O Mapa das Cortes, intitulado Mapa dos confins do Brazil com as terras da Coroa da Espanha na América Meridional, é um mapa e documento histórico produzido em 1749. Ele serviu como base para as coroas portuguesas e espanholas formularem o Tratado de Madri, em 1750, e estabelecerem as fronteiras de atuação ibérica no continente americano. O documento também é importante porque foi o primeiro mapa a retratar o delineado triangular da costa oeste sulamericana, atual fronteira marítima brasileira.[1][2][3][4][5]

Mapa das Cortes na versão presente na coleção do Arquivo Público do Distrito Federal

Ficou conhecido como Mapa das Cortes, porque foi utilizado durante as negociações do tratado pelos ministros plenipotenciários das duas coroas.[5][6]

História

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O mapa foi encomendado por Alexandre de Gusmão, em 1749, para figurar as discussões do Tratado de Madri. Por motivos políticos, a diplomacia portuguesa decidiu não usar a Carte de l’Amérique méridionale, mapa mais preciso e antigo produzido por Jean-Baptiste Bourguignon d'Anville.[7] Através do documento original do Mapa das Cortes, duas versões idênticas foram elaboradas e apelidadas de Mapas Primitivos. Elas foram enviadas, cada uma delas, às cortes da Espanha e de Portugal. Após o tratado, outras seis cópias foram feitas, três para cada coroa, e enviadas aos comissários responsáveis por demarcar a divisão territorial estabelecida pelo documento.[5][6]

A cópia portuguesa referente ao Mapas Primitivos foi encontrada, mais tarde, em Paris, pelo Barão do Rio Branco. Já as três cópias portuguesas enviadas aos comissários atualmente encontram-se na mapoteca do Itamaraty. Uma das cópias espanholas encontra-se na Biblioteca Nacional.[1][2]

Descrição

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Através de uma linha vermelha, o Mapa das Cortes apresenta uma divisão de parte do continente americano entre as terras ocupadas pelos espanhóis, pintadas de rosa, e pelos portugueses, em amarelo.[8] O documento apresenta mais de 430 distorções, como erros de latitude e longitude, os quais diminuem a área de atuação portuguesa. A intenção desses erros propositais era diminuir as perdas territoriais espanholas nas províncias de Cuiabá, Mato Grosso e Amazonas, a fim de enganar a coroa espanhola em benefício da portuguesa.[1][2][9][3]

Como o mapa conta com diversas cópias, existem variações em algumas delas, possivelmente feitas para tentar corrigir os erros e distorções do documento original.[1]

No verso de uma das verões, encontram-se as assinaturas de D. Joseph de Carvajal y Lancaster e D. Tomás da Silva Teles, os ministros plenipotenciários das coroas espanhola e portuguesa.[4]

Ver também

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Referências

  1. a b c d Cintra, Jorge Pimentel (2009). «O Mapa das Cortes: perspectivas cartográficas». Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material. Consultado em 31 de julho de 2020 
  2. a b c Cintra, Jorge Pimentel (2012). «O MAPA DAS CORTES E AS FRONTEIRAS DO BRASIL». Boletim de Ciências Geodésicas. Consultado em 31 de julho de 2020 
  3. a b «Brasil 500 - O país de papel: Mapa das Cortes». Folha de S. Paulo. Consultado em 31 de julho de 2020 
  4. a b «Brasil em 1749: Mapa das Cortes». Guia Geográfico: História do Brasil. Consultado em 31 de julho de 2020 
  5. a b c «Mapa dos confins do Brasil com as terras da coroa de Espanha na américa meridional – "mapa das cortes"». Arquivo Público do Distrito Federal. Consultado em 31 de julho de 2020 
  6. a b «Mapa dos confins do Brasil com as terras da coroa de Espanha na américa meridional – "mapa das cortes"». Confins. 2019. Consultado em 31 de julho de 2020 
  7. Furtado, Júnia Ferreira (2013). O mapa que inventou o Brasil 1a ed. Rio de Janeiro São Paulo: Pancrom Indústria Gráfica. ISBN 978-8589309493 
  8. «Biblioteca Virtual da Cartografia Histórica: do século XVI ao XVIII: Mapa das Cortes». Biblioteca Nacional Digital 
  9. Ferreira, Mário Clemente (2007). «O Mapa das Cortes e o Tratado de Madrid: a cartografia a serviço da diplomacia». Varia Historia. Consultado em 31 de julho de 2020