Uma peneira molecular é um material com poros (buracos muito pequenos) de tamanho uniforme. Os diâmetros destes poros são similares em tamanho a pequenas moléculas, e portanto grandes moléculas não podem entrar ou serem adsorvidas, enquanto pequenas moléculas podem. Na medida que uma mistura de moléculas migra através do leito estacionário de substância porosa e semissólida referida como uma peneira (ou matriz), os componentes de mais alto peso molecular (os quais são incapazes de passar pelos poros moleculares) deixam o leito primeiro, seguidos de moléculas sucessivamente menores. É este método seletivo das peneiras moleculares o responsável pelo termo “peneira” em sua denominação.[1][2]

Um recipiente selado, comumente preenchido com sílica-gel e outras peneiras moleculares usadas como dessecante em recipientes de medicamentos para manter o conteúdo seco.
Frascos de sílica mesoporosa.

Algumas peneiras moleculares são usadas em cromatografia, uma técnica de separação que classifica baseado em seu tamanho. Outras peneiras moleculares são usadas como dessecantes (alguns exemplos incluem carvão ativado e sílica-gel).[3] No caso da sílica-gel, as peneiras moleculares são zeólitas que, por sua vez, são compostos de alumínio e silício (aluminossilicatos) com alto grau de ordenação a nível microscópico. Existem zeólitas naturais e sintéticas; as sintéticas são as utilizadas, por exemplo, para a obtenção de álcool etílico anidro a partir de álcool hidratado. Geralmente nesta aplicação apresentam-se como partículas do tamanho de ervilhas. A característica principal das zeólitas sintéticas é ter poros microscópicos de diâmetro preciso e área superficial específica bastante grande.[4][5][6]

O diâmetro de uma peneira molecular é medido em nanômetros (nm) ou angstroms (Å = 0,1 nm). De acordo com a notação da IUPAC, materiais microporosos tem diâmetros de poros menores que 2 nm (20 Å) e materiais macroporosos tem diâmetros de poros maiores quie 50 nm (500 Å); a categoria dos materiais mesoporosos consequentemente situa-se entre estas medidas, com diâmetros de poros entre 2 e 50 nm (20–500 Å).[7]

As zeólitas usadas por exemplo no processo de desidratação do álcool etílico têm poros de diâmetro de geralmente 3 angstroms. Esse diâmetro de poro é muito pequeno para moléculas de álcool, que têm cerca de 4,4 angstroms de diâmetro, mas são suficientemente grandes para que moléculas de água, que têm cerca de 2,8 angstroms de diâmetro, entrem, percorram os poros e sejam adsorvidas na grande área interna da zeólita.[8][9]

Referências

  1. Rosemarie Szostak; Molecular sieves: principles of synthesis and identification; Van Nostrand Reinhold, 1989.
  2. Rosemarie Szostak; Handbook Of Molecular Sieves: Structures; Springer Science & Business Media, 1992.
  3. «Molecular Sieve Definition - Definition of Molecular Sieve - What Is a Molecular Sieve?». Chemistry.about.com. 18 de dezembro de 2013. Consultado em 26 de fevereiro de 2014. Arquivado do original em 21 de fevereiro de 2014 
  4. Jiri Cejka, Herman van Bekkum, A. Corma, F. Schueth; Introduction to Zeolite Molecular Sieves; Elsevier, 2007.
  5. Thanh Khoa Phung, Loriana Proietti Hernández, Alberto Lagazzo, Guido Busca; Dehydration of ethanol over zeolites, silica alumina and alumina: Lewis acidity, Brønsted acidity and confinement effects; Applied Catalysis A: General, Volume 493, 5 March 2015, Pages 77-89
  6. Junko N. Kondo, Keiichi Ito, Eisuke Yoda, Fumitaka Wakabayashi, and Kazunari Domen; [ An Ethoxy Intermediate in Ethanol Dehydration on Brønsted Acid Sites in Zeolite]; The Journal of Physical Chemistry B 2005 109 (21), 10969-10972 - DOI: 10.1021/jp050721q
  7. J. Rouquerol; et al. (1994). «Recommendations for the characterization of porous solids (Technical Report)» (free download pdf). Pure & Appl. Chem. 66 (8): 1739–1758. doi:10.1351/pac199466081739 
  8. Carmo, M.J., & Gubulin, J.C.. (1997). ETHANOL-WATER ADSORPTION ON COMMERCIAL 3A ZEOLITES: KINETIC AND THERMODYNAMIC DATA. Brazilian Journal of Chemical Engineering, 14(3), 00. https://dx.doi.org/10.1590/S0104-66321997000300004
  9. C. de las Pozas, R. Lopez-Cordero, J.A. Gonzalez-Morales, N. Travieso, R. Roque-Malherbe; Effect of pore diameter and acid strength in ethanol dehydration on molecular sieves; Journal of Molecular Catalysis, Volume 83, Issues 1–2, 14 July 1993, Pages 145-156