Magia cerimonial

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Magia cerimonial ou magia ritual é o nome dado a uma arte que engloba ampla variedade de rituais de magia complexos, elaborados e longos. Os trabalhos incluídos são caracterizados pela cerimônia e uma parafernália de vários acessórios necessários para ajudar o praticante, com objetivos tais como invocar forças ou entidades através de fórmulas. Tornou-se parte do imaginário do ocultismo e esoterismo ocidental.

"Magic Ceremonies", aquatinta no livro The Astrologer of the Nineteenth Century (1825)

Popularizada pela Ordem Hermética da Aurora Dourada, abrange modernamente vários sistemas mágicos, nos quais se considera constituída de Rito e Ritual.

Renascença editar

O termo tem origem na magia renascentista do século XVI, referindo-se a práticas descritas em vários grimórios medievais e renascentistas, relatadas em coleções como a de Johannes Hartlieb,[1][2] que receberam influências do hermetismo e teurgia neoplatônica e derivaram sistemas como a Cabala cristã[3] e magia enoquiana, os quais foram empregados nos sistemas cerimoniais vitorianos.[4][5][6][7]

Georg Pictor usa o termo como sinônimo de goécia em um livro.[8] Numa tradução do De incertitudine et vanitate scientiarum (1526) de Heinrich Cornelius Agrippa consta "As partes do magia cerimonial são goécia e teurgia". Para Agrippa, a magia cerimonial estava em oposição à magia natural. Embora tivesse suas dúvidas sobre a magia natural, que incluía astrologia, alquimia e também o que hoje consideraríamos campos das ciências naturais, como a botânica, ele estava, no entanto, preparado para aceitá-la como "o pico mais alto da filosofia natural". A "magia cerimonial", por outro lado, que incluía todos os tipos de comunicação com espíritos, incluindo necromancia e bruxaria, ele denunciou em sua totalidade como desobediência ímpia a Deus.[9]

Segundo o historiador Arthur Versluis:[10]

"A história das correntes mágicas na modernidade é, em grande parte, a história de como a magia cerimonial se tornou secularizada. Esses manuais de magia ou grimórios do final da Idade Média/início da modernidade muitas vezes evidenciam uma grande dívida para com o hebraico e os sigilos cabalísticos e também reproduzem frequentemente os tipos de sigilos planetários que vimos no Occulta philosophia de Agrippa. Na verdade, pode-se razoavelmente argumentar que a história da magia cerimonial ocidental desde o século XVI é uma história de variações de temas e, para ser ainda mais preciso, de livros que derivam e até mesmo plagiam seus predecessores."

Prática editar

O Rito abrange todos os elementos integrantes do cerimonial, bem como a parte gestual e a localização de cada objeto que tomará parte na operação.

O Ritual vem a ser a parte falada do cerimonial, onde se incluem todas as invocações, evocações, conjuros, preces e orações proferidas pelo mago e/ou magista.

Na Magia Cerimonial, as hierarquias de “Poder”, têm que estar bem definidas, orquestradas, paramentadas, documentadas e praticadas. Os materiais ritualísticos atuam, mas só tem validade se corresponderem ao estado íntimo adquirido. Assim, cada instrumento exterior (seja o bastão, a espada, o Tetragramaton, o Pentagrama e outros) torna-se um meio de catalização da força íntima desencadeada.

É na Magia Cerimonial que o mago opera com o Círculo Mágico, um grande Pantáculo em que são reunidas as forças que entrarão em sintonia durante a operação. Dentro do Círculo Mágico estarão todos os elementos pertinentes à operação em questão, todos os seres luminosos afins que, canalizados e catalisados pela força do mago, garantirão a eficácia do trabalho.

Referências

  1. Lang, Benedek (1 de janeiro de 2010). Unlocked Books: Manuscripts of Learned Magic in the Medieval Libraries of Central Europe (em inglês). [S.l.]: Penn State Press 
  2. Classen, Albrecht (23 de outubro de 2017). Magic and Magicians in the Middle Ages and the Early Modern Time: The Occult in Pre-Modern Sciences, Medicine, Literature, Religion, and Astrology (em inglês). [S.l.]: Walter de Gruyter GmbH & Co KG 
  3. Lehrich, Christopher I. (25 de setembro de 2003). The Language of Demons and Angels: Cornelius Agrippa's Occult Philosophy (em inglês). [S.l.]: BRILL 
  4. Butler, A. (5 de janeiro de 2011). Victorian Occultism and the Making of Modern Magic: Invoking Tradition (em inglês). [S.l.]: Springer 
  5. Curry, Patrick (5 de maio de 2009). Seeing with Different Eyes: Essays in Astrology and Divination (em inglês). [S.l.]: Cambridge Scholars Publishing 
  6. Asprem, Egil (2 de abril de 2012). Arguing with Angels: Enochian Magic and Modern Occulture (em inglês). [S.l.]: SUNY Press 
  7. DuQuette, Lon Milo; Shoemaker, David; Skinner, Stephen; Hauck, Dennis William; Rankine, David; Leitch, Aaron; Cicero, Chic; Cicero, Sandra Tabatha; Webster, Sam (8 de fevereiro de 2020). Llewellyn's Complete Book of Ceremonial Magick: A Comprehensive Guide to the Western Mystery Tradition (em árabe). [S.l.]: Llewellyn Worldwide 
  8. Congress, Library of; Subcommittee, American Library Association Committee on Resources of American Libraries National Union Catalog (1968). The National Union Catalog, Pre-1956 Imprints: A Cumulative Author List Representing Library of Congress Printed Cards and Titles Reported by Other American Libraries (em inglês). [S.l.]: Mansell 
  9. Charles G. Nauert, Jr., Magic and Skepticism in Agrippa's Thought, Journal of the History of Ideas (1957), p. 176
  10. Versluis, Arthur (2007). Magic and Mysticism: An Introduction to Western Esotericism (em inglês). [S.l.]: Rowman & Littlefield 

Bibliografia editar

  • CONTE, Carlos Brasilio. Magia Cerimonial. Madras Editora. s/d. ISBN 8573745584