Massais

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Os massais[2] são um grupo étnico africano de seminômades que vive no Quênia e no norte da Tanzânia com uma população total de 841 622 (dados de 2009).[3][4]

Massai
Bandeira massai
Pessoas Massai
População total

~ 2 milhões[1]

Regiões com população significativa
 Quênia 1 189 522 (2019)
Tanzânia 800 000 (2011)
Línguas
Maa
Religiões
Animismo monoteísta
Etnia
Nilotas

Devido aos seus costumes distintos e residência próxima aos parques de caça da África oriental, eles se situam entre os grupos étnicos africanos mais bem conhecidos internacionalmente. Os massai preservam muitas de suas tradições culturais enquanto se engajam nas forças econômicas, sociais e políticas contemporâneas regionais e globais. Seu idioma é o maa. Em 1994, a população massai no Quênia estava estimada em 453 000 e em 1993, a população massai da Tanzânia estava estimada em 430 000, perfazendo uma estimativa de população massai total de 883 000. As estimativas das populações Massai em ambos os países é complicada devido sua natureza nômade e a eles serem o único grupo étnico autorizado a viajar livremente pelas fronteiras entre o Quênia e a Tanzânia.

Cultura editar

 
Massai adulto

A cor oficial massai é o vermelho e se distinguem das outras tribos vestindo sempre alguma coisa vermelha, porém pequena. Sua sociedade é patriarcal por natureza, com os mais velhos decidindo sobre a maioria das questões para cada grupo massai. O "laibon", o assim chamado líder espiritual deste povo, atua como intermediário entre os massai e seu único deus, "Enkai", assim como também ele é a fonte do conhecimento sobre as ervas. O estilo de vida tradicional massai se concentra em seu gado, que constitui sua principal fonte de alimento. Os governos da Tanzânia e do Quênia instituíram programas para encorajar os massai a abandonarem seu estilo de vida nômade tradicional e adotar um estilo de vida agrário.

A classe social dos massais é determinada pelo número de vacas pertencentes às famílias. Sendo nômades, os massai constroem casas temporárias com esterco de vaca e barro. As casas são construídas em um círculo, e às noites, as vacas são conduzidas ao centro, protegidas dos animais selvagens.

Os jovens Massai são iniciados na maioridade através de várias cerimônias de iniciação. A principal é a circuncisão, onde milhares de meninos, pertencentes a uma determinada faixa etária, são circuncidados na mesma época. Existe um mito propagado pela indústria do turismo de que cada jovem deve matar um leão antes de ser circuncidado. Isto não é verdade. Entretanto, matar um leão proporciona grande valor e fama na comunidade.

Os casamentos são planeados, marcados por um homem que desenha um X vermelho na barriga de uma mulher grávida solteira. Se ela recusar a fazê-lo, ficará sem a sua casa. As mulheres só se podem casar uma única vez na vida, enquanto que os homens podem ter mais do que uma esposa (se tiverem vacas suficientes para o dote, eles podem ter mais de uma ao mesmo tempo).

Religião editar

O ser supremo e criador dos massai se chama Enkai (também chamado Engai) guardião da chuva, da fertilidade, do sol e do amor, aquele que deu o gado ao povo Massai. De acordo com algumas fontes, Neiterkob "aquele que fundou a Terra" pode ter referência com Enkai. Neiterkob é uma deidade menor, conhecido como o mediador entre seu deus e o homem. Olapa é a deusa da Lua, casada com Enkai, em que habita o Ol Doinyo Lengai.

Modificações corporais editar

Em tempos passados, ambos os sexos tinham um ou dois dentes incisivos centrais superiores extraídos durante a infância. Isto servia para facilitar a alimentação dos bebês ou crianças pequenas caso adoecessem com tétano, cujo primeiro sintoma apresentado é o trismo (travamento das mandíbulas). A circuncisão é realizada nos meninos (que são proibidos de fazer qualquer ruído durante a cerimônia) e a clitoridectomia (remoção do clitóris) nas mulheres durante a puberdade. As mulheres mais velhas operam as garotas. O governo queniano e ONGs estão tentando acabar com a clitoridectomia. Os homens e as mulheres têm suas orelhas furadas e alargadas com o uso de discos, e assim os massai são facilmente reconhecidos caso estejam trajando roupas diferentes das suas roupas tribais, por exemplo, trabalhando em um hotel, porque suas orelhas são bastante peculiares.

