O Metamodernismo refere-se a um conjunto de desenvolvimentos nos campos da filosofia, estética e da cultura que emergem e reagem ao pós-modernismo.

O termo metamodernista apareceu já em 1975, quando Mas'ud Zavarzadeh isoladamente o usou para descrever um conjunto de estéticas ou atitudes que vinham surgindo nas narrativas literárias americanas desde meados da década de 1950.[1] No Brasil, foi formulada por Jayro Luna e por Philadelpho Menezes em 1986.[2]

O conceito vem se difundido em poetas contemporâneos, por exemplo em Almandrade, J.J.Gallahade, Uílcon Pereira, Paulo Antônio Barreto Jr, Sergio Guillermo, Moyo Okediji. Segundo Robertson Kircher "O Metamodernismo oferece uma possibilidade de transformação de escolas literárias em estratégias, arejando e renovando o campo semântido da poesia".

O Conceito editar

O Metamodernismo[3] parte da proposta de que o poeta tem que estar em atitude de avaliação do contexto em que pretende compor ou apresentar sua criação. Neste contexto observa as possibilidades de comunicação, o meio, os conflitos e a previsibilidade de recepção. Assim, compõe uma estratégia que parte da composição, escolhendo formas, características, bases teóricas que podem ser recuperadas de escolas literárias anteriores ou de tendências contemporâneas. Assim, o poeta não será um poeta preso a um conjunto limitado de recursos formais e característicos de escolas, mas todas as escolas existentes e tendências literárias podem lhe servir de material teórico e composicional. O que assegura essa amplitude é a estratégia escolhida com vistas às justificativas e objetivos poéticos traçados. Partindo de concepções teóricas nascidas na Poesia-práxis de Mário Chamie e da Poesia Concreta, o Metamodernismo articula uma concepção teórica fundada nas possibilidades não apenas de jogo da palavra poética no espaço visual e semântico do poema, mas na constituição do poema como realização de uma estratégia composicional e informacional que se articula a partir de um projeto poético em relação ao seu contexto cultural, histórico e artístico.

Referências editar

  • MENEZES, Philadelpho. A Crise do Passado: Modernidade, Vanguarda, Metamodernidade. São Paulo, Experimento, 1994.
  • GALLAHADE, J.J. "O Metamodernismo: para além do Baggism". Publicação do autor, 1983.
  • GALLAHADE, J.J. & LUNA, Jayro. Frankenstein Metamoderno, disco de vinil Rock'n'Roll, The Lee Bats, independente, 1980. Poema republicado na Revista Magma, n.° 6, FFLCH/USP, São Paulo, 2006.
  • LUNA, Jayro. "Da Metalinguagem ao Metamoderno". Originalmente publicado no libreto As Aventuras de Batman no Castelo de Axel. Edição do Autor, São Paulo, 1989. Inserido na coletânea de obras poéticas do autor, Seleta de Oito Livros Inéditos, premiada no Concurso Cadê o seu Talento? do Projeto Nascente, USP/Editora Abril, Categoria Poesia, 1992. Republicado no livro Participação e Forma(São Paulo, Epsilon Volantis, 2001. pg. 39-40).
  • LUNA, Jayro. "As Bibliotecas Metamodernas". Originalmente publicado no libreto A Peleja de Flash Gordon & Os Acadêmicos do Planeta Mongo. São Paulo, edição do autor, 1990. Inserido na coletânea de obras poéticas do autor, Seleta de Oito Livros Inéditos, premiada no Concurso Cadê o seu Talento? - Projeto Nascente, USP/Editora Abril, Categoria Poesia, 1992.Republicado no livro Participação e Forma(São Paulo, Epsilon Volantis, 2001. pg. 41-42).
  • LUNA, Jayro. "Meta Metamoderno Nisso Aí". Originalmente publicado como prefácio do libreto Metamorphoses n’Ovídio. São Paulo, Edição do Autor, 1990. Inserido também na coletânea de poemas Livro de Palamedes, premiada no concurso Cadê o seu Talento? – Projeto Nascente, USP/Editora Abril, categoria Poesia, 1993. Concurso vencido pela segunda vez consecutiva. Republicado no livro Participação e Forma(São Paulo, Epsilon Volantis, 2001. pg. 43-45).
  • LUNA, Jayro. "O que é a Metamodernidade". Originalmente publicado no libreto Bat-girl e a Biblioteca de Gotham City. LUNA, Jayro. São Paulo, Edição do Autor, 1991. Republicado no livro Participação e Forma(São Paulo, Epsilon Volantis, 2001. pg. 46-49).
  • NOVAES, Ludmila B. Jayro Luna: poeta da marginalidade metamoderna e teórico anti-cânone do Neo-estruturalismo Semiótico em: GENES - Boletim de Estudos do Neo-estruturalismo Semiótico - n.° 5 - issn: 1980-5268. abril/maio,2009. Também disponível on-line em: http://www.artigonal.com/poesia-artigos/jayro-luna-poeta-da-marginalidade-metamoderna-e-teorico-anti-canone-do-neo-estruturalismo-semiotico-5958093.html
  • PEREIRA, Teresinka. "Poemas de J.J.Gallahade e a Metamodernidade". Folheto, edição do autor, Bluffton, Ohio, USA, 1989.

Ligações externas editar

Referências

  1. Zavarzadeh, Mas'ud (1975). «The Apocalyptic Fact and the Eclipse of Fiction in Recent American Prose Narratives». Journal of American Studies. 9 (1). pp. 69–83. ISSN 0021-8758. JSTOR 27553153 
  2. O termo é homônimo ao empregado em filosofia, com bases em Nietzsche e em Heidegger, mas não é o mesmo. Philadelpho Menezes colocou o termo em um de seus últimos livros, pouco antes de falecer tragicamente em acidente automobilístico. O livro A Crise do Passado: Modernidade, Vanguarda, Metamodernidade (São Paulo, Experimento, 1994) faz algumas referências ao conceito. Jayro Luna em Participação e Forma (São Paulo, Epsilon Volantis,2001) desenvolve mais abertamente o conceito.
  3. Vermeulen, Timotheus; van den Akker, Robin (janeiro de 2010). «Notes on metamodernism». Journal of Aesthetics & Culture (em inglês) (1). 5677 páginas. ISSN 2000-4214. doi:10.3402/jac.v2i0.5677. Consultado em 13 de junho de 2023