Livro de Habacuque

Habacuque ou Habacuc é o livro bíblico cuja autoria é atribuída ao profeta de mesmo nome.

Pesher do Livro de Habacuque, encontrado entre os manuscritos do Mar Morto. século I a.C.

Discute-se a data em que o livro foi escrito, havendo duas hipóteses[1]:

  • o livro foi escrito pouco antes da queda de Nínive em 612 AC; nessa hipótese, os opressores seriam os Assírios;
  • o livro foi escrito entre a Batalha de Carquemis em 605 AC e o primeiro cerco a Jerusalém em 597 a.C.; nessa hipótese, os opressores seriam os caldeus[2].

Habacuque significa "abraço", e está incluso na subdivisão da Bíblia chamada de Profetas Menores, sendo um livro de apenas três capítulos.[3][4] Provavelmente tenha sido escrito no século V a.C..

Habacuque nos sugere que observava a sociedade judaica a partir do Templo, onde possivelmente servia como levita, isto é cantor, ornamentador, prontificador do templo (ver Números 3:6-10). Podemos notar que o capítulo três de seu livro é uma canção, sendo que os últimos versos são considerados uma das maiores expressões de fé do Antigo Testamento.

O livro de Habacuque é diferente dos demais livros dos profetas em seu estilo literário, pois em momento algum há profecias contra esta ou aquela nação ou pessoa em particular, porém o que se pode ver é um diálogo entre o profeta e Deus. Entre seu texto há no capítulo dois a expressão: "O justo viverá da fé", que mais tarde inspiraria o apóstolo Paulo a escrever a mais teológica de suas cartas, a Carta aos Romanos, que posteriormente inspirou também Martinho Lutero na elaboração das 95 Teses "gatilho" da Reforma Protestante.

O profeta Habacuc inicia o livro interrogando a Deus e pedindo socorro, pois está cansado de ver o seu país sofrer opressão violenta, onde a Lei enfraquece e o direito está distorcido (1:2-4). A resposta de Deus é a intervenção de um grande império, que deveria corrigir os desmandos (1:5-10). Isso, porém, não satisfaz o profeta, pois o invasor não vem para fazer justiça, mas para substituir uma opressão por outra pior (1:12-17).

Habacuc continua esperando uma resposta satisfatória de Deus. A resposta definitiva é dada, agora, com mais clareza Deus expõe ao profeta seu plano. Que exige paciência, mas que não falha: "O justo viverá por sua fidelidade" (2:4). Com isso, os que sofrem as consequências da violência são chamados a ser agentes na história, opondo-se firmemente aos que não são corretos. Tal acontecerá somente se esse grupo for fiel ao projeto de Deus; se estiver permanentemente vigilante na realização da justiça.

Escultura de Habacuque em pedra-sabão, por Aleijadinho, em Congonhas, Minas Gerais. Século XVIII.

No momento em que os injustiçados se descobrem não só como vítimas, mas principalmente como agentes de uma transformação na história, surgem a possibilidade e a coragem de desmascarar os opressores. Esse desmascaramento se realiza através da desmistificação de sua potência, até chegar ao cerne de sua fraqueza: são adoradores de ídolos mudos e inertes, que não podem vir socorrê-los no momento crucial[5].

A segunda profecia (2:5-20) contém cinco imprecações contra a opressão iníqua[6].

Descobrindo a fraqueza do opressor, é possível celebrar a sua queda e o surgimento de uma nova era, de um mundo novo. É a celebração do justo, em tom de lamentação, cheia de estremecimentos e temores, porém com uma certeza: a justiça um dia se tornará realidade, porque o Deus dos justos é o Deus vivo que age na história (3:1-19)[5].

No quadro da doutrina Habacuque inova ao questionar por que Deus escolhe os bárbaros caldeus para exercer sua vingança[7].

Referências

  1. Bíblia de Jerusalém, Nova Edição Revista e Ampliada, Ed. de 2002, 3ª Impressão (2004), Ed. Paulus, São Paulo, pp 1.249-1.250
  2. A Tradução Ecumênica da Bíblia (Ed. Loyola, São Paulo, 1994, p 953) prefere essa hipótese
  3. Echegary, J. González et ali (2000). A Bíblia e seu contexto. 2 2 ed. São Paulo: Edições Ave Maria. 1133 páginas. ISBN 978-85-276-0347-8 
  4. Pearlman, Myer (2006). Através da Bíblia. Livro por Livro 23 ed. São Paulo: Editora Vida. 439 páginas. ISBN 978-85-7367-134-6 
  5. a b Habacuc Arquivado em 11 de dezembro de 2009, no Wayback Machine., Edição Pastoral da Bíblia, acessado em 11 de setembro de 2010
  6. Bíblia de Jerusalém, cit., p 1.249
  7. Bíblia de Jerusalém, cit., p 1.250

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