Gaivota-cinzenta

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A gaivota-cinzenta (Leucophaeus modestus) é uma gaivota de médio-porte, nativa da América do Sul.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaGaivota-cinzenta
Gaivota-cinzenta em La Laguna, Chile
Gaivota-cinzenta em La Laguna, Chile
Jovem de gaivota-cinzenta em Algarrobo, Região de Valparaíso, Chile
Jovem de gaivota-cinzenta em Algarrobo, Região de Valparaíso, Chile
Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Charadriiformes
Família: Laridae
Gênero: Leucophaeus
Espécie: L. modestus
Nome binomial
Leucophaeus modestus
Tschudi, 1843
Distribuição geográfica

Sinónimos
Larus modestus

Descrição editar

Não apresenta dimorfismo sexual. Os adultos chegam a ter até 45 cm de comprimento e a pesar entre 360 e 400 gramas. A cabeça é branca no verão mas cinza-amarronzada no inverno. O corpo e asas são cinza com a região dorsal sendo mais escura que a região ventral. As penas de voo são pretas e as primárias e secundárias têm pontas brancas, visíveis durante o voo. A cauda tem uma faixa preta com uma borda branca. As pernas e o bico são pretos e a íris é marrom.[2] A vocalização é similar à da gaivota-alegre (Leucophaeus atricilla).[3]

Distribuição geográfica editar

No deserto do Atacama, a gaivota-cinzenta reproduz-se no interior, longe do litoral. Sua distribuição não-reprodutiva inclui Costa Rica, Colômbia, Equador, Peru e Chile, e já foi registrada nas Ilhas Malvinas e nas ilhas Geórgia do Sul e Sandwich do Sul. É vagante no Panamá.[1]

Em abril de 2019, foi registrada no Brasil em Ilha Comprida, São Paulo, o primeiro registro para o país.[4]

Comportamento editar

Reprodução editar

Por muitos anos, o local de reprodução da espécie foi um mistério, uma vez que nenhuma colônia havia sido identificada no litoral. Contudo, em 1945, descobriu-se que a espécie se reproduzia no deserto do Atacama, no interior do Chile. Esse ambiente quente e árido apresenta poucos predadores e é um lugar relativamente seguro para a reprodução das gaivotas.[3] O local escolhido para o ninho, um buraco na areia e frequentemente próximo de rochas, é uma região sem disponibilidade de água a uma distância de entre 35 e 100 km da costa.[5] Quando os filhotes nascem, os pais fazem uma viagem de ida e volta até o mar para levarcomida e água para a prole.[5]

A umidade, velocidade do vento e a temperatura, tanto a do ar quanto a das superfícies, variam muito a cada dia, e a gaivota têm de usar vários mecanismos termo-regulatórios para manter o seu corpo, os ovos e os filhotes em condições aceitáveis. Na parte mais quente do dia, o pai fica em cima do ninho para prevenir o aquecimento dos ovos e dos filhotes. O principal predador da espécie é o urubu-de-cabeça-vermelha (Cathartes aura), e, quando ameaçado, o pai que está incubando os ovos às vezes sai do ninho temporariamente. Desse modo, os ovos precisam ter cascas impermeáveis para evitar a perda de muita água por evaporação. Na verdade, a perda de água por evaporação nos ovos da gaivota-cinzenta é de aproximadamente um terço a que acontece nos ovos da gaivota-de-heermann (Larus heermanni), outra espécie que se reproduz no deserto.

Alimentação editar

O habitat da gaivota-cinzenta consiste em praias e lamaçais ao longo da costa oeste, onde a ave usa o bico para sondar o sedimento procurando por invertebrados,[3] em particular caranguejos-da-areia. Também alimenta-se de peixes e poliquetas, come carniça e às vezes segue barcos de pesca.[1]

Estado de conservação editar

A gaivota-cinzenta tem uma distribuição de reprodução restrita e uma distribuição de invernada limitada ao longo das costas de Equador, Peru e Chile. Acredita-se que a população esteja decrescendo. No entanto, a população total da espécie é grande o suficiente para justificar a classificação como "Pouco Preocupante", em vez de em uma categoria mais ameaçada.[1]

Referências

  1. a b c d BirdLife International (2012). «Larus modestus». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2012. Consultado em 30 de maio de 2014 
  2. Josep del Hoyo, Andrew Elliott, Jordi Sargatal (Eds.): Handbook of the Birds of the World. Volume 3: Hoatzin to Auks. Lynx Edicions 1996, ISBN 978-84-87334-20-7, p. 602
  3. a b c «Leucophaeus modestus». Neotropical Birds Online. Cornell Lab of Ornithology. Consultado em 30 de maio de 2014 
  4. Chupil, Henrique; Marques, Veronica; Nagaoka, Shany; Sardinha Murro, Rafael. «First record of Grey Gull (Leucophaeus modestus) in Brazil» (PDF). Revista Brasileira de Ornitologia. 27 (2): 140-142 
  5. a b Guerra, Carlos G.; Aguilar, Roberto E.; Fitzpatrick, Lloyd C. (1988). «Water Vapor Conductance in Gray Gulls (Larus modestus) Eggs: Adaptation to Desert Nesting». Colonial Waterbirds. 11 (1). pp. 107–109. JSTOR 1521176. doi:10.2307/1521176 
 
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