Byrsonima crispa, também conhecido como murici ou muruci-da-mata, é uma angiosperma do gênero Byrsonima. É uma árvore, cujo substrato em que é encontrada é terrícola.[1]

Descrição editar

Anatomicamente, o murici-da-mata pode ser descrito contendo folhas abaxiais, serícea(s)/glabrescente(s); inflorescência com cincino(s) de única flor (unifloro). A flor, por sua vezcontém pedicelo(s) pedunculado(s)/séssil(eis); pétala(s) de cor amarela; antera(s) seríceo(s), com aspecto de seda e frutocom aspecto piloso, com revestimento epidérmico constituído de pelos finos[2].

Distribuição geográfica editar

Ocorrências confirmadas editar

A espécie é nativa do Brasil e possui ocorrências confirmadas em quatro das cinco regiões brasileiras, sendo correspondentes às regiões e estados[3]:

  • Norte (Acre, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima)
  • Nordeste (Alagoas, Bahia, Maranhão, Pernambuco)
  • Centro-Oeste (Mato Grosso)
  • Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro)

Possíveis ocorrências editar

As possíveis ocorrências, ou seja, locais onde é necessária uma maior avalicação fisiológica, estão concentradas no estado do Ceará, na região nordeste do Brasil.[3]

Domínios fitogeográficos editar

A espécie foi encontrada nos biomas da Amazônia e da Mata Atlântica[4]. O gênero Byrsonima Rich., a qual a espécie faz parte, apresenta, aproximadamente, cento e cinco espécies, sendo que cerca de quarenta e três podem ser encontradas na Amazônia.[5]

Tipo de vegetação editar

Em relação mais específica, sua distribuição está relacionada à existência de Florestas de Terra Firme, Florestas de Várzea e Florestas Ombrófila (também conhecidas como Florestas Pluviais).[4]

Interação com animais editar

A espécie vegetal, por ser frutífera, possui grande importância de frugivoria e de dispersão de suas sementes. As principais famílias, sendo mais representadas por pássaros, e as respectivas espécies que possuem tal relação com o vegetal, são as seguintes[6]:

  • Penelope pileata (jacupiranga);
  • Pyrrhura lepida (tiriba-pérola);
  • Pyrrhura amazonum (tiriba-de-Hellmayr);
  • Trogon viridis (surucuá-grande-de-barriga-amarela);
  • Trogon ramonianus (surucuá-pequeno);
  • Selenidera gouldii (saripoca-de-Gould);
  • Ramphocelus carbo (pipira-vermelha):
  • Tangara punctata saíra-negaça
  • Tangara episcopus sanhaçu-da-Amazônia
  • Tangara palmarum sanhaçu-do-coqueiro
  • Tangara nigrocincta saíra-mascarada

Importância ecológica editar

Recuperação de áreas degradadas editar

A região de Carajás/Pará, por exemplo, hospeda uma das mais ricas avifaunas da Amazônia, sendo um local importante tanto pela presença da Muruci-da-mata, como pela concentração de animais dispersores.[7] Não apenas pelo fato de ser de fácil dispersão, a espécie merece atenção por auxiliar na recuperação de áreas degradadas, como na Floresta Nacional de Carajás, sendo de rápido crescimento e de estabilização de condições vitais no ambiente.[8]

Ações medicamentais editar

A espécie é considerada importante também no ramo das plantas medicinais e aromáticas. Possui ações anti-inflamatórias, antioxidantes e antinociceptivo (reduz a percepção e transmissão de estímulos que causam dor).[8]

Referências editar

  1. «Byrsonima crispa A.Juss.». floradobrasil2020.jbrj.gov.br. Consultado em 20 de abril de 2023.
  2. Mamede, M.C.H.,Francener, A. 2015. Byrsonima in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. (http://floradobrasil2015.jbrj.gov.br/FB8833)
  3. a b Francener, A. 2020. Byrsonima in Flora do Brasil 2020. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. (https://floradobrasil2020.jbrj.gov.br/FB8833).
  4. a b BFG. Growing knowledge: an overview of Seed Plant diversity in Brazil. Rodriguésia, v.66, n.4, p.1085-1113. 2015. (https://doi.org/10.1590/2175-7860201566411).
  5. DE ANDRADE, Teresinha AP. O polen em plantas da Amazonia o genero Byrsonima Rich.(Malpighiaceae). 1974.
  6. LEITE, Gabriel Augusto; BARREIROS, Marcelo Henrique Mello. Frugivoria em Byrsonima crispa A. Juss.(Malpighiaceae) em Área de Recuperação na Floresta Nacional de Carajás, Pará. Atualidades Ornitológicas, v. 178, p. 9-11, 2014.
  7. FRANCENER, Augusto et al. Byrsonima of Brazil.
  8. a b GUILHON‐SIMPLICIO, Fernanda et al. Chemical Composition and Antioxidant, Antinociceptive, and Anti‐inflammatory Activities of Four Amazonian Byrsonima Species. Phytotherapy Research, v. 31, n. 11, p. 1686-1693, 2017.