Políptico da Santa Cruz (Barcelona)

conjunto de 8 pinturas pintadas entre 1525 e 1530 pelo pintor português renascentista Pedro Nunes

O Políptico da Santa Cruz é um conjunto de oito pinturas pintadas entre 1525 e 1530 pelo pintor português renascentista Pedro Nunes que desenvolveu actividade em Barcelona, pinturas que se destinaram a decorar, e ainda ali permanecem, a Capela de S. Félix na Igreja dos Santos Justo e Pastor, em Barcelona.[1]

Políptico da Santa Cruz (Barcelona)
Políptico da Santa Cruz (Barcelona)
Autor Pedro Nunes
Data c. 1526-1529
Técnica Têmpera e óleo sobre madeira
Dimensões 493 cm × 280 cm 
Localização Museu Nacional de Arte da Catalunha, Barcelona

O Políptico da Santa Cruz, obra magnífica de Pedro Nunes,[1] e o Retábulo de que faz parte, é um caso excepcional porque é o único daquela época que está conservado integralmente, tanto a estrutura arquitectónica como as pinturas, e porque permanece na sua localização original.[2]:214

Descrição editar

O Políptico é composto por três fiadas verticais de pinturas tendo três painéis dos dois lados e uma fiada central com dois painéis de maiores dimensões.

O ciclo iconográfico representado consiste, de cima para baixo e começando do lado esquerdo, a Anunciação, a Natividade e a Epifania. No lado direito estão o Calvário o Santo Sepultamento e a Ressurreição. Ao centro, existem apenas dois painéis, de maiores dimensões do que os laterais representando, ao alto, a Crucificação e, em baixo, a Lamentação. Originalmente, o banco, ou predela, era constituída por um único painel que foi modificado quando se colocou o Santo Sepulcro que existe actualmente.[2]:253

Numa visita pastoral em 1549, é registada uma predela mais desenvolvida do que a existente actualmente, com as imagens de S. Tiago, S. Catarina, S. Félix, S. Zacarias e S. João Baptista, não existindo na actualidade as imagens de S. Tiago e S. João Baptista. Como era corrente noutros retábulos da época, nas portas estão representados S. Pedro, do lado do Evangelho, e S. Paulo, do lado da Epístola.[2]

História editar

O cavaleiro Joan Jaume de Requesens pretendia erigir um retábulo na Capela de S. Félix que ostentasse as suas armas e também o direito de ali ser sepultado, mas pelos direitos senhoriais que sobre ela tinha a Cidade, era necessário obter a autorização dos Conselheiros. Esta é-lhe concedida em 29 de novembro 1525, sob duas condições: que o retábulo tivesse pintada a imagem de S. Félix e o altar servisse perpetuamente para os jurados de testamentos sacramentais prestarem juramento.[1]

Em 10 de janeiro de 1526 Joan de Bruxelas assinou um contrato com Joan Jaume de Requesens para construir um retábulo dedicado à Santa Cruz, destinado à capela que ainda existe de São Felix da igreja paroquial de São Justo e Pastor de Barcelona. Infelizmente, perdeu-se o contrato e desconhecem-se os detalhes dos seus artigos.[2]

Em 7 de junho 1528, Pedro Nunes assinou com Joan Jaume de Requesens as condições referentes à pintura do retábulo. Embora estas condições também se desconheçam, num documento posterior, de 29 de agosto 1528, elaborado com o objetivo de introduzir algumas alterações ao acordado em junho, afirma-se "que os pilares e as chaves e tubos e os pináculos ou lanternas e toda a obra entalhada", incluindo as palas e os escudos de armas da família Requesens se haviam de pintar aplicando tinta de ouro. Além disso, Pedro Nunes também se comprometeu a fazer dourar os elementos estruturais e arquitectónicos a Gabriel Alemany.[2]

Porém, Pedro Nunes e Gabriel Alemany não chegam a acordo sobre o valor do trabalho de douramento da estrutura do retábulo e em consequência Pedro Nunes afasta-se deste acordo e ajusta apenas o preço do seu trabalho pessoal, dos materiais empregues e dos salários de seus colaboradores. Requesens acaba por pagar o trabalho de douramento directamente a Gabriel Alemany.[2]

O Políptico da Santa Cruz foi infelizmente restaurado pelo Sr. José Arbuniés com inadequadas camadas de verniz por ocasião de uma exposição realizada em 1941 no Palácio da Virreina em Barcelona.[2]:254

Referências editar

  1. a b c Nota sobre a obra na página web da Basílica dos Santos Mártires Justo e Pastor, [1]
  2. a b c d e f g Montserrat Jardí Anguera, Mestres entalladors a Barcelona durant la segona meitat del segle XV i primer quart del segle XVI: de la tradició germànica a la producció local, Tese de doutoramento, 2001, Faculdade de Geografia e História, Departamento de História da Arte, Universidade de Barcelona, [2]

Bibliografia editar

  • Madurell i Marimon, Josep Maria (1944). Pedro Nunyes y Enrique Fernández, pintores de retablos. [S.l.: s.n.] 
  • Verrié i Faget, Frederic-Pau (1941). La iglesia de los Santos Justo y Pastor. [S.l.: s.n.]