Make Me (Lee Child)

livro de Make Me

Make Me (Obriga-me) é um romance policial de 2015 escrito pelo escritor inglês Lee Child sendo o vigésimo livro da série em que Jack Reacher é a personagem principal. A história é contada por um narrador.[1][2]

Make Me
Make me - bookcover.jpg
Autor(es) Lee Child
Idioma inglês
País  Reino Unido Estados Unidos
Gênero Policial
Série Jack Reacher
Editora Bantam Press (UK), Delacorte Press (US)
Lançamento 2015
Páginas 478
ISBN 978-0-8129-9929-7
Cronologia
Uma Questão Pessoal
Night School

Resumo editar

Sem um objectivo preciso em mente, Jack Reacher estava em viagem de comboio quando observou um facto invulgar por ser perto da meia-noite. Uma retroescavadora visível por ter quatro faróis no tecto da cabine estava a abrir um buraco no que parecia um curral de porcos de uma quinta isolada. 30 quilómetros a norte deste local, na próxima paragem do comboio, a localidade de Mother´s Rest (localidade fictícia criada pelo autor), Jack Reacher saiu e não prosseguiu a viagem.[3]:1-3

Quando está a sair da estação de comboios vem ter com ele uma mulher chamada Michelle Chang que confunde Reacher pela estatura com uma pessoa que ela julgava que pudesse vir naquele comboio, o seu colega detetive particular que a tinha chamado para o local e que agora não aparece.[3]:Contracapa

Reacher pernoita no único motel que existe na localidade onde obviamente também está hospedada Chang. Há qualquer coisa em Chang que leva Reacher a querer ajudá-la e junta-se a ela na procura de explicação da ausência do colega dela que não aparece. E assim Reacher vê-se envolvido numa corrida atribulada por todos os EUA, desde Oklahoma City, base do colega de Chang desaparecido, passando por Los Angeles, onde vive e trabalha o jornalista do Los Angeles Times que foi contactado pelo desaparecido e pelo cliente para explicação sobre a deep web, indo depois a Chicago, onde vivia o hipotético cliente do colega de Chang, e onde Reacher e Chang tiveram de fazer face a um atentado contra eles, indo depois a Phoenix (Arizona), onde vive uma irmã do cliente e onde se situa a base de um grupo mafioso de origem no leste europeu que por encomenda de desconhecidos persegue Reacher e Chang, os quais se livram mais uma vez de um sério atentado, passando ainda por Palo Alto onde vive um hacker que os ajuda a entender o funcionamento da deep web e o que fazem os "maus" de Mother´s Rest, e por fim o regresso ao ponto de partida onde se verifica o confronto final com os "maus" e se descobre o que aconteceu aos desaparecidos.[3]:Contracapa

Questões editar

Uma das questões colocadas pelo livro é a da existência e do uso da chamada Deep Web. Um dos personagens do livro, um hacker, faz a seguinte afirmação:[3]:384-385

"A pesquisa na Deep Web é tecnicamente elegante, mas estar dentro dela pode ser desagradável. Tem um pouco de tudo, mas ao fim e ao cabo é uma javardice com três braços. Um terço dela é um mercado criminal enorme em que está tudo à venda, desde o teu cartão de crédito até assassinatos. Há sítios com leilões em que assassinos profissionais competem para ficar com a tarefa. A oferta mais baixa ganha. Há sítios onde tu podes especificar como a tua mulher deve morrer, e há fornecedores que te dão um orçamento pela tarefa....O segundo braço da javardice da Deep Web é pornografia do tipo mais selvagem. De dar voltas ao estômago, mesmo para mim, e eu não sou propriamente uma pessoa mediana....O terceiro braço da Deep Web é o suicídio."

Ainda uma outra personagem, explicando o que outra andava à procura, referiu ainda a propósito da Deep web:[3]:273-274

"Ele quer saber porque alguns sítios na rede não podem ser encontrados. O que era fundamentalmente uma questão acerca de motores de busca. A imagem dele de uma piscina parecia útil. Ele imaginava milhões de bolas de ténis, algumas flutuando e muitas submetidas para baixo pelo peso das de cima. Então eu pedi-lhe para imaginar um motor de busca como uma longa fita de seda a ser sacudida para cima e para baixo, para dentro e para fora, deslizando a uma velocidade tremenda pelas superfícies macias e molhadas. E imagina que algumas bolas se adaptaram para não serem nada macias, para ter em vez disso espigões, como anzóis para peixes, e outras bolas se adaptaram para serem completamente lisas, como bolas de bilhar. Onde iria a fita de seda prender-se? Nos espigões, claro. E deslizaria completamente sobre as bola de bilhar. É o que ele precisava de entender sobre motores de busca. É uma via com dois sentidos. Um sítio da rede tem de querer ser encontrado. Tem de trabalhar muito para desenvolver espigões eficientes. Chama-se a isso optimização para motores de busca. É uma importante disciplina actualmente. Dito isto, exige também um trabalho aturado ser uma bola de bilhar. Manter-se secreto também não é fácil."

