Luís de Alter de Andrade
Luís de Alter de Andrade foi um nobre e navegador português, comandante da nau Santa Clara aquando o seu naufrágio perto da praia de Arembepe por volta de 1574.[1][2]
Luís de Alter de Andrade | |
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Brasão da Família Andrade | |
Outros nomes | Luís de Alter
Luís de Andrade |
Nascimento | c. 1500 |
Morte | c. 1576 perto da praia de Arembepe, Salvador, Bahia |
Nacionalidade | Portuguesa |
Ocupação | Fidalgo português Navegador Feitor de Moluco Alcaide-Mor de Moluco Feitor de Ceilão Alcaide-Mor de Ceilão Escrivão Primeiro dos Negócios da Flandres |
Religião | Católica |
A primeira e única referência sobre a sua vida marítima é datada de 9 de abril de 1573[3], aquando a saída de Lisboa da Armada de Dom Francisco de Sousa, rumo à Índia como capitão da nau Santa Clara.[3] Foi na viagem de regresso[3], que a nau sofre um desvio da sua rota e vai parar a Salvador onde decide aportar. Após o reabastecimento da nau, levanta âncora perto da meia-noite. Passado uns minutos, chegando perto da praia de Arembepe, a amarra fica encalhada num baixio e ocorre o dano do casco em arrecifes, levando ao seu naufrágio e à morte de Luís de Alter de Andrade e a mais 300 tripulantes.[1][2][3]
Sobre a noite da sua morte, existem duas referências, uma no Tratado Descritivo do Brasil que conta[2]:
De Jacuípe a Arambepe são duas léguas onde se perdeu a nau Santa Clara, [...] estando sobre amarra, e foi tanto o tempo que sobreveio, que a fez ir à caceia, que foi forçado cortarem-lhe o mastro grande, o que não bastou para se remediar, e os oficiais da nau, desconfiados da salvação, sendo meia-noite, deram à vela do traquete para ancorarem em terra e salvarem as vidas, o que lhe sucedeu pelo contrário; porque sendo esta costa toda limpa, afastada dos arrecifes, foram varar por cima de uma laje, não se sabendo outra de Pernambuco até a Bahia, a qual laje está um tiro de falcão ao mar dos arrecifes, onde se esta nau fez em pedaços, e morreram neste naufrágio passante de trezentos homens, com Luís de Alter de Andrade, que ia por capitão. [...]
outra das referências está na História do Brasil de Frei Vicente do Salvador de 1627[1]:
Também neste tempo deu a nau Santa Clara, [...] à costa no rio Arambepe à meia-noite, dando por cima de uma lájea, um tiro de falcão do recife, e se perderam mais de trezentos homens, que nela iam com o capitão Luiz de Andrade. Dista o rio donde a nau se perdeu cinco ou seis léguas desta cidade, e assim acudiu logo lá muita gente, e se tirou do fundo do mar muito dinheiro de mergulho, de que se pagaram per si os búzios, e nadadores, e muitos que nada nadaram. A isto acudiu o bispo com a excomunhão da Bula da Ceia contra os que tomam os bens dos naufrágios; não sei se aproveitou alguma coisa, só sei, que ouvi dizer a um, dali a muitos anos, que aquele fora o tempo dourado para esta Bahia pelo muito dinheiro que então nela corria, e muitos índios, que desceram do sertão, e bem dizia dourado, e não de ouro, porque para este outras coisas se requeriam
Sabe-se também, que Luís de Alter de Andrade era o dono dos terrenos da actual zona da Estrela[4], em Lisboa e que posterior à sua morte, os seus herdeiros doaram parte do terreno à ordem de São Bento portuguesa em 1581 e foi iniciada a construção do convento de São Bento em 1598. Nesta transação, interferiu diretamente o Cardeal Dom Henrique.[4][5]
Com o decreto real de D. Pedro IV, datado de Setembro de 1833, as duas Câmaras – Pares e Deputados – foram instaladas no edifício do Mosteiro de S. Bento que passou a designar-se Palácio das Cortes. O seu recheio foi nessa altura disperso e encontra-se actualmente em outras igrejas de Lisboa e em museus.[4]
Referências
- ↑ a b c Salvador, Frei Vicente de (1627). História do Brasil 1500-1627. [S.l.: s.n.] pp. 65–66
- ↑ a b c de Souza, Gabriel Soares (1587). Tratado Descritivo do Brasil. [S.l.: s.n.] p. 71
- ↑ a b c d Relação das náos e armadas da India com os successos dellas que se puderam saber, para noticia e instrucção dos curiozos, e amantes da historia da India: (Brit. Library, Cód. Add. 20902). [S.l.]: UC Biblioteca Geral 1. 1985
- ↑ a b c Mota, Publicada por Jorge. «Palácio de São Bento: a história de um edifício». Consultado em 28 de julho de 2020
- ↑ «15 PRECIOSIDADES DE SÃO BENTO». www.cmjornal.pt. Consultado em 28 de julho de 2020