Recrutamento de Metz

O recrutamento é uma alteração na percepção da sensação de intensidade dos sons. Geralmente ocorre quando o indivíduo possui perda auditiva neurossensorial de origem é coclear, como nos casos de Perda Auditiva Induzida pelo Ruído [1]. Pacientes com recrutamento experienciam um aumento anormal da sensação de intensidade sonora, a principal queixa é que os sons altos incomodam muito. [2] [3] [4]

Avaliação editar

Recrutamento objetivo de Metz editar

É um teste cujo objetivo é a identificação de presença ou ausência de recrutamento. O recrutamento é um aumento anormal da intensidade sonora, e está associado a perdas auditivas cocleares. A pesquisa deste teste é feita por meio da comparação entre o nível de intensidade que foi obtido no teste de reflexos acústicos, e da intensidade do limiar auditivo antigo através da audiometria tonal. Durante o teste dos reflexos estapedianos contralaterais, espera-se que os reflexos sejam desencadeados com uma intensidade de 70 a 100 dB acima do limiar tonal (o mínimo que o indivíduo consegue ouvir). Se os reflexos forem desencadeados em 60 db ou menos acima do limiar, isso se classifica como recrutamento. A presença deste fenômeno é um indicador significativo de lesão coclear. [3]


Testes supraliminares editar

Os testes supraliminares são aqueles executados acima do limiar auditivo do paciente, ou seja, acima do volume mínimo que o indivíduo consegue ouvir.

Eles foram por muito tempo a principal forma de realizar um diagnóstico preciso, sendo capazes de determinar a diferença entre alterações cocleares e retroocleares, bem como determinar o topodiagnóstico (o diagnóstico do local anatômico da lesão) quando se trata de perdas neurossensoriais. [3]


Teste de Fowler editar

É um teste cujo objetivo é verificar a percepção e realizar o balanceamento binaural da sensação de intensidade sonora, de uma uma orelha com limiares auditivos normais e outra que apresenta perda auditiva de maneira alternada. É importante que entre as orelhas exista uma diferença mínima de 20 dB e máxima de 60 dB na frequência testada.

Para a escolha da frequência deve-se optar por:

  • Frequências menos comprometidas.
  • Frequências mais próximas de 1.000 Hz.
  • Frequências com melhor tolerância por parte do paciente.

O teste se dá através da apresentação de um tom puro de intensidade fixa na orelha com melhores limiares tonais, essa será a “orelha de referência”. E da apresentação de um tom puro de intensidade variável na orelha com piores limiares tonais, esta será a "orelha teste”.

O teste se inicia apresentando o estímulo em 20 dB NS por alguns segundos na orelha de referência. Depois, se apresenta o estímulo em 10 dB NS na orelha teste. A partir desse momento, se aumenta a intensidade da orelha teste de 5 em 5 dB NS até que o paciente afirma que ambas as orelhas estão percebendo a mesma sensação de intensidade. Após isso, se aumenta a intensidade da orelha de referência em mais 20 dB NS e se realiza o mesmo procedimento novamente; processo deve ser executado duas ou três vezes, para se obter mais precisão na avaliação.

Ao final do teste, deve-se comparar o resultado das duas orelhas.

Se o paciente fizer uso da mesma quantidade de energia para equiparar a sensação de intensidade entre as orelhas, o resultado é negativo, e não há recrutamento. Nesses casos, se exclui a possibilidade da perda auditiva de origem coclear.

Se ao analisar as duas orelhas, percebe-se que a orelha testa precisou de menos acréscimo de intensidade que a orelha normal para alcançar o mesmo nível de sensação auditiva, o resultado é positivo para recrutamento, e significa que a orelha testa é recrutante. [3]

Teste de Reger editar

Quando a perda neurossensorial do paciente é simétrica, ou seja, as duas orelhas são afetadas da mesma forma, não é possível se avaliar o recrutamento do o Teste de Fowler, então se usa o Teste de Reger.

O Teste de Reger, ou Balanceamento Monoaural da Sensação de Intensidade (MLB) usa os mesmos princípios do Fowler, a diferença é que a comparação da sensação de intensidade é realizada na mesma orelha, e o que difere os dois estímulos são as frequências. Portanto, é necessário ter uma diferença mínima de 20 dB NA e máxima de 60 dB NA entre as frequências.

Assim como no Teste de Fowler, o paciente deve sinalizar quando as suas frequências estiverem com a mesma sensação de intensidade. [3]

Teste de sensibilidade a pequenos incrementos editar

É um teste cujo objetivo é verificar se é capaz de identificar pequenas adições em um tom puro contínuo.

A aplicação do teste se dá através da apresentação de um som contínuo com 20 dB NS acima do limiar auditivo nas frequências de 250, 500, 1.000, 2.000, 3.000 e 4.000 Hz. A cada 5 segundos é adicionado 1 dB NS por 250 ms, e esse processo acontece 20 vezes. O indivíduo sendo testado deve sinalizar a cada mudança de intensidade percebida.

O resultado do teste dependerá do número de adições percebidos pelo indivíduo, multiplicando-os por 5, e transformando o valor em porcentagem.

  • Se o paciente percebeu de 0-20% das adições, o SISI é negativo, e a audição é normal ou a alteração lesão não é coclear.
  • Se o paciente percebeu de 20-60%, o SISI é duvidoso.
  • Se o paciente percebeu 60-100%, o SISI é positivo, e sugere o fenômeno de recrutamento e também lesão coclear. [3] [5] [6]

Referências

  1. DUARTE, A. S. M. et al.. High levels of sound pressure: acoustic reflex thresholds and auditory complaints of workers with noise exposure. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology, v. 81, n. 4, p. 374–383, jul. 2015. Acesso em: 07 jul. 2023.
  2. Boéchat EM, Menezes PL, Couto CM, Frizzo ACF, Scharlach RC, Anastasio ART. Tratado de Audiologia (2rd edição). Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2015.
  3. a b c d e f Schochat E, Samelli AG, Couto CMD et al. Tratado de audiologia. (3rd edição). Barueri.: Editora Manole; 2022.
  4. MARCHESAN, Irene Q.; JUSTINO, Hilton; TOMÉ, Marileda C. Tratado das Especialidades em Fonoaudiologia. São Paulo. Grupo GEN, 2014. E-book. ISBN 978-85-277-2656-6. Acesso em: 10 jul. 2023.
  5. Buosi MMB, Ferreira LP, Momensohn-Santos TM. Percepção auditiva de professores disfônicos. Audiol, Commun Res [Internet]. 2013Apr;18(2):101–8. Available from: https://www.scielo.br/j/acr/a/5bvmDMR79nHPtRDS3tsvbvG/
  6. Fonseca, Angélica Biazus Mendonça da. Avaliação das habilidades auditivas e da percepção de fala em idosos usuários de Aparelho de Amplificação Sonora Individual: esudo piloto. 2014. 69 f. Dissertação (Mestrado em Fonoaudiologia) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2014.