Método de ensino da língua estrangeira

abordagens utilizadas para ensinar uma língua estrangeira

Os métodos de ensino de línguas estrangeiras são abordagens utilizadas pelos professores em sala de aula para ensinar uma língua estrangeira. A escolha do método a ser utilizado em sala de aula é muito importante, pois ele pode influenciar na aprendizagem do novo idioma, por isso o docente deve conhecer cada método e suas especificidades, a fim de adequá-los de acordo com as características de aprendizagem de sua turma.

Breve história editar

Antigamente, na Idade Média, o ensino de língua estrangeira era realizado de forma mecânica baseada na gramática, na qual o aprendiz traduzia livros inteiros palavra por palavra para a sua língua materna através da dedução. Somente no século XVI, começou a surgir as primeiras inovações para métodos mais ativo, O bispo da Moravia J. A. Commenius (1592-1670) inovou ao ensinar o vocabulário latino através de desenhos. Os métodos de ensino sofreram várias mudanças ao longo do tempo e ainda são motivos de discussão.

Método da Gramática e da Tradução editar

O método da gramática e tradução, ou método tradicional, consiste na tradução de texto da língua alvo para a materna. Nesse método, os alunos tendem somente a memorizar as regras da gramática imposta pela língua a ser estudada, e busca-se a tradução como um tipo de exercício frequente através de atividades de tradução os alunos são expostos a regras gramaticais, listas de vocábulos, conjunções verbais e outros componentes da gramática. O objetivo desse método é fazer com que o aluno seja capaz de ler a literatura escrita da cultura da Língua Estrangeira, sendo este considerado um objetivo nobre e um bom exercício para o desenvolvimento mental. A comunicação oral não é realizada nesse método, além disso, o professor não necessita saber a língua alvo. O foco das atividades está na leitura e na produção escrita, mas de maneira muito mecânica e sem o objetivo de construção de sentidos. A maior crítica relacionada a esse método está no fato de ser uma tradução mecânica, portanto sem oportunidades de construir novos significados.

Método Direto editar

O método direto ou abordagem direta surgiu a partir da necessidade de preparar os alunos para usar oralmente a Língua estrangeira. Nessa abordagem é criado um ambiente monolinguístico, e o processo de ensino-aprendizagem é baseado apenas na língua alvo, a língua materna do aluno nunca é usada em sala de aula. Sobre o método direto, Leffa (1988) explana:

"O princípio fundamental da AD é de que a L2 se aprende através da L2; a língua materna nunca deve ser usada na sala de aula. A transmissão do significado dá-se através de gestos e gravuras, sem jamais recorrer à tradução. O aluno deve aprender a "pensar na língua"". [1]

Diferente do primeiro método, o papel do aluno não é passivo, pois ele interage com o professor passo a passo durante a aula. O processo de ensino aprendizagem se fundamenta na capacidade do aprendiz em fazer associações, deduções e inferências a partir de situações apresentadas a ele. A transmissão do significado ocorre através de exercícios iniciais orais e de forma repetitiva, além disso, gestos, gravuras, figuras e mímicas também são usados para ajudar no processo de compreensão do aluno. Apesar de a ênfase das atividades estar na linguagem oral, a linguagem escrita também pode ser explorada. O aprendizado é feito primeiro pelo ouvir, falar, ler e escrever, através de diálogos sobre assuntos diários. As regras gramaticais são aperfeiçoadas com o tempo e a experiência, por isso o aluno não precisa sistematizar a língua estrangeira. O princípio fundamental desse método é de que a língua-alvo se aprende através da língua-alvo.


Método audiolingual editar

O método audiolingual é uma abordagem de ensino baseada na oralidade, tem como finalidade ensinar a parte escrita ao aluno somente quando o mesmo estiver familiarizado com a oralidade da língua alvo. Primeiro ele precisa ouvir, depois falar, ler para então escrever. Acredita-se que o aprendizado acontece pela repetição, reforço e memorização do conteúdo pelo aluno, e o professor é visto como o modelo a ser seguido no processo de ensino-aprendizagem. As técnicas mais utilizadas são a memorização e dramatização de diálogos que devem ser imitados, repetidos e memorizados pelo aluno. A pronúncia é ensinada desde o primeiro momento, e é esperado do aluno que produza a mesma pronúncia de um falante, cuja língua materna é a que se está aprendendo.

