohe, Balant, Balante, Balanda, Ballante, Bellante, Bulanda, Brassa, Alante e Frase. Dialetos: Fora, Kantohe (Kentohe, Queutohe), Naga e Mane
Basari Nordeste do país Onian, Ayan, Biyan, Wo e Bassari
Bayot Noroeste do país Bayote, Baiot e Bayotte
Biafada Sul Central, Norte de Nalu Beafada, Bafar, Bidyola, Bedfola, Dfola e Fada
Bidyogo Roxa e Ilhas Bijagós Bijago, Bijogo, Bijougot, Budjago, Bugago e Bijuga
Ejamat No país Ediamat, Fulup, Feloup, Felup, Felupe, Floup e Flup
Kasanga Sobrevive perto de Felupe, a Noroeste, numa área de fronteira escassamente povoada Cassanga, Kassanga, I-Hadja e Haal
Kobiana No país
Mandinga (mandinka) Centro-Norte, Centro e Nordeste Mandinka, Mandingue, Mandingo, Mandinque e Manding
Manjaco Metade falam o dialeto central, 25% falam dialetos que são inerentemente inteligíveis com o primeiro Mandjaque, Manjaca, Manjaco, Manjiak, Mandyak, Manjaku, Manjack, Ndyak, Mendyako e Kanyop. Dialetos: Bok (Babok, Sarar, Teixeira Pinto e Tsaam), Likes-Utsia (Baraa e Kalkus), Cur (Churu), Lund, Yu (Pecixe, Siis e Pulhilh)
Mancanha (Mankanya) No país Mankanha, Mancanha, Mancangne, Mancang e Bola. Dialetos: Burama (Bulama, Buram e Brame), e Shadal (Sadar)
Mansoanka No país Mansoanca, Maswanka, Sua, Kunant e Kunante
Nalu Sudoeste, perto da costa Nalou
Papel (ou pepel) No país Papel, Papei, Moium e Oium
Fula (pulaar) Centro Norte e Nordeste do país Fulfulde-Pulaar, Pulaar Fulfulde, Peul e Peulh. Dialetos: Fulacunda (Fulakunda, Fulkunda, Fula Preto e Fula Forro)
Soninke No país Sarakole e Marka. Dialetos: Azer (Adjer, Aser, Ajer, Masiin e Taghdansh)

Língua francesa editar

O francês é a principal língua estrangeira da Guiné-Bissau, sendo que atualmente já é ensinado nas escolas, o país é cercado por nações de língua francesa (Senegal e Guiné), além de ser membro da Francofonia.[9]

Ver também editar

Referências

  1. a b c d e «A língua portuguesa: Guiné-Bissau». Consultado em 11 de março de 2015 
  2. «Quantos falantes de português existem?». Consultado em 14 de dezembro de 2016 
  3. «Português na África». Info Escola. Consultado em 2 de março de 2018 
  4. a b Mendes, Etoal (2018). «Experiências de ensino bilíngue em Bubaque, Guiné-Bissau. Línguas e saberes locais na educação escolar.» (PDF). Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Brasil). Consultado em 9 de dezembro de 2018 
  5. «A língua os nomes na Guiné-Bissau». Ciberduvidas da língua portuguesa. Consultado em 22 de julho de 2015 
  6. «O CRIOULO DA GUINÉ-BISSAU : LÍNGUA NACIONAL E FACTOR DE IDENTIDADE NACIONAL». Consultado em 11 de março de 2015 
  7. «Governo da Guiné-Bissau - O País». www.gov.gw. Consultado em 6 de dezembro de 2016. Arquivado do original em 17 de agosto de 2016 
  8. a b c «LÍNGUAS DA GUINÉ-BISSAU». Consultado em 11 de março de 2015 
  9. «WELCOME TO THE INTERNATIONAL ORGANISATION OF LA FRANCOPHONIE'S OFFICIAL WEBSITE» (em inglês). Francophonie.org. Consultado em 11 de março de 2015 

Ligações externas editar