O Pacto de Gomes Pais e Ramiro Pais

Um documento em galego-português de c. 1175

O Pacto entre Gomes Pais e Ramiro Pais da Silva[1] (ou simplesmente O Pacto dos irmãos Pais.[2]) é o título dado a um documento, escrito maioritariamente em galego-português,[3][4] que regista um pacto de não-agressão e defesa mútua entre dois irmãos nobres[5]. Poderá ter sido escrito em Santa Maria de Arnoso,[5] conservado durante séculos nos fundos documentais da Mitra de Braga, e encontra-se atualmente na Torre do Tombo, em Lisboa.[4]

Datação e importância histórica editar

Apesar de não possuir qualquer data, é datável criticamente como anterior a 15 de abril de 1175,[4] o que o torna o mais antigo documento escrito em língua galaico-portuguesa (ou simplesmente em português) que chegou aos nossos dias.[4][5] A definição desse texto como romance, em vez de latim vulgar, baseia-se em critérios linguísticos.[6]

Texto editar

 
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O texto do documento é curto e ocasionalmente de difícil interpretação:[carece de fontes?]

Ego Gomenze Pelaiz facio a tibi irmano meo Ramiru Pelaiz isto plazo ut non intret meo maiordomo inilla villa super vostros homines deslo mormuiral. & de inde antre as casas d’Ousenda Grade & d’Elvira Grade. & inde pora pena longa & de ista parte perilla petra cavada de Sueiro Ramiriz dou vobis isto que sejades meo amico bono. & irmano bono & que adjuderis me contra toto homine fora el rei & suos filios. & si Pelagio Soariz. ou Menendo Pelaiz. ou Velasco Pelaiz. ou Petro Martiniz. Daquele que torto fezer a Don Ramiru. ou a Don Gomeze si quiser caber en dereito & se non ajudarmonos contra illos. Des illo mormoiral ata en frojom non laver {jure} mala Dos ergo illos que abet hodie fora se ganar herdade de gavaleiros ou de engeoida. & in vostra herdade habet tal foro quale dóóspital. & herdade for de penores & ibi morar suo dono dar calupnia & fosadeira & si se for dela abere tal foro quomodo vostros herdades. Se {homenem} entrar enaquela vila que torto tenia a Don Gomeze dar dereito dele si seu for de Don Ramiro {quen} de fora venia. & {quen} isto plazo exierit ad vos Ramiro Pelaiz se erar coregelo & se non {q} volverit peitar quinientos soldos. jsto pleito est taliado de isto maio que venit ad.IJs. anos.

Referências

  1. Souto Cabo, José António (2005). O Pacto de Gomes Pais e Ramiro Pais 1 ed. V. N. de Famalicão: Quasi. ISBN 978-989552128-9 
  2. (outubro de 2011). "Traços Sintáctico-Semânticos dos Verbos ser, estar, haver e ter no Leal Conselheiro de D. Duarte" (pdf) . 1. Universidade da Beira Interior.
  3. «Filologia Portuguesa» (PDF) 
  4. a b c d Queirós, Luís Miguel (maio de 2002). «Descoberto o mais antigo texto escrito em galego-português». Público 
  5. a b c «Texto português escrito em Arnoso». Jornal de Notícias. Julho de 2005 
  6. Souto Cabo, José António (2014). «Os primeiros escritos em galego-português: revisão e balanço». Revista Galega de Filoloxía