La beauté est dans la rue
La beauté est dans la rue (em português: A beleza está nas ruas) é um slogan do Maio de 1968.[1][2][3] O slogan foi daqueles popularizados através de cartazes feitos pelo Atelier populaire, um agrupamento de artistas marxistas.[4] O cartaz correspondente ao slogan mostra uma jovem lançando pedras retiradas de uma calçada.[5]
Contexto editar
O slogan A beleza está nas ruas não possui um criador conhecido. O cartaz que popularizou o slogan foi composto coletivamente por artistas do Atelier populaire durante uma ocupação realizada na École des Beaux-Arts de Paris, originalmente como serigrafia.[6] Os artistas do Atelier populaire buscavam produzir propaganda e material de agitação relacionados às greves e ocupações estudantis de maio de 1968. Ideologicamente, o Atelier populaire foi influenciado pela Internacional Situacionista.[7]
É comum atribuir ao poster certa inspiração na obra A Liberdade guiando o povo.[8][9] Para além do contexto revolucionário comum a ambas, assim como Marianne na barricada da pintura de Eugène Delacroix, o cartaz mostra uma mulher em pé, na mesma posição e com um braço estendido; Ao invés de segurar uma bandeira, porém, ela atira pedras.
Interpretações editar
De acordo com a pesquisadora francesa Odile Dupagne: "Esse pôster é um dos poucos que retrata e até representa as mulheres. Assim, além da luta dos estudantes que atiram pedras, um símbolo do protesto do Maio de 68, o cartaz representa a luta das mulheres. O slogan é dividido em duas partes; Em primeiro lugara "Beleza" (La beauté), que designa a mulher, e depois o "está nas ruas" (est dans la rue), representando a luta que os revolucionários conduziam. [...] também simboliza a luta das mulheres para adquirir o direito de lutar ao lado dos homens, ou de modo mais geral para alcançar um nível de igualdade ante eles. [...] o fato da jovem jogar pedras da calçada em quem olha o cartaz dá a impressão de que ela o exclui da luta, e não que o incentiva a vir lutar ao seu lado [... ] ela parece estar lutando contra o espectador, e não ao lado ele, o que sugere que essa luta não é uma luta que todos podem liderar, mas que é reservada às mulheres".[10]
Em outra interpretação, o historiador Christian Delporte disse que "'A beleza está nas ruas' não representa de forma alguma a produção visual de 68, mas sim o que o movimento feminista conseguiu ser pela primeira vez nos eventos de maio; mas a sociedade atual, esmagando a cronologia, inscrevendo 68 em um continuum histórico, acabou confundindo o próprio acontecimento e seus efeitos supostos ou reais".[11]
Referências
- ↑ Cristina Onesta, Mai 68 au service de l’interdiscursivité médiatique : entre mémoire révolutionnaire et mémoire discursive. Deux approches interdisciplinaires : lexiculture et mots événements, Academic Journal, vol. 2, n°2, décembre 2014/janvier 2015, lire en ligne.
- ↑ Gérard Mordillat, Le Miroir voilé : Et autres écrits sur l'image, Calmann-Lévy, 2014, page 46.
- ↑ André Santini, Le Santini, Le Cherche Midi, 2011, page 113.
- ↑ Patricia Badenes Salazar, Affiches y pintadas: la "verdadera" revolución del Mayo francés del 68, Dossiers Feministes, 12, 2008, page 135.
- ↑ Graham Robb, Une histoire de Paris par ceux qui l'ont fait, trad. Isabelle Taudière, Flammarion, 2010, page 317.
- ↑ «Beauty is in the Street». The Independent (em inglês). 31 de maio de 2011. Consultado em 25 de maio de 2023
- ↑ McGuirk, Justin (23 de março de 2011). «Beauty Is in the Street: the power of protest posters». The Guardian. Consultado em 25 de maio de 2023
- ↑ Justin L. Baggett, “L’héritage” is in the Streets: The text, images and legacy of May 1968, Honors Theses, University of Southern Mississippi, 2014, page 37.
- ↑ VHF Scott, La beauté est dans la rue : art & visual culture in Paris, 1968, University of British Columbia, 2000, page 1.
- ↑ Odile Dupagne, Mai 68, Révolution artistique ?, Ville de Liège, Athénée Léonie de Wahan, année scolaire 2011-2012, lire en ligne.
- ↑ Mai, la force de l'imaginaire in Christian Delporte, Denis Maréchal, Caroline Moine, Images et sons de Mai 68, Nouveau Monde éditions, 2008, lire en ligne.