Natalie Curtis
Natalie Curtis Burlin foi uma etnomusicóloga americana. Curtis, junto com Alice Cunningham Fletcher e Frances Densmore, fazia parte de um pequeno grupo de mulheres etnológas da América do Norte no início do século XX. Ela é lembrada por suas transcrições e publicação de música tradicional de tribos nativas americanas, bem como por ter publicado uma coleção de quatro volumes de música afro-americana. Vindo a falecer em 1921, Curtis não foi capaz de encerrar completamente sua carreira e reunir seus trabalhos.[1]
Natalie Curtis | |
---|---|
Retrato de Natalie Curtis em fevereiro de 1921. | |
Nome completo | Natalie Curtis Burlin |
Nascimento | 26 de abril de 1875, Cidade de Nova Iorque |
Morte | 23 de outubro de 1921 (46 anos), Paris |
Nacionalidade | estadunidense |
Influência
editarDepois de uma viagem ao Arizona, Curtis ficou fascinada pela música nativa americana. Ela começou a se dedicar ao estudo da música nativa americana. Curtis estudou música no Conservatório Nacional de Música da América, em Nova Iorque. Ela também estudou na França e na Alemanha alguns músicos de destaque, como Ferruccio Busoni.
Theodore Roosevelt
editarTheodore Roosevelt era amigo da família de Curtis e uma de suas maiores influências. Essa amizade era bastante útil quando se tratava de preservar as culturas nativas americanas. A certa altura, Curtis até entrou na casa de Roosevelt para pedir direitos tribais à terra com o chefe Mojave-Apache. Roosevelt se dirigiu a Curtis como alguém "... que fez muito para dar à cultura indígena sua posição adequada". Ele também contribuiu com o avanço da criação da coleção de musicas folclóricas de Curtis, intitulada como "The Indians Book" (O livro indígena), no qual ele comentou sobre "a profundidade e a dignidade do pensamento indígena".[2][1]
Carreira
editarA partir de 1903, ela trabalhou na reserva Hopi no Arizona e produziu transcrições usando um gravador, lápis e papel. Na época, esse trabalho com música e língua nativa estava em conflito com as políticas do Gabinete de Assuntos Indígenas, que desencorajava os nativos em reservas de falar sua língua, cantar sua música e vestir-se com trajes nativos. Foi somente após a intervenção pessoal de seu amigo, o presidente Theodore Roosevelt, que ela pôde continuar seu trabalho sem impedimentos. O próprio Roosevelt visitou a reserva Hopi em 1913 para as cerimônias com flauta e cobra dos Hopis, cuja visita fora detalhada por Curtis em "Theodore Roosevelt in Hopi Land (Theodore Roosevelt na terra dos Hopis)", um artigo que Curtis escreveu para a revista Outlook em 1919.[3]
Músicas
editarEm 1905, Curtis publicou The Songs of Ancient America (As Músicas da América Anciã). Caracterizando sua própria tarefa como transcritora, ela escreveu: “Não mudei de forma alguma das melodias, nem procurei harmonizá-las no sentido usual, nem fazer delas composições musicais... Meu único desejo foi deixar as canções indígenas serem ouvidas enquanto os próprios índios as cantam..."[4]
Em 1907, Curtis publicou The Indians’ Book, uma coleção de canções e histórias de 18 tribos. O livro serviu de fonte para a obra de sua ex-professora Busoni's Indian Fantasy, uma obra para piano e orquestra, apresentada pela primeira vez em 1915 pela Orquestra da Filadélfia sob Leopold Stokowski.
Por volta de 1910, Curtis ampliou sua pesquisa para incluir transcrição e coleção de música afro-americana, trabalhando no Instituto Hampton em Hampton, Virgínia, uma faculdade fundada em 1868 para educar ex-escravos. O trabalho foi financiado pelo filantropo George Foster Peabody. Em 1911, ela e David Mannes fundaram a Colored Music Settlement School em Nova Iorque, e em 1912 ela ajudou a patrocinar o primeiro concerto com músicos negros no Carnegie Hall, um concerto que contou com a orquestra Clef Club, dirigida por James Reese Europe.
Em 1918 e 1919 Curtis (agora Curtis Burlin) publicou quatro volumes intitulados Negro Folk-Songs. Ela publicou as músicas em harmonia de quatro partes, uma tarefa que rendeu elogios do compositor Percy Grainger em 1918.[5] A renda dos volumes foi para o Instituto Hampton. Curtis também começou a estudar a música de tribos africanas e em 1920 publicou Songs and Tales from the Dark Continent. Em 1917 ela se casou com o artista Paul Burlin e eles se mudaram para a França, onde ela veio a falecer em um acidente de trânsito em 1921.
Seu trabalho publicado muitas vezes não aparecia em revistas acadêmicas de antropologia ou folclore. Por exemplo, o trabalho Curtis foi publicado no Southern Workman, The Craftsman e The Outlook, bem como em publicações musicais em geral, como Musical America. Revisões de seu trabalho apareceram em tais revistas, bem como em periódicos acadêmicos padrões da época.[6]
Referências
- ↑ a b «Natalie Curtis Burlin, ethnomusicology and folklore». www.nataliecurtis.org. Consultado em 18 de maio de 2017
- ↑ Curtis, Natalie (1907). The Indians' Book. New York: Harper and Brothers Publishers. p. xix
- ↑ Curtis, Natalie (5 de março de 1919). «Mr. Roosevelt and Indian Music: A personal reminiscence». The Outlook: 399–400
- ↑ Rahkonen, Carl (abril de 1998). «Special Bibliography: Natalie Curtis (1875-1921)». Ethnomusicology. 42 (3): 511–522
- ↑ Grainger, Percy. “Mrs. Burlin’s Study of Negro Folk-Music” in the New York Times Book Review, April 14, 1918.
- ↑ For example: Unsigned review of "Negro Folk Songs", book I in The Journal of Negro History, Vol.3, number 3, July 1918. pp. 330-331.
Ligações externas
editar- "Natalie Curtis Burlin"
- "Frank Mead: 'A New Type of Architecture in the Southwest,' Part II, 1907-1920" sobre a amizade ao longo da vida de Natalie e George Curtis com o arquiteto Frank Mead.
- Find-A-Grave memorial