Mar sagrado
O mar sagrado é uma invocação religiosa recorrente na tradição popular brasileira e portuguesa. Embora sua origem seja duvidosa, especula-se que esta jaculatória tenha se originado da corruptela da expressão mar salgado, costumeiramente citada em trovas e cantigas tradicionais.[1] Para alguns, no entanto, a menção ao mar sagrado seria resquício de antigos cultos de adoração das grandes massas d'água, adaptados às práticas cristãs. [2]
A crença na santidade do mar importava, para aqueles que nisto criam, que não se podiam lançar imundícies nas águas marinhas. Entretanto, em se o fazendo, os rejeitos seriam invariavelmente devolvidos à terra, uma vez que o mar teria a capacidade de purificar a si próprio.[3] Talvez por isto, o mar sagrado é especialmente invocado em orações populares contra o mau-olhado ou para a cura, sendo as águas do mar sagrado ou as ondas do mar sagrado o destino para onde se ordenam que vão as enfermidades. [4]
No Brasil, a invocação foi, do mesmo modo, apropriada e ressignificada[5]. Para além das preces do catolicismo popular, tal como em Portugal, o mar sagrado é reverenciado pelos Pancará, Tuxá e outras tribos indígenas do Nordeste brasileiro, no âmbito de suas celebrações rituais. Para eles, seria esse o espaço mítico onde habitam suas entidades sobrenaturais, em especial os espíritos de seus antepassados. [6] O povo de santo, por seu turno, idolatra o mar sagrado como a representação da divindade Iemanjá, sendo a jaculatória recorrente em pontos cantados e rezas. [5]
Referências
Bibliografia
editar- SANTOS, Domingos Maurício Gomes dos. Brotéria. Vol.: 20-21. Lisboa: [?], 1935.
- CÉSAR, G. Crendices no Nordeste. [Recife]: Pongetti, 1941.
- VASCONCELLOS, J. L. A barba em Portugal: estudo de etnografia comparativa. Lisboa: Imprensa Nacional, 1925.
- ____________. Tradições populares de Portugal. Porto: Livraria Portuense de Clavel, 1882.
- REVISTA do Museu Paulista. Vol.: 8. São Paulo: Museu Paulista, 1954.
- MOLINA, N. A. Trabalhos de um preto velho feiticeiro. Rio de Janeiro: Editora Espiritualista, 1978.