O Livro de Mirdad é a mais conhecida obra do autor libanês Mikhail Naimy — um dos dirigentes da The Pen League, associação literária árabe-americana formada por escritores e poetas árabes, entre eles, Khalil Gibran, grande amigo de Naimy.

O Livro de Mirdad — um farol e um refúgio
Ficheiro:Mirdad.jpg
Capa da 7a edição em português, Pentagrama Publcações, 2014, Jarinu-SP
Autor(es) Mikhail Naimy
Lançamento 1948

O livro foi publicado pela primeira vez no Líbano, em 1948.

No Brasil, a obra é publicada pela Pentagrama Publicações — editora ligada ao Lectorium Rosicrucianum.[1]

Esboço editar

A história se passa nas ruínas de um antigo mosteiro — outrora muito famoso — no pico de uma montanha. Seguindo a tradição, nele habitam nove monges. Certo dia, após o falecimento de um dos nove, chega ao mosteiro um estranho, que solicita acolhimento. Trata-se de Mirdad, a quem o ingresso como monge é negado, mas que foi admitido como servo. Por sete anos, ele trabalha em total silêncio. Até que, no oitavo, começa a falar.

A trama do livro desenrola-se, então, em uma série de diálogos entre Mirdad, o prepotente monge superior do mosteiro e seus discípulos. A personagem narra diversas alegorias com referência a diversos temas como sofrimento humano, amor, fé, silêncio, entre outros[2].

Por meio das alegorias expressas no livro, Naimy apela à união de diferentes grupos de pessoas em amor universal, assim como critica o materialismo e os rituais religiosos vazios[3].

Os diálogos de Mirdad encerram ensinamentos que parecem querer mostrar como é possível transformar a consciência humana e dissolver a dualidade como entendimento e percepção do mundo e da vida para, assim, encontrar a Deus não nas coisas exteriores, mas no interior de cada ser. [4]

Diz-se[carece de fontes?] que O Livro de Mirdad baseia-se em uma variedade de filosofias, incluindo a de Leon Tolstói e do Islã Sufi.

Edições e recepção editar

O livro foi publicado pela primeira vez no Líbano, em 1948. Inicialmente foi escrito em inglês, já que Naimy pretendia publicá-lo em Londres, onde foi rejeitado por aparentar ser uma “religião com um novo dogma”[5]. O próprio autor tratou de traduzir a obra para o árabe tempos depois.

O místico indiano Osho menciona O Livro de Mirdad em sua obra A Song Without Words, em que menciona: “Eu não apenas gostei [do livro] — eu li milhares de livros e nenhum é comparável a este”[6][7]. Mikhail Naimy também recebeu boas críticas da Philosophy East and West, revista acadêmica norte-americana fundada em 1952, por seu “poder de persuasão e entusiasmo”[8].

Por muitos, O Livro de Mirdad é considerado uma obra-prima de sabedoria espiritual, figurando no mesmo patamar de O Profeta, de Khalil Gibran. Pelo caráter alegórico do enredo, a obra foi comparada a O Peregrino, de John Bunyan[9]. Também há comparações com O Livro de Khalid, obra de Ameen Rihani`s, a qual, acredita-se, influenciou o trabalho de Naimy[10].

Para Mikhail Naimy, O Livro de Mirdad é o “pináculo de seu pensamento e a essência de sua visão da vida”[11].


Referências

  1. Pentagrama Publicações, [1],1 de janeiro de 2014
  2. O Livro de Mirdad, pp. 4-7 , Pentagrama Publicações, 2005
  3. Aida Imangulieva (2010), Gibran, Rihani & Naimy: East-West Interactions in Early Twentieth-Century Arab Literature, ISBN 978-1-905937-27-1, Anqa Publishing, p. 153 
  4. O Livro de Mirdad, p. 113, capítulo 13 (Da Oração), Pentagrama Publicações, 2005
  5. Matar, Nabil I. (1980). «Adam and the Serpent: Notes on the Theology of Mikhail Naimy». Journal of Arabic Literature. 11: 56–61. JSTOR 4183028. doi:10.1163/157006480x00045 
  6. Osho, [2], OSHO International Foundation
  7. Osho (2006). A Song Without Words. [S.l.]: Diamond Pocket Books. pp. 130, 140, 143. ISBN 8171827357 
  8. Scaligero, Massimo (março 1960). «Review: The Book of Mirdad, A Lighthouse and a Haven by Mikhail Naimy». Philosophy East and West. 11 (1): 54–55. JSTOR 29754226 
  9. Al Maleh, Layla (2009). Arab Voices in Diaspora: Critical Perspectives on Anglophone Arab Literature. [S.l.]: Rodopi. pp. 3, 61, 430. ISBN 9042027185 
  10. Schumann, Christoph (2008). Liberal Thought in the Eastern Mediterranean. [S.l.]: Brill Publishers. p. 244. ISBN 9004165487 
  11. Allen, Roger (2010). Essays in Arabic Literary Biography III: 1850-1950. [S.l.]: Harrassowitz Verlag. pp. 252, 260–261. ISBN 3447061413