Mercedes Cavalcanti

Maria Mercedes Ribeiro Pessoa Cavalcanti, também conhecida como Pepita, (João Pessoa, 17 de julho de 1954), é escritora, romancista e artista plástica brasileira, imortal da Academia Paraibana de Letras[1].

Mercedes Cavalcanti
Mercedes Cavalcanti
Pepita
Nome completo Maria Mercedes Ribeiro Pessoa Cavalcanti
Nascimento 17 de julho de 1954 (69 anos)
João Pessoa
Nacionalidade  Brasil Espanha
Gênero literário Romancista
Magnum opus "Nua"

Biografia editar

Maria Mercedes Ribeiro Pessoa Cavalcanti, que assina Mercedes Cavalcanti em seus livros de romance, conto e poesia, coloca a rubrica de Pepita em suas pinturas e desenhos.[2]. Sobre seus nomes, avalia: “olhando para trás ou para frente me vejo cindida: Mercedes escritora, Pepita pintora... Sempre que escrevo ou pinto, imagino um destinatário que comporá as bases da tríade: autor/obra/receptor - os três vértices essenciais para a perenidade da criação. Ao dar à luz uma obra artística, tenho a esperança de que alguém se debruçará sobre ela, preenchendo-lhe os vazios. Como quem rega uma planta, ou amamenta uma vida recém-nascida... A recém-nascida que fui um dia...”.[3]

A escritora é filha do brasileiro pessoense Antônio Ribeiro Pessoa, bacharel em direito, primeiro prefeito da cidade de Cabedelo, e da espanhola, da Galícia, Mercedes Troncoso Novelle. Ao casar-se com o economista e professor da UFPB Guilherme de Albuquerque Cavalcanti, tiveram três filhos: Rafael, Eduardo e Henrique.[4]

Mercedes Cavalcanti possui dupla nacionalidade: brasileira e espanhola.[5] Morou vários anos no Rio de Janeiro e em Grenoble (França) e tem um vínculo profundo com Viña del Mar (Chile). Foi a cidade de João Pessoa (Paraíba) que a viu nascer, no dia 17 de julho de 1954, e onde viveu a maior parte de sua vida, residindo, atualmente, na praia do Cabo Branco.[6]

Na infância, enquanto sua mãe viajava com o marido enfermo em busca de tratamentos fora do Estado, Mercedes viajava entre desenhos, versos e histórias curtas. Sua vertente literária se adensou, ainda adolescente: “Aos catorze anos, amanheci sem pai. Então, comecei a escrever como quem constrói um portal para a fuga de mim mesma. Refugiei-me num vertiginoso universo onírico, misturando meus personagens com os de Sonho de Uma Noite de Verão, de Shakespeare e La Vida es Sueño, de Calderón de la Barca”.[7]

Formada em Letras (Língua Portuguesa e Inglesa) na UFPB (1978), a autora é também bacharel em Direito no UNIPÊ (1998), ambas graduações realizadas em João Pessoa. Depois fez Pós-Graduação em Literatura Brasileira na PUC-RJ (1982), onde igualmente estudou teatro no curso de Extensão da PUC_RJ. Obteve o DEA francês - Diplôme d'Études Approfondies, na Université de Grenoble III, em Grenoble (1985). Paralelamente, seguiu o Cours de Nus Vivants na Ecole des Beaux Arts de Grenoble.[7] Por último, defendeu a Tese de Doutorado “Ficcionalización del mito del eterno retorno: Los recuerdos del porvenir de Elena Garro”, na Facultad de Filosofía y Letras da UAM - Universidade Autónoma de Madrid (2017), recebendo a avaliação Cum Laude.[8]

Após um período a veicular narrativas breves, crônicas e ensaios em periódicos de sua cidade, a exemplo do “Correio das Artes” (suplemento literário do jornal A União), jornal O Norte (extinto), e Revista Usina; e participar da obra Presença do Conto Paraibano em 1981; publicou, em 1994, o seu primeiro livro individual de contos, intitulado O Ouro dos Dragões, com capa de sua autoria. [9] Costuma, aliás, criar as suas capas e também a de outros escritores, a par de desenhos internos e iluminuras. Enquanto editava suas obras de romances, contos e poesia, realizava, paralelamente, exposições de seus óleos sobre tela em João Pessoa, Recife, Rio de Janeiro e Grenoble.

