Operação Frankton

Operação Frankton foi uma das operações especiais da marinha britânica durante a Segunda Guerra Mundial, considerada extremamente perigosa e arrojada, levando em conta sua ousadia e as consequências sofridas pelos executores da mesma.

Operação Frankton
Segunda Guerra Mundial

Monumento a Operação Frankton- Bordeaux
Data 7 -12 Dezembro de 1942
Local França - Porto de porto de Bordeaux
Desfecho Vitória alemã
Beligerantes
 Reino Unido  Alemanha
Comandantes
Reino Unido Major Herbert Hasler Alemanha Nazista Almirante Julius Bachmann
Forças
12 homens - 6 caiaques Desconhecido
Baixas
6 capturados e executados
2 abandonaram
1 afogado
1 desaparecido
2 sobreviventes
Desconhecido

Corria o terceiro ano da guerra e a França estava ocupada pelo alemães. O porto de Bordeaux, o terceiro maior na época, estava sendo usado para movimentar material essencial para o esforço de guerra alemão. Tornava-se, portanto, imperioso obstruir esta ação.

O Ministério da Economia de Guerra da Inglaterra, transferiu a responsabilidade para Lorde Louis Mountbatten, Comandante das Operações Combinadas. Um oficial do Real Corpo de Fuzileiros Navais que estava sob seu comando, Major Herbert "Blondie" Hasle, sugerira anteriormente o emprego de pequenos botes para destruir os navios em porto ocupados pelo inimigo. Era uma ideia extremamente arriscada, dado ao fato das chances de sobrevivência serem muito remotas. A operação seria realizada em território ocupado pelo inimigo.

Treinamento editar

A missão iniciou em meados de 1942, quando o então Capitão Hasler, nomeado chefe da expedição, reuniu 34 fuzileiros desejosos de um choque pessoal com o inimigo. Seguiu-se o biótipo da estatura média, magros, estabilidade mental, e acima de tudo demonstrar extrema coragem. Sem nenhuma informação de qual seria a missão, foram enviados à Base Naval de Portsmouth, para um árdua treinamento de seis meses. Neste período aprenderam conceitos de navegação noturna, orientação no mar e principalmente remar sem fazer o mínimo barulho. Na sequência aprenderam a lidar com armas e "minas magnéticas".[1] Após seis meses de treinamento, 12 fuzileiros foram selecionados para a missão.[2]

Missão editar

O objetivo principal desta operação era sabotar o porto francês Bordeaux. Participaria do ataque 12 homens inclusive o próprio Hasler. O plano desta operação era muito simples: a destruição de navios no porto de Bordeaux e o bloqueio do mesmo devido os destroços das embarcações afundadas, usando para isso seis equipes de remadores de caiaques que seriam desembarcadas a 10 milhas da embocadura do Rio Gironde, remariam 70 milhas rio acima até o porto, colocariam as suas minas magnéticas e depois iriam para a Espanha com o auxilio da Resistência Francesa.

No dia 1 de Dezembro os homens embarcaram no submarino Tuna, quando finalmente lhes foi dado os pormenores da missão, e as instruções de fugas. Às 22h00 do dia 7 de Dezembro o Tuna subiu a superfície a 10 milhas do estuário do Rio Gironde onde baixou a tripulação.

O Ataque editar

A força estava dividida em duas equipes com as seguintes formações:

Caiaques da Força A
  • Catfish (Major Hasler e Marine Sparks)
  • Crayfish (Corporal Laver & Marine Mills)
  • Conger (Corporal Sheard e Marine Moffatt)
Caiaques da Força B
  • Cuttlefish (Tenente MacKinnon e Marine Conway),
  • Coalfish (Sargento Wallace e Marine Ewart)
  • Cachalot (Marines Ellery e Fisher)
Material

Uma Metralhadora Sten equipada com silenciador, remos sobressalentes, bússola, rações, faca do tipo utilizado nos comandos, uma Pistola Colt, uma granada e um pequeno apito de contato que simulava o som de uma gaivota, além da 8 minas que cada caiaque levava.[3]

Caiaque

A canoa desenvolvida por Hasler era robusta, capaz de levar dois homens, 75 kg de carga e era desmontável. Primeiro veio o modelo Cockle Mark I e depois a Cockle Mark II, que seria usada na Operação Frankton. Esta canoa (caiaque) tinha cerca de 5m de cumprimento, 72 cm de largura e 28 cm de altura. Pesava aproximadamente 35 kg vazia.

O caiaque Cachalote, teve sua armação quebrada no momento em que estava sendo liberado pelo submarino, teve que abortar a missão, desta forma sobrariam somente 5 caiaques. Na aproximação para o estuário do Rio, o caiaque Conger foi danificado e teve que ser rebocado pelos outros caiaques. Próximos à costa, os tripulantes do "Conger" receberam ordens de nadar até a costa, pois estavam atrasando os demais caiaques. Sheard e Moffat nunca chegaram a praia presumindo-se mais tarde que haviam se afogado. Na verdade o corpo de Moffat foi achado mais tarde na praia de Bois en Réy, mas o corpo de Sheard nunca foi encontrado.

