Lauriberto José Reyes

Estudante e militante, morto durante a ditadura militar brasileira.

Lauriberto José Reyes (São Carlos, 2 de março de 1945São Paulo, 27 de fevereiro de 1972) foi um estudante da Universidade de São Paulo (USP) e guerrilheiro brasileiro, militante da Aliança Libertadora Nacional (ALN) e do Movimento de Libertação Popular (MOLIPO). [1]Foi assassinado durante a ditadura militar brasileira, regime instaurado em 1 de abril de 1964 e que durou até 15 de março de 1985, e seu caso é investigado pela Comissão Nacional da Verdade (CNV).

Lauriberto José Reyes
Lauriberto José Reyes
Nascimento 2 de março de 1945
São Carlos, SP
Morte 27 de fevereiro de 1972
São Paulo, SP
Nacionalidade Brasil brasileiro
Ocupação guerrilheiro, estudante

Biografia

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Lauriberto José Reyes nasceu no dia 2 de março de 1945, em São Carlos, no estado de São Paulo. Filho do fiscal sanitário José Reyes Daza Jr. e de Rosa Castralho Reyes.[2][3]

Foi estudante da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e morador do CRUSP (Conjunto Residencial da USP), onde chegou a ser diretor cultural.[3] Em outubro de 1968, foi organizador do 30° Congresso da UNE, em Ibiúna, no qual foi preso e solto no dia seguinte para ir ao enterro do pai em São Carlos, sua cidade natal.[2]

Atuou como militante da Dissidência Estudantil do Partido Comunista Brasileiro de São Paulo (PCB/SP) até o surgimento da Aliança Libertadora Nacional (ANL). Em 4 de novembro de 1969, foi acusado de fazer parte do sequestro de um avião da Varig, que realizava o trajeto de Buenos Aires a Santiago, com outros oito membros da ANL.[2][3]

Militância

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Lauriberto começou como militante da Aliança Libertadora Nacional (ANL) e, em 1971, junto com mais um grupo de dissidentes da organização que havia efetuado treinamento de guerrilha em Cuba, criou o Movimento de Libertação Popular (Molipo). [4] Durante os primeiros anos da década de 1970, e principalmente a partir de novembro de 1971, o Molipo foi praticamente dizimado, quando vários de seus integrantes foram torturados e mortos (muitos deles com os corpos desaparecidos), após serem presos por agentes da máquina repressiva instituída pelo governo ditatorial — primeiro a Operação Bandeirante (OBAN) e, depois, os diversos Destacamentos de Operações de Informação - Centros de Operações de Defesa Interna (DOI-CODIs). [5]

Lauriberto fez parte do Grupo dos 28, ou Grupo da Ilha, ou, ainda, Grupo Primavera, que foram os 28 guerrilheiros que voltaram do treinamento em Cuba em 1971. Acreditava-se que estes militantes eram quase superdotados, porque reuniam tanto as condições físicas, que, em uma perspectiva militarista da revolução, era importante, quanto o preparo político intelectual. [6]

Segundo relatos de uma nota policia, no dia 27 de fevereiro de 1972, Lauriberto José Reyes (ou Vinícius, como era conhecido) e Alexander José Ibsen Voerões entraram em um confronto armado com a polícia militar e agentes do DOI-CODI na rua Serra de Botucatu, no bairro do Tatuapé, na zona leste de São Paulo. As informações oficiais relatam que, durante o tiroteio, os militantes teriam matado o transeunte, e ex-funcionário público, Napoleão Felipe Biscalde, de 61 anos, o qual estaria totalmente alheio ao conflito. Mas, segundo a Frente de Esculacho Popular, o objetivo das forças de repressão era executar os dois jovens militantes da MOLIPO e o funcionário público foi atingido no conflito pelos policiais. Lauriberto e Alexandre foram brutalmente assassinados a tiros.[7]. Segundo informações publicadas pela imprensa em 2008, os tiros de metralhadora foram dados pelo torturador Dirceu Gravina, conhecido nos porões da repressão como J.C. (ou Jesus Cristo). Segundo o laudo do exame necroscópico, quatro tiros teriam atingido Lauriberto: um no ombro esquerdo, um na coxa direita e dois na cabeça, sendo um no olho esquerdo e o outro na porção média da região frontal. [8]

Segundo o laudo necroscópico, emitido em 29 de fevereiro, Lauriberto faleceu devido à "lesões traumáticas crânio encefálicas" no dia 27 de fevereiro às 17 horas. O exame necroscópico descreve quatro tiros, sendo um na coxa direita, um no ombro esquerdo e dois na cabeça (no olho esquerdo e na região frontal).[3]

Nilmário Miranda, relator da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) no caso de n°270/96, pediu o levantamento de mais informações aos familiares ao suspeitar que a morte se tratava de uma execução. Em 7 de agosto de 1997, o caso de Lauriberto José Reyes foi aprovado na CEMDP por 6 votos favoráveis e apenas um contra, do general Oswaldo Pereira Gomes.[3]

Homenagem

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Em 1996, o nome de Lauriberto José Reyes foi dado a uma praça em São Carlos (SP). No Parque Santa Marta, na mesma cidade, uma outra praça recebeu seu nome.[3]

Em uma nova homenagem, a Câmara Municipal de São Carlos deu o nome de Lauriberto José Reyes a um centro da juventude, localizado no bairro Cidade Aracy.[3]

No local, no Tatuapé, foi colocada uma placa de rua com seus nomes e seus rostos foram reproduzidos em estêncil pela região.[7]

Ver também

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Referências