Concomitantemente à sua atividade literária e artística, Mercedes Cavalcanti transita pela docência. Já ministrou aulas de Inglês, Português, Literatura e Arte na universidade Unipê, na Funac, na rede estadual, no colégio João XXIII e em escolas de idiomas. Hoje é professora do Departamento de Línguas Estrangeiras, do curso de Letras da UFPB, onde leciona disciplinas de Literatura, entre outras.[4][7]

“Crio desenhos e pinturas com um imaginário brincante, um jogo de formas, tintas e cores. Daí me sinto Pepita – que é como sou chamada em família. Já na literatura, percebo um viés mais denso, em virtude do meu detalhismo na questão da linguagem e estrutura do texto. Escrever é um ritual sagrado que me suga e me sangra. Por isso, assino os meus textos com o meu nome formal, Mercedes.”
[5]

Quando foi eleita para a cadeira nº 8 da Academia Paraibana de Letras, que havia sido ocupada por seu amigo, o escritor Ascendino Leite, Mercedes Cavalcanti escolheu a data da sua posse para 13 de maio (2011). Prestava, assim, uma homenagem às mulheres, por ser um mês tradicionalmente associado a elas e também por ser o dia de Nossa Senhora de Fátima. Nesse viés, metaforizou:

“vejo-me cercada de espelhos e observo minha imagem a se multiplicar infinitamente. E, por trás de cada humilde Eu, encontro o reflexo de outras mulheres e outras lutas nas quais me espelho.”[9]

Livros Publicados editar

  • O Ouro dos Dragões. Contos. João Pessoa, Editora Ideia, 1994.
  • O Vinho de Caná. Romance. Ideia, 2000.
  • A Volúpia dos Anjos. Romance. Ideia, 2005.[10]
  • El Manuscrito de Hannah. Romance. Ideia, 2007.
  • O Chamado dos Deuses. Romance. João Pessoa: Editora Universitária UFPB, 2007.
  • A Volúpia dos Anjos. Romance. 2ª. Edição. São Paulo: Editora A Girafa, 2007.
  • Corazón Paraibano. Biografia. Ideia, 2008.
  • Cores da Paixão. Poemas. Ideia, 2011.
  • Nua. Contos, Ideia, 2013.
  • Feitiço da Palavra. Contos. Ideia, 2015.[5]

Dissertação de tese editar

Entidades literárias editar

Pertence às seguintes entidades literárias:[11]

Referências

  1. «Academia Paraibana de Letras». Consultado em 23 de julho de 2019 
  2. «2º Arte Atual Paraibana", in ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras (2019). «Verbete "Pepita"». São Paulo, Itaú Cultural». Consultado em 23 de julho de 2019 
  3. LIMEIRA, Yolanda e MEDEIROS, Neide. Memórias Rendilhadas: Vozes femininas. João Pessoa: Ed. Universitária, 2006. - Verbete "Mercedes Cavalcanti"
  4. a b «Cultura Popular». Consultado em 3 de julho de 2019 
  5. a b c «Paraíba Criativa: Mercedes Pepita Cavalcanti». Consultado em 11 de abril de 2022 
  6. NOVAES, Nelly. Dicionário Crítico de Escritoras Brasileiras. São Paulo: Escrituras, 2002. - Verbete "Mercedes Cavalcanti"
  7. a b c SOUSA, José. Dicionário de Escritoras Paraibanas. João Pessoa: Ideia, 2017. - Verbete "Mercedes Cavalcanti"
  8. «CAVALCANTI, Maria Mercedes Ribeiro Pessoa. Ficcionalización del mito del eterno retorno: "Los recuerdos del porvenir" de Elena Garro. Biblos – E Archivo, UAM Biblioteca». Consultado em 21 de julho de 2019 
  9. CAVALCANTI, Maria Mercedes Ribeiro Pessoa. Discurso de Posse na Academia Paraibana de Letras da Acadêmica. in: REVISTA DA ACADEMIA PARAIBANA DE LETRAS, 2011.
  10. «Cultura Popular - Mercedes Cavalcanti». Consultado em 11 de abril de 2022 
  11. a b «Ação Cultural - Galeria de Literatura - Mercedes Cavalcanti». Consultado em 11 de abril de 2022