Quando os caiaques entraram no estuário do Rio Gironde, o Coalfish, teve problemas com o maré e naufragou, sua tripulação foi obrigada a abandoná-lo. A tripulação logo seria capturada pelos alemães, próximo ao Farol de Pointe de Grave. Em 12 de dezembro, logo após a meia noite, seria fuzilador por ordem do Almirante Bachman. Embora feitos prisioneiros, interrogados e provavelmente torturados não haviam revelado nenhuma informação.

O mesmo aconteceu com a tripulação do Cuttlefish, tiveram que abandoná-lo depois que foi danificado. Sua tripulação seria mais tarde pega em La Réole pelos soldados alemães e entregues a Gestapo.

Após remarem 23 milhas, o Major Hasler só dispunha de duas embarcações e suas respectivas tripulações para completar a missão. Junto como Catfish, estava o Crayfish. Neste ínterim os alemães foram alertados sobre algum ataque por parte de Comandos naquela região, e o patrulhamento ao longo do rio aumentou.

 
Tripulações dos Comandos.

Finalmente na quinta noite (de 11 para 12 de dezembro) após navegarem somente a noite, camuflando-se durante o dia, ambos os caiaques entraram na bacia sem dificuldade. Com o máximo cuidado para não serem descobertos, limitavam os movimento dos remos e remavam próximos aos navios para aproveitar sua sombra, pois o porto era densamente iluminado.

Hasler havia decidido que Catfish cobriria o lado oeste das docas e Crayfish o leste. Os detonadores das minas foram fixados para as 21h00.

O Catfish colocou 8 minas magnéticas em quatro barcos, inclusive no barco patrulha Sperrbrecher. Uma sentinela na coberta do Sperrbrecher teve a sua atenção chamada em direção ao Catfish, chegando até a iluminar o local com uma lanterna. Mas não deu o alerta, por acreditar que era um pedaço de madeira flutuando, pois a tripulação permaneceu imóvel em seu caiaque bem camuflado, como tinha sido treinada para fazer. O Crayfish também colocou 8 minas em duas embarcações, 5 em um navio cargueiro e 3 em um pequeno barco.

O método para fixação das minas consistia em utilizar uma barra de 2 metros de comprimento fazendo-a ficar abaixo da linha de flutuação e a seguir soltar suavemente até fosse imantada ao casco. A barra era puxada e a sequência refeita com outras minas. Como os navios eram divididos em compartimentos estanques, eram necessárias várias minas por navio, geralmente três, incluindo a casa de máquinas se fosse possível.

Os efeitos realmente foram consideráveis, um navio afundado, quatro outros severamente avariados, comprometendo a operação no porto por quatro meses.

Fuga editar

Após colocarem as minas magnéticas os homens saíram rapidamente da área, as duas canoas se encontraram na Ilha Caseau. Pouco depois afundaram seus caiaques e moveram-se a pé, para se juntar a Resistência Francesa na cidade de Ruffac. Havia a opção de usarem seus uniformes, se fossem capturados poderiam ser tratados como prisioneiros ou usar a roupa civil e serem tratados como sabotadores, para a qual a pena seria a morte.

Depois de algum tempo Sparks e Hasler optaram em usar roupas civis. Os alemães presumiram acertadamente que os britânicos viajariam para o sul em direção da Espanha. De fato, eles fizeram isto, um percurso de 100 milhas de Bordeaux, só que a jornada levaria dois meses.

Durante a fuga Laver e Mills, que se moviam separadamente de Sparks e Hasler, foram capturados pela polícia francesa e entregue aos alemães em Montlieu e depois levados para Paris, acredita-se que juntamente com os homens capturados em La Réole foram fuzilados em 23 de março de 1943.

Referências

  1. Estas minas eram providas de um magneto muito poderoso que podiam ser fixadas abaixo da linha de flutuação de um navio. Não continham mecanismo de retardo, cujo tique-taque poderia denunciá-las. Para tal havia sido desenvolvido um mecanismo com um parafuso borboleta, que furava uma cápsula de ácido e este ia corroendo um plástico a uma determinada velocidade até a explosão. Ponto Negativo: Após o acionamento não havia como interromper a ação.
  2. Heróis em Cascas de Nozes - História Secreta da Última Guerra - Seleções Reader´s Digest. pag 437
  3. Coleção 70º Aniversário da Segunda Guerra Mundial - Fascículo 21, Abril Coleções 2009 - Pag. 23

Bibliografia editar

  • Heróis em Cascas de Nozes - História Secreta da Última Guerra - Seleções Reader´s Digest
  • C.E. Lucas Phillips. Cockleshell Heroes. William Heinemann, 1956. Pan reprint 2000
  • Coleção 70º Aniversário da Segunda Guerra Mundial - Fascículo 16, Abril Coleções 2009
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