O Pirralho foi uma revista político-literária criada em São Paulo em 12 de agosto de 1911, pelo jornalista paulista Oswald de Andrade e pelo advogado mineiro Dolor de Brito Franco.[1][2] Suas publicações eram quinzenais, divulgadas sempre aos dias de sábado, ao preço de 200 réis.[3] Apresentava uma linguagem informal, rápida e ágil, pautada pelo humor e pela sátira.[4]

O Pirralho
Frequência Quinzenal
Fundador(a) Oswald de Andrade
Fundação 12 de agosto de 1911
Última edição 23 de fevereiro de 1918
País Brasil
Idioma português
paulistaliano
caipira
Orientação política Centro-esquerda

História editar

A redação de O Pirralho, sediada na rua 15 de Novembro, na Zona Central de São Paulo, funcionou numa sala de um sobrado com móveis doados por Inês Andrade, mãe de Oswald de Andrade.[5] Em sua redação, juntou-se uma súcia de poetas, escritores e jornalistas improvisados,[6] entre os quais, figuram os poetas Cornélio Pires e Guilherme de Almeida, o jornalista Juó Bananère, o desenhista Ferrignac,[7] o ilustrador Di Cavalcanti, o caricaturista de Lemmo Lemmi, dentre outros inúmeros colaboradores e convidados que contribuíram de diferentes formas.[8] Sua primeira publicação foi anunciada em grandes jornais da época, como os paulistas O Estado de S. Paulo, Fanfulla (em italiano), Diario Popular e o Gazeta; no Distrito Federal, foi anunciada pelo Jornal do Commercio.[3]

 
Cartazes anunciando O Pirralho em 1911

O primeiro número de O Pirralho havia registrado os nomes de Oswald de Andrade como diretor-proprietário, Oswald Júnior como secretário e de Renato Lopes como representante no Rio de Janeiro. Dolor de Brito Franco, apesar de compor a diretoria, não teve seu nome registrado. Em fevereiro de 1912, Oswald de Andrade partia para a Europa, com retorno previsto para setembro. Oswald decidira arrendar O Pirralho ao jornalista Benedito de Andrade, quem muito relutou em devolvê-lo ao dono, ameaçando-o com um chicote.[9]

Revistas editar

Dentro da revista, foram publicadas outras "revistas"; em 1911, Oswald de Andrade deu início às Cartas D'Abax'o Pigues, com prosas escritas em paulistaliano, linguagem dos imigrantes italianos, que misturava dialetos da Itália a fala característica de São Paulo; Juó Bananère deu início ao O Birralha, Xornal Alemong, revista baseada em um português com uma escrita que tentava aproximar-se do alemão; em 1913, Bananère, que havia tornado-se redator das Cartas D'Abax'o Pigues, sucedeu a mesma e deu início ao O Rigalegio, Organo Indipendento do Abax'o Pigues i do Bó Retiro, com o subtítulo "Dromedario Ilustrato: anarchia, sucialismo, literatura, vervia, futurismo, cavaço," durando até o final de 1914, quando retornariam as publicações das Cartas D'Abax'o Pigues;[10] por Cornélio Pires, foram escritas as Cartas de um caipira, uma série de diálogos que utilizavam de uma linguagem tradicionalmente paulista, conhecida como caipira, servindo como uma das bases para o estudo linguístico O Dialecto Caipira, publicado pelo seu primo Amadeu Amaral, em 1920.[11] Em O Pirralho, também haviam as revistas A Fita Moderna, Propriedade de um sindicato de bicheiros, Memento homo quia pulvis est e A correspondência de Tiririca.[12]

Última edição editar

O Pirralho teve um total de 248 números, cessando suas publicações em 23 de fevereiro de 1918.[13][14]

Referências

  1. «O PIRRALHO» 
  2. «FRANCO, Dolor de Brito» (PDF) 
  3. a b «O PIRRALHO» (PDF): 5 
  4. CARRETO, Renata de Oliveira (2011). O Pirralho: barulho e irreverência na Belle Époque paulistana (PDF). [S.l.: s.n.] p. 11 
  5. CARRETO, Renata de Oliveira (2011). O Pirralho: barulho e irreverência na Belle Époque paulistana (PDF). [S.l.: s.n.] p. 27 
  6. ANDRADE, Oswald (2002). Um homem sem profissão: sob ordens de mamãe. [S.l.: s.n.] p. 97 
  7. «Ferrignac - Guia das Artes». www.guiadasartes.com.br. Consultado em 14 de janeiro de 2024 
  8. CARRETO, Renata de Oliveira (2011). O Pirralho: barulho e irreverência na Belle Époque paulistana (PDF). [S.l.: s.n.] p. 13 
  9. CRESPO, Regina Aida (1990). Crônicas e outros registros: flagrantes do pré-modernismo (1911-1918). [S.l.: s.n.] p. 61 
  10. «Oswald de Andrade e Alexandre Machado: dois pirralhos». 2021 
  11. FERREIRA, Elton Bruno (2018). Cornélio Pires e o dialeto caipira (PDF). [S.l.: s.n.] p. 2 
  12. CRESPO, Regina Aida (1990). Crônicas e outros registros: flagrantes do pré-modernismo (1911-1918). [S.l.: s.n.] pp. 53–54 
  13. ANDRADE, Gênese. Oswald de Andrade em torno de 1922: Descompassos entre teoria e expressão estética. [S.l.: s.n.] p. 115 
  14. «O Pirralho (SP) - 1911 a 1918»