Miraculina

composto químico

Miraculina é uma molécula química de glicoproteína encontrada nas bagas da fruta-milagrosa, cujo nome científico é Sideroxylon dulcificum. Esta molécula é formada por 191 aminoácidos ligados a algumas cadeias de carboidratos, ocorrendo como um tetramero. Foi isolada pela primeira vez em 1968 pelo Prof. Kenzo Kurihara e sequenciada pela primeira vez em 1989.

A miraculina ganhou este nome por ser considerada milagrosa, já que engana a percepção do gosto azedo e amargo da língua, fazendo com que a comida azeda e amarga (como o limão, por exemplo), caso seja consumida após a ingestão da miraculina, passe a ter um gosto muito doce. O efeito dura entre trinta minutos a duas horas.[1]

Estrutura da Glicoproteína editar

SIGNAL (29) MKELTMLSLS FFFVSALLAA AANPLLSAA
1-50 DSAPNPVLDI DGEKLRTGTN YYIVPVLRDH GGGLTVSATT PNGTFVCPPR
51-100 VVQTRKEVDH DRPLAFFPEN PKEDVVRVST DLNINFSAFM PNPGPETISS
101-150 WCRWTSSTVW RLDKYDESTG QYFVTIGGVK FKIEEFCGSG FYKLVFCPTV
151-191 CGSCKVKCGD VGIYIDQKGR GRRLALSDKP FAFEFNKTVY F

Substituto do Açúcar? editar

O mecanismo de ação da miraculina tem sido alvo de estudos para ser usada como um substituto do açúcar para alimentos mais ácidos. O que se sabe é que ela liga-se às papilas degustativas da língua e altera a percepção do sabor amargo ou ácido para doce (ao comer um limão, por exemplo, ele passará a ter um sabor muito doce). Este efeito é resultado maioritariamente dos dois resíduos de histidina His29 e His59.[2] Não é exatamente que o ácido se transforme em doce ou que nossas papilas sejam enganadas, nem que o suco de limão deixe de ter o Ph ácido de sempre. É simplesmente porque a miraculina permanece em nossa mucosa durante algum tempo e funciona como adoçante instantâneo e involuntário para todo alimento ácido que chegue perto. Por isso, é preciso ter cuidado, já que, por não alterar a química dos alimentos em si, ela pode ser um perigo para o estômago e mucosas em caso da ingestão excessiva de ácidos.[3] Além disso, a miraculina é muito sensível a altas temperaturas, desnaturando acima dos 100ºC, tornando impossível o seu uso com alimentos quentes ou cozinhados.

De qualquer forma, alguns pesquisadores da Flórida, nos EUA, clonaram o gene que codifica a miraculina em frutas e vegetais transgênicos com objetivo de obter frutas com baixo nível de açúcar e vegetais que sejam mais agradáveis ao paladar. Outra linha de pesquisa, procura desenvolver adoçantes baseados na fruta, tendo como alvo o público diabético.[4]

Cientistas japoneses dedicam-se a tentar sintetizar a miraculina em laboratório, por meio de modificações genéticas em tomates.

Por enquanto, a maneira mais simples e barata de conseguir uma dose de miraculina é comprar os tabletes que contêm a polpa desidratada da fruta-milagrosa.

Referências

  1. bbc.com/ Apresentador testa ‘fruta milagrosa’ que deixa tudo doce e se surpreende com resultado
  2. fciencias.com/ Miraculina – Molécula da Semana
  3. paladar.estadao.com.br/ Contra azedina, dá-lhe miraculina
  4. diariodebiologia.com/ Miraculina: substância transforma azedo e amargo em doce! [vídeo]