Ainda a mesma personagem, respondendo ao comentário de outra que referiu que sítios na rede secretos implicam ilegalidade:[3]:274-275

"Ou imoralidade, suponho eu. Ou os dois ao mesmo tempo. Sou ingénua acerca dessas coisas, mas podemos imaginar pornografia do tipo mais desagradável, ou entregas de droga por correio, e por aí fora. É a chamada Deep web...que pode ser dez vezes maior do que a Surface web. Ou cem vezes. Ou mais. E que não deve ser confundida com a Dark web, claro, que são apenas sítios fora de prazo com links sem efeito, como satélites mortos a rodopiar no espaço para sempre."

Ainda acerca da dimensão da Deep web e da possibilidade de o seu controle pelos Estados, uma personagem que é jornalista afirma:[3]:274-275

"A Deep web pode ser quinhentas vezes maior do que a Surface web. Pouco disso ganha dinheiro, penso eu, mas poucos dessa área precisam de o fazer, num universo tão largo.

E quando outro personagem pergunta se o estado desenvolveu um motor de busca capaz de ver a Deep web o jornalista responde que não, que quem constrói motores de busca são os especialistas em software que escrevem em linguagem máquina, os "coders".

Outra questão que tem incidência sobre o desenrolar da ação é o estado ou característica de anedonia de algumas pessoas. Uma personagem apresenta assim a situação de um familiar:[3]:300-301

"Ele nasceu infeliz. Nasceu sem a capacidade de ser feliz. Nasceu sem qualquer conceito até do que é felicidade. Ele não sabe que isso é... Dão-se nomes para tudo.. Nenhum deles realmente se encaixa. Eu penso nisso como melancolia. Mas isto parece demasiado fraco e passivo....E ele é inteligente. Ele sabe exactamente o que está a acontecer-lhe. O resultado é um tormento sem fim."

Apreciação editar

Janet Maslin, no The New York Times faz a seguinte apreciação: "Tenha isso em mente, na próxima vez que alguém lhe disser que Child, cujos romances de suspense do tipo duro e cerebral seguem todos as mesmas regras básicas, é apenas mais um do género a repetir-se de maneira mecânica. Make Me é uma peça quente. Tal como foi Never Go Back há dois anos, mas o tépido Uma Questão pessoal (2014) ocorreu entre eles. Child faz as suas melhores obras quando se aventura em novos e corajosos desafios, e Uma Questão Pessoal não apresentou nenhum. Make Me apresenta um enorme, mas leva um bom bocado a revelar o que, exatamente, existe na vagamente sinistra cidade campónia que atraiu Reacher."[4]

Malcolm Gladwell, no The New Yorker: "Lee Child escreveu até agora vinte romances de Jack Reacher. Em cada um, Reacher mata cerca de uma dúzia de pessoas - o que significa que, se fizermos a soma, ele matou para cima de duzentas pessoas no decorrer da sua vida ficcional. É muita mortandade e, em Make Me, os corpos parecem empilhar-se mais rápido do habitualmente ... se alguém matou mais de duzentos civis no decurso da sua carreira literária - tudo com uma boa quantidade de previsão e deliberadamente e com não pouco prazer - ele é, tecnicamente falando, um Serial-killer".[5]

E Malcolm Gladwell conclui: "Os livros de Reacher são Westerns: são sobre o homem de honra que chega à fronteira sem lei, a fim de impor uma espécie de justiça. Mas num aspecto crucial, eles modificam o género. O western tradicional era uma fantasia sobre a lei e a ordem: baseava-se numa saudade da ordem entre aqueles que viveram sem ela durante muito tempo. Os heróis comportam-se de acordo com regras estritas de cavalaria. Eles agem - na medida do possível - com moderação. No mundo em que vivemos hoje, em contraste, temos demasiada ordem: somos, como nos lembram com tanta frequência ultimamente, sobre-policiados. A nossa fantasia contemporânea é sobre a ilegalidade: sobre o que aconteceria se as instituições cívicas desaparecessem e tudo o que nos restasse fosse um tipo musculado e enorme que poderia fazer todos os cálculos necessários na sua cabeça para garantir que o tipo mau apanhasse o que ele merecia. É por isso que raramente há agentes policiais nos romances de Reacher - ou juízes, ou tribunais, ou advogados, ou qualquer discussão ou consideração sobre a lei. Nem sequer há qualquer restrição da parte do herói. Ele não aponta para um amanhã mais civilizado. Ele está a encaminhar-nos de volta a um ambiente selvagem, com a certeza de que nossos psicopatas são mais duros e mais fortes do que os psicopatas "maus da fita". Eu li todos os vinte romances de Lee Child. Talvez haja algo de errado comigo. Mas fico ansioso pelo vigésimo primeiro."[5]

Referências editar

  1. goodreads.com (ed.). «Make Me (Jack Reacher #20)». Goodreads. Consultado em 12 Novembro 2015 
  2. amazon.com (ed.). «Make Me: A Jack Reacher Novel Hardcover – September 8, 2015». Amazon.com. Consultado em 12 Novembro 2015 
  3. a b c d e f g h Lee Child, Make Me, Dell, Nova Iorque, ISBN 978-0-8129-9929-7.
  4. Maslin, Janet (31 Agosto 2015). «Review: In 'Make Me,' Lee Child Adds Another Layer to Jack Reacher». The New York Times. nytimes.com. Consultado em 30 Outubro 2017 
  5. a b Malcolm Gladwell, "The Lawless Pleasures of Lee Child’s Jack Reacher Novels", The New Yorker, 09-09-2015, [1]

Ligações externas editar

  • Sítio oficial de Lee Child e Jack Reacher [2]