Abordagem comunicativa editar

A abordagem comunicativa leva em consideração o interesse pelo desenvolvimento da competência comunicativa em uma língua estrangeira, seja falar, ouvir, escrever e fazer se entender em outra língua. Esse interesse faz as pessoas buscarem métodos e lugares que acreditam ser o ambiente ideal para sua aquisição. Qualquer que seja o lugar onde se aprende esta nova língua, o aprendiz busca conseguir se comunicar fluentemente por meio dela. O desenvolvimento da competência comunicativa se justifica uma vez que a língua estrangeira é vista hoje como essencial no nosso dia-a-dia. Segundo Rocha (2011)[2], os métodos comunicativos valorizam a importância do meio e das interações, além disso, a comunicação é um elemento de ligação, por isso percebe-se que os métodos comunicativos têm em comum como característica: o foco no sentido, no significado e na interação entre sujeitos na língua estrangeira. Nesse ensino a aprendizagem baseia-se em atividades relevantes de interesse ou necessidade do aluno, para que assim ele aprenda a usar a língua estrangeira competentemente nas suas interações. O crítico Nunan (apud Filho e Lima, 2013) lista cinco características da abordagem comunicativa:

"a) uma ênfase no aprender a comunicar-se através da interação com a língua-alvo; b) a introdução de textos autênticos na situação da aprendizagem; c) a provisão de oportunidades para os alunos, não somente na linguagem, mas também no processo de sua aprendizagem; d) uma intensificação das próprias experiências pessoais do aluno como elementos importantes na contribuição para aprendizagem em sala de aula; e) uma tentativa de ligar a aprendizagem da linguagem em sala de aula com ativação da linguagem fora da sala de aula."[3]

A abordagem comunicativa tem o foco no sentido, no significado e na interação entre os sujeitos que estão aprendendo um novo idioma. O ensino comunicativo é aquele que organiza as experiências de aprender em termos de atividades do interesse e/ou necessidade do aluno para que ele se capacite a usar a língua estrangeira de forma competente na interação com outros falantes-usuários dessa língua. Além disso, este ensino não baseia-se nas formas da língua descritas nas gramáticas como modelo suficiente para organizar as experiências de aprender outra língua, embora não descarte a possibilidade de criar na sala de aula momentos de explicitação de regras e de prática rotineiras da gramática.

Referências editar

Bibliografia editar

MOROSOV, Ivete. A didática do ensino e a avaliação da aprendizagem em língua estrangeira. Curitiba: Ibpex, 2008.

  1. LEFFA, V. J. Metodologia do ensino de línguas. In BOHN, H. I.; VANDRESEN, P. Tópicos em linguística aplicada: o ensino de línguas estrangeiras. Florianópolis: UFSC, p. 211-236, 1988. Disponível em: <http://www.leffa.pro.br/textos/trabalhos/Metodologia_ensino_linguas.pdf>. Acesso em: 14 dez. 2014.
  2. ROCHA, M. O. Opções metodológicas e aquisição de Língua Estrangeira – Inglês – em cursos livres. Ijuí: UNIJUÍ, 2011. Disponível em: <http://bibliodigital.unijui.edu.br:8080/xmlui/bitstream/handle/123456789/767/TCC%20-%20MicheleORocha.pdf?sequence=1>. Acesso em: 01 dez. 2014.
  3. FILHO, M. N. S.; LIMA, N. S. Abordagem comunicativa no processo de aquisição de Língua Inglesa. Web-Revista sociodialeto: Bach., Linc., Mestrado – Letras – UMES/Campo Grande, v. 2, nº 3, mar. 2013. Disponível em: <http://sociodialeto.com.br/edicoes/14/01042013010917.pdf>. Acesso em: 30 nov. 2014.