Boma editar

Os massais vivem em pequenas cabanas feitas de esterco de vaca e estacas de acácia chamadas manyata. Um grupo de cabanas é construído dentro de uma área fechada por cercas espinhosas, formando uma aldeia que é chamada de "Enkang", evitando o ataque de leões, hienas, leopardos e outros animais selvagens e o gado fiquem fora de controle. OS massais permanecem nesta terra enquanto seu gado pasta; quando as pastagens secam, eles se mudam. Entretanto uma grande população dos Massai se estabeleceu nos distritos de Narok, Trans Mara e Kajiado, no Quênia. As mulheres constroem suas casas enquanto que os homens cuidam da segurança do assentamento (boma) e do gado.[5][6][7][8]

As habitações são feitas de palhas, gravetos e cobertas com esterco de vaca e de elefante. Sua forma pode ser caracterizada como sendo um tronco de pirâmide de base retangular em que as arestas foram convenientemente arredondadas. Essas casas são providas de uma só porta, com o formato arredondado, numa das fachadas mais longas e que sempre é aberta na direção do sol nascente. Praticamente não existe janela, tornando a casa sem iluminação e ventilação.[5][6][7][8]

Nessas casas moram aproximadamente 6 pessoas, sendo a mãe e os filhos porque é a tarefa da mulher é de cuidar dos filhos que o homem lhe deu. São divididas com 2 quartos, em um deles mora a mãe com os filhos menores de até 3 anos de idade, no outros os filhos com até 7 anos. Após isso eles são destinados a uma cabana diferente que é destinada exclusivamente para os jovens. Onde os homens são treinados para serem guerreiros e as mulheres destinadas às atividades domésticas e auxiliam as mulheres maiores a ordenhar as vacas, tendo assim um treinamento para se tornar mulher em uma tribo massai. E os homens revezando entre as casas visitando mais de uma mulher, o que é comumente normal desta cultura.[5][6][7][8]

Literatura editar

Sobre os massai, particularmente sobre a forma como parte desta comunidade está a ser afectada pelas alterações climáticas na região, está disponível o livro 'Horizontes em Branco', do escritor José Maria Abecasis Soares publicado em Novembro de 2010 pela Editorial Presença.

Há também o filme da diretora alemã Hermine Huntgeburth, A massai branca (Die weisse Massai), baseado em uma história real.

Referências

  1. «2019 Kenya Population and Housing Census Volume IV: Distribution of Population by Socio-Economic Characteristics». Kenya National Bureau of Statistics. Consultado em 24 de março de 2020. Cópia arquivada em 5 de junho de 2020 
  2. Silva, Alberto da Costa e (2002). A Manilha e o Libambo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira Participações S.A. 
  3. «Census 2009 Summary of Results Archives». Kenya National Bureau of Statistics (em inglês). Consultado em 28 de dezembro de 2018 
  4. S.A, Priberam Informática. «massai». Dicionário Priberam. Consultado em 7 de junho de 2023 
  5. a b c África (20 de março de 2018). «Cinco curiosidades de la tribu Masai en Kenia y Tanzania». Safaris en África | Safaris de Lujo | Ratpanat (em espanhol). Consultado em 19 de setembro de 2021 
  6. a b c International, Survival. «Masais». www.survival.es (em espanhol). Consultado em 19 de setembro de 2021 
  7. a b c «Já pensou em se alimentar de carne, leite e sangue? – Tribo Masai». Guia Mundo Afora. 10 de junho de 2019. Consultado em 19 de setembro de 2021 
  8. a b c Weimer, Günter (2014). «Inter-relações afro-brasileiras na arquitetura». ISBN 978-8539703531. OCLC 908762592. Consultado em 19 de setembro de 2021